“O Espírito do Senhor encheu a terra inteira.
Ele, que abrange o universo, conhece toda a palavra.” (Sabedoria 1, 7)
Cinquenta dias após a Ressurreição, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, transformando-os: Eram pessoas tímidas. Passaram a ser homens corajosos. A festa de Pentecoste não é apenas uma recordação do passado. Assistida pelo Espírito Santo, a Igreja continua a sua aventura missionária, anunciando a Boa Nova a todos os povos. O Espírito Santo, sem destruir a diversidade, congrega na mesma comunhão de fé e de amor, povos separados pelas mais diversas línguas e culturas.
O Amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Não O podemos ver, mas Ele actua ocultamente no mundo e nos nossos corações. Jesus disse a Nicodemos: “O vento sopra onde quer. Ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.” (Jo 3,8). Todos podemos experimentar a sua presença e a sua acção em nós e nas pessoas que nos rodeiam, quando nos deixamos conduzir pelo Espírito. Sentimos a presença do Espírito Santo quando vemos os bons frutos que produzimos: “Os frutos do Espírito são a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência e a castidade. Se vivemos pelo Espírito, caminhemos segundo o Espírito.” (Gal 5,22-23). Reconhecemos a presença do Espírito Santo quando alguém trabalha e dá a vida pelo Evangelho; reconhecemos que somos movidos pelo Espírito quando construímos a paz, quando nos alegramos e transmitimos a alegria. Deixamo-nos conduzir pelo Espírito quando nos amamos uns aos outros. Todos conhecerão que somos discípulos de Jesus pelo sinal do Amor fraterno. A caridade é o distintivo dos filhos de Deus, porque “Deus é Amor”, ensina São João.[1] Por sua vez, o Apóstolo São Paulo diz que “O Amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.” (Romanos 5,5)
A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, não foi um acontecimento isolado. São Lucas nos Actos dos Apóstolos fala da acção do Espírito Santo, dirigindo a vida da Igreja nascente. O Espírito Santo inspirou a pregação dos Apóstolos, confirmou os discípulos na fé e manifestou a sua presença na conversão dos gentios ao cristianismo.
O Profeta Joel tinha anunciado: “Derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e filhas hão-de profetizar. Os vossos jovens terão visões.”[2] O Pentecostes é o início dos tempos messiânicos: com a efusão do Espírito Santo, característica dos “últimos tempos” (Act 2,16), Deus manifesta-se a todos os povos da terra, para transformar os nossos corações. A festa de hoje revela o mistério no qual a Igreja reconhece a sua origem e que ela revive continuamente na celebração do Sacramento do Crisma e dos outros Sacramentos.
Sabemos que nos dias seguintes à ressurreição do Senhor, os Apóstolos permaneceram reunidos no Cenáculo, confortados pela presença da Virgem Maria, Mãe de Jesus. Antes de subir ao Céu, Jesus tinha prometido que enviaria o Espírito Santo: “Não vos afasteis de Jerusalém até que se cumpra a promessa do Pai. Vós sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias.” (Actos 1,4) Depois da Ascensão, os Apóstolos estavam reunidos no mesmo lugar e perseveravam em orante expectativa, juntamente com Maria, Mãe de Jesus.[3] Hoje, a primeira Leitura, tirada dos Actos dos Apóstolos, recorda-nos como se cumpriu a promessa de Jesus: “Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo.”[4]
São João situa a descida do Espírito Santo na tarde do dia de Páscoa. Jesus ressuscitado veio ao encontro dos Apóstolos, ofereceu a paz e encheu-os com o dom do Espírito Santo. “Jesus soprou sobre eles e disse: A paz esteja convosco. Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20,19-23) Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado: “Não tenhais medo. Vede as minhas mãos e os meus pés.”[5] O mesmo Jesus que eles viram crucificado, agora tem um corpo glorioso, capaz de entrar em casa com as portas fechadas. Jesus mostrou os sinais da Sua Paixão. Era necessário desfazer as dúvidas, arrancar o medo, infundir a alegria da vitória sobre a morte: “Os Apóstolos ficaram cheios de alegria, quando viram o Senhor.”
Depois do Pentecostes, São Lucas apresenta-nos a Igreja como uma Comunidade bem unida pela fé e pelo amor, cheia de tranquilidade: “Perseveravam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão e na oração. (Actos. 2, 42) “A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Os Apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor e todos gozavam da simpatia de todo o povo.” (Actos 4,32-33)
«Viver segundo o Espírito Santo é viver de fé, de esperança, de caridade: é deixar que Deus tome posse de nós e mude pela raiz os nossos corações, para os moldar à sua medida. Uma vida cristã amadurecida e profunda não é coisa que se improvise, porque é fruto do crescimento da graça de Deus em nós.” (Cristo que passa, n. 134)
“Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador.”
Terminamos hoje o tempo Pascal. Celebrámos a bondade de Jesus, o Mediador entre Deus e os homens. Ele entregou a sua vida a morte para nos oferecer a vida com abundância. Ficámos cheios de consolação ao escutarmos a sua última promessa promessa: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.”[6] A festa de Pentecostes continua em nós a alegria dos que foram testemunhas oculares de Jesus Ressuscitado. Por nosso amor, Jesus sofreu, morreu, ressuscitou, subiu aos céus e, em união com o Pai Eterno, enviou-nos o Espírito Santo para nos santificar e nos dar a vida nova.[7] Animados e fortalecidos pelo Espírito Santo, somos enviados ao mundo como mensageiros da paz e da reconciliação. Somos testemunhas de Jesus ressuscitado. Sentimos continuamente a alegria da promessa de Jesus: “Eu pedirei ao Pai e Ele vos enviará o Consolador, que estará sempre convosco para sempre. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós.”[8]. O Espírito Santo é o nosso celeste Consolador. É o Benfeitor supremo. É a força que faz nascer a Igreja e sempre a renova ao longo dos tempos, com seus dons e carismas. «A Igreja encontra sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus Pai. Fundada pelas palavras e as acções de Cristo, foi realizada mediante a sua Morte redentora e a sua Ressurreição. Foi depois, manifestada como mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo no Pentecostes. Terá a sua realização plena no final dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos» (Catecismo da Igreja Católica, 778).
“Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito. O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo (1 Cor. 3,16) e dentro deles ora e dá testemunho da adopção de filhos. O Espírito Santo rejuvenesce continuamente a Igreja e leva-a à união perfeita com o seu Esposo. Assim, a Igreja aparece como «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (LG 4)
“Foi o Espírito Santo que no princípio da Igreja nascente revelou o conhecimento de Deus a todos os povos da terra e uniu a diversidade das línguas na profissão duma só fé. (Prefácio).