Celebramos hoje o domingo da Sagrada Família, modelo das nossas famílias que tão precisadas estão hoje de encontrar soluções para os seus problemas.
Ao ouvir-mos o evangelho de hoje, desenha-se diante dos nossos olhos um quadro: Um casal conduz ao Templo seu filho para o consagrar ao Senhor.
Este quadro é a perfeita imagem da família cristã: Os esposos, unidos pelo amor, caminham ao encontro do Senhor, guiando os filhos no mesmo caminho.
É uma bela imagem, mas infelizmente uma imagem ideal de que uma grande parte das nossas famílias está afastada.
Longe de caminharem unidos, os membros da família dispersam-se muitas vezes por caminhos diversos, alguns dos quais, em lugar de levarem a Deus, conduzem à perdição.
E no entanto, ensina-nos a voz da Igreja através da Exortação Apostólica sobre a Família Cristã: a família fundada e vivificada pelo amor, é uma comunidade de pessoas: os esposos, homem e mulher, os pais e os filhos e os parentes. Sem o amor, a família não pode viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas.
A família baseia-se no amor. É uma verdade fácil de aceitar.
Mas o amor é uma flor bela e estranha que cresce junta com o sofrimento. E isto já é mais difícil de aceitar. O amor verdadeiro é feito de abnegação, de renúncia, de esquecimento de si próprio.
Para que uma família seja verdadeiramente cristã, verdadeiramente imagem da família de Nazaré é preciso que cada um dos seus membros se revista destes sentimentos de compreensão e caridade para com os outros. Por isso nos diz São Paulo: revestiu-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade e paciência. Suportai-vos e perdoai-vos uns aos outros, como o Senhor vos perdoou.
Só deste espírito poderá nascer o verdadeiro Amor. Amor que surge primeiro entre os esposos e se alarga depois aos filhos e aos outros membros da família.
A crise da família de hoje é sobretudo uma crise de amor.
O amor despido destas virtudes de caridade, de perdão, de compreensão, de renúncia, de submissão e respeito, aparece-nos pobre e miserável, triste caricatura ridícula ou trágica.
Ser capaz de amar é ser capaz de ouvir o outro, de o compreender, de o ajudar, de renunciar àquilo que pode prejudicar ou ferir aqueles que amamos, tudo isto gratuitamente, sem esperar recompensa.