27 de julho de 2021 –terça-feira da 17ª Semana do Tempo Comum- Explicação da parábola do joio

IMPACIÊNCIA DERROTISTA

  1. “Explica-nos a parábola”. Dois terços das parábolas evangélicas sobre o Reino (41vem 63) são explicadas por Jesus aos seus discípulos. A do joio no trigo, que lemos no sábado passado, é uma delas, como vemos hoje. Tal como na do semeador, a explicação da parábola do joio há que atribuí-la ao evangelista, que por sua vez, reflete a leitura que da mesma fez a primitiva comunidade. O que não obsta minimamente à inspiração do texto sagrado.

Na interpretação da parábola do joio observamos duas partes. Primeira: explicação alegórica das sete palavras mais importantes do relato; o que constitui um pequeno léxico de termos alegóricos, o “quem-é-quem” na parábola. A explicação é colocada na boca de Jesus, já em casa, e a pedido dos seus discípulos: “Explica-nos a parábola do joio no campo. Ele respondeu-lhes: o que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os cidadãos do Reino; o joio são os partidários do maligno; o inimigo que o semeia é o diabo; a colheita é o fim do mundo, e os ceifeiros são os anjos”.

A segunda parte da interpretação opõe o destino divergente do joio e do trigo, isto é, dos pecadores e dos justos, no juízo final que se descreve com a clássica terminologia apocalíptica da Bíblia: fornalha ardente, pranto e ranger de dentes. Aqui também, como na parábola do semeador, produz-se um deslizamento de acento, pois a explicação não toca o ponto central da parábola nos lábios de Jesus, que é a paciência tolerante de Deus.

Em vez da inevitável coexistência do trigo e do joio, do bem e do mal, de justos e de pecadores, no mundo e dentro inclusivamente da Igreja – que é o principal acento teológico -kerigmático da parábola em si -, a interpretação da mesma sublinha a sorte desigual de bons e maus no fim dos tempos. Para os primeiros é o Reino do Pai, e para os segundos a fornalha ardente. De onde se conclui implicitamente uma exortação: não abusar da paciência de Deus, porque no fim chegará o seu julgamento.

  1. Impaciência desalentadora. Além da intolerância que expúnhamos no último sábado, outra tentação que ronda continuamente os discípulos de Cristo, e à qual cedemos frequentemente, é a impaciência. Esta gera pessimismo desalentador perante a dura realidade da nossa própria limitação e de um mundo secularizado que se mostra impermeável aos valores do espírito e à transcendência de Deus.

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