28 de novembro de 2021 – 1º Domingo do Advento (Início de novo Ano Litúrgico- Ano C)

O Advento prepara-nos para a vinda do Salvador: celebrando a vinda histórica, na nossa carne, há 2018 anos; da que há-de acontecer no fim dos tempos, quando o Filho dos Homem viver sobre as nuvens do Céu, para julgar os vivos e os mortos; e da vinda espiritual ou mística à nossa alma, pelo esforço de acertarmos a nossa vida pela vontade do Senhor.

O grande problema está em que já ouvimos falar tantas vezes de Advento, de preparação, que esta mensagem não consegue despertar-nos.

 

1. O Senhor virá!

O Advento é tempo de espera, não martirizado por dúvidas, de incertezas mas cheio de confiança no Senhor e de esperança de que tudo vai melhorar na nossa vida.

Deus é fiel às Suas promessas. «Eis o que diz o Senhor: “Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá:”»

A promessa a que se refere o profeta Jeremias é a libertação do Povo de Deus no cativeiro de Babilónia que arrastou por setenta anos, ao ponto de os fazer perder a esperança num regresso.

Na mente divina, a promessa aponta para mais longe: a libertação da escravidão do pecado, pela vinda do Messias para libertar Israel.

Cada momento da nossa vida na terra é uma preparação para esse encontro definitivo do fim da vida.

A vinda espiritual ou mística. Está situada entre as duas vindas antes referidas, e dá-se pelo nosso crescimento no amor de Deus.

O Senhor cumpre a Sua promessa de nos ajudar a crescer no Seu Amor, se quisermos corresponder à Sua graça.

Estamos, de verdade, à espera da salvação? De qual delas? Queremos, de verdade, que Ele venha salvar-nos, guiando a nossa vida?

Sem pensarmos um pouco, veremos que não vivemos com esta Esperança. Desejamos muitas coisas: saúde e uma boa qualidade de vida; dinheiro em abundância que afaste do nosso caminho todas as dificuldades; que reconheçam a nossa importância social e nos tratem com deferência; acesso aos prazeres dos sentidos: da mesa e do sexo.

Qual a salvação que nos é prometida? Não será nenhuma destas, com certeza. Tudo isto são meios — quando usados de acordo com a vontade de Deus — que nos ajudam a ir ao Seu encontro.

Advento para nós ou para os outros?  Dizemos: “Eu estou bem1 Não preciso de nada!” A verdade é que temos esperanças fragmentárias, mesquinhas, mas podemos não ter Esperança.

 

2. Acolhamos o Senhor

Atenção aos sinais. «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas

Os “sinais” espantosos de que nos fala Jesus no Evangelho não devem ser tomados à letra, vendo neles uma catástrofe do fim do mundo com que tudo acabaria. Trata-se de uma linguagem figurada, muito usada pelos profetas.

Nela mistura Jesus propositadamente dois acontecimentos: o fim do mundo e a ruína de Jerusalém que viria a acontecer no ano setenta e da qual nos fala em pormenor o historiador hebraico Flávio Josefo, em “A Guerra dos judeus.”

Cada uma das imagens utilizadas pelos profetas para falar do “dia do Senhor”, isto é, o dia em que Jahwéh vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão, inaugurando uma era de vida, de fecundidade e de paz sem fim (cf. Is 13,10; 34,4). O Senhor não deseja amedrontar-nos, mas a encher os nossos corações de verdadeira esperança, porque o mal não triunfará definitivamente sobre a verdade e a virtude.

Quando Jesus vier com na sua glória e com autoridade soberana, o mundo velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da salvação e libertação para sempre (cf. Is 13,10; 34,4).

O que verdadeiramente nos interessa é o encontro com o Senhor logo a seguir à morte. Quais os sinais que nos podem hoje indicar que o Senhor está próximo?

A finitude da vida presente. Estamos sempre a ser alertados pela morte de familiares, amigos e conhecidos. A nossa própria vida nos dá sinais de fragilidade. Qualquer pequena crise de saúde pode colocar um ponto final na nossa vida da terra.

Cada um destes acontecimentos encerra uma mensagem do Senhor: Prepara-te, porque a tua vez também vai chegar e não sabes quando.

A fome e sede insaciáveis. Nada nos satisfaz plenamente. Depois de todas as experiências da vida, de satisfazer todos os caprichos, continuamos a sentir fome e sede. Nada nos pode saciar, porque todos os gostos e prazeres trazem a marca de acabar depressa.

Estamos marcados por uma sede infinita de bem e de verdade.

O desejo da luz. Estar às escuras não é uma situação normal. Quando falta a luz ansiamos pela sua chegada.

Vivemos num ambiente de mentira, de injustiça e de imoralidade. Os que praticam o mal recebem o prémio das suas maldades; e os que se esforçam por serem fiéis ao Senhor são injustiçados, difamados e esquecidos. Deus via permitir que isto seja assim definitivamente?

A vinda do Senhor fará triunfar a verdade, a justiça e a o amor para sempre.

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