25 de setembro de 2022 – 26º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A comodidade e insolência dos ricos

No tempo do profeta Amós havia bem-estar, paz, prosperidade, mas também muitas injustiças. O profeta censura energicamente o comportamento dos chefes políticos e dos aristocratas que tinham os seus palácios na Samaria e se entregavam a uma vida fácil, passando o tempo em banquetes, divertimentos e festas. Os trabalhadores, porém, eram explorados.

Amós, pastor rude, sente-se revoltado pelos divertimentos e orgias daqueles que tinham acumulado dinheiro com a violência e a exploração dos mais pobres. Profere palavras terríveis contra os ricos e poderosos anunciando a ruína que estava prestes a atingir a sua nação, porque iria ser atacada e subjugada pelos assírios.

As denúncias de Amós são ainda hoje actuais. Na realidade, o egoísmo, o desejo do luxo, uma certa irresponsabilidade perante os problemas, a insensibilidade ao sofrimento dos mais necessitados, o desejo do prazer, continuam a tentar o homem, e os próprios cristãos, que muitas vezes se deixam embalar nesse estilo de vida. Vemos também todos os dias, que certos povos gastam fortunas matando gente em guerras.  

Quantos vivem na abundância, enquanto muitos morrem de fome e na miséria. Quantos satisfazem os seus caprichos, sacrificando até os seus familiares. Muitos jovens das nossas cidades olham com inveja para os que hoje vivem no luxo mas ao mesmo tempo alimentam o sonho de um dia virem a ser como eles.

Todas estas situações merecem de nossa parte uma atenção especial à Palavra de Deus, que nos foi proposta no Evangelho, sobre a riqueza e a pobreza.

 

O julgamento de Deus sobre a distribuição da riqueza 

Com a parábola do rico avarento somos levados de novo ao ambiente descrito na primeira leitura. De um lado o “homem rico”, que vivia no meio do luxo, em festas contínuas. Do outro, o “pobre Lázaro”, coberto de chagas e com fome.

Para entender melhor a parábola vejamos quem são os personagens, fazendo uma relação deles, por ordem de importância: o homem rico, Lázaro, Abraão. E Deus, aparece no texto?

Comecemos por Deus. Não se fala d’Ele, mas compreendemos que, no outro mundo, é Ele que põe na ordem o que neste mundo não está bem. O que Ele pensa é posto na boca de Abraão, em quem, por isso, se centra o protagonismo. O rico é também parte importante no relato. Lázaro, não profere uma única palavra, não faz nada. Está sempre sentado à porta do rico, mais tarde no seio de Abraão, e durante a viagem é transportado pelos Anjos.

Ora, se analisarmos bem, a mensagem central do relato é a que diz respeito ao juízo de Deus sobre a distribuição da riqueza no mundo.

Jesus, nas parábolas, não atribui nenhum nome aos personagens. Apenas nesta se diz que o pobre se chamava Lázaro. Quem “tem nome neste mundo”? De quem falam os jornais, as revistas, as televisões? Dos ricos, dos que têm sucesso, dos famosos. Porém, para Jesus, o rico é “um tal”, enquanto o pobre se chama Lázaro, que significa “O Senhor ajuda”.

A morte de ambos reverte a situação: quem vivia na riqueza está destinado aos “tormentos”, quem vivia na pobreza encontra-se na paz de Deus. O relato antecipa o amanhã para que valorizemos o presente. O rico não é condenado por ser rico, mas porque prescinde de Deus. O pobre salva-se porque está aberto para Deus e espera a Salvação. A pobreza não levou Lázaro ao céu, mas a humildade, e não foram as riquezas que impediram o rico de entrar no seio de Abraão, mas o seu egoísmo e a pouca solidariedade com o próximo.

A mensagem é clara: a única força capaz de transformar o coração do rico é a Palavra de Deus. É esta Palavra que pode realizar o prodígio de fazer com que um rico entre no Reino dos Céus.

Quem na vida aposta em valores errados, como a cobiça por exemplo, encontrará nela a causa de todos os males.

 

A cobiça é causa de todos os males

É o que nos transmite Paulo, na segunda leitura, com os conselhos a seu discípulo Timóteo, e que são extensivos aos que se encontram em circunstâncias semelhantes, a todos os cristãos, inclusive a quem preside à comunidade, de quem se espera o exercício das virtudes apontadas aos Apóstolos.

O apóstolo exorta Timóteo a fugir dos vícios: o orgulho, o egoísmo, para cultivar a justiça, a fé, a caridade, a paciência e a boa disposição para com todos.

Por isso aconselha Timóteo, e a todos nós, que conservemos irrepreensível e sem mancha o Evangelho que nos foi anunciado, não o adequando às modas, aos novos critérios de moralidade legislados pelos homens, aos títulos honoríficos, aos presentes, aos privilégios ou vantagens económicas, para nos desviarmos dos ensinamentos de Jesus proclamados nos Evangelhos.

Meditemos sobre o elenco de virtudes enunciadas por S. Paulo e procuremos agir e testemunhar em conformidade com elas.

Examinemos a nossa atitude em relação ao dinheiro, aos bens materiais, ao modo como os adquirimos e como os usamos; qual a nossa sensibilidade às desigualdades injustas entre os homens; ao modo como olhamos e reagimos perante os mais necessitados.

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