22 de julho de 2018 – 16º Domingo do Tempo Comum – Ano B

São Marcos narra-nos a chegada de alguns dos discípulos de Jesus Cristo e como estes se apressam a relatar-lhe tudo quanto haviam feito e ensinado. Mas Jesus diz-lhes: “Vinde, em particular, para um sítio isolado e descansai um pouco”.
Cristo ensina-nos que precisamos de isolamento para estarmos com Ele, Ele que sempre se retira para estar com o Pai. Diremos pois que precisamos da experiência do deserto. Deserto significa tempo de intimidade. Ouçamos o silêncio, como linguagem de Deus. No silêncio a oração desperta. Deserto significa tempo de mudança. No silêncio e na oração fazemos um balanço da nossa vida, traçamos exigências de vida nova. No silêncio atua a graça e germina o grão de trigo. Deserto significa comunhão. Não estamos completamente sós no deserto, pois que aí O encontramos. Ninguém se põe sozinho a atravessar o deserto, mas sim vai em caravana. Há circunstâncias de perigo que se vencem com a ajuda dos nossos irmãos, pois todos pertencemos ao Corpo Místico de Cristo. No silêncio aprende-se a sabedoria de escutar o outro, comungando a palavra e a pessoa. A capacidade de escutar é o laço que nos une ao convívio dos homens. Há problemas que se resolvem escutando. Saber escutar, é, sem dúvida, uma das muitas formas de orar, de conhecer a vontade do Pai. Deserto significa tempo de paragem e revisão de vida. Todos precisamos de parar para sabermos qual o rumo a seguir, quais os erros cometidos. Deserto é escola de fé. É em silêncio que nos abrimos ao Senhor e em que dizemos: “Faça-se em mim a Vossa vontade”, mesmo que não a entendamos. É no silêncio, na caminhada do deserto, que nos entregamos: “Pai nas tuas mãos entrego o meu espírito” e aceitamos, mesmo que não entendamos, a Sua Vontade. No deserto estamos mais próximos dos homens e o silêncio faz-nos falar e dialogar melhor.
Na nossa vida sobram palavras, mas faltam os silêncios. Procuramos a intimidade, a mudança, a comunhão, a paragem e revisão de vida; procuremos o dom da Fé, como o Senhor que encaminhou os seus discípulos para uma barca que se fez ao mar, para depois desembarcar junto a uma multidão que O esperava com fé e pela fé é que devemos falar aos outros. Só com fé e pela fé podemos ser pastores. Cristo é o Pastor de todas as gentes que O procuram, que muitas vezes estão adormecidas. Repetindo: sobram palavras e falta silêncio. É difícil fazer deserto dentro de nós, silêncio que nos aproxima de Deus. Lembremo-nos de invocar o Espírito Santo para conquistarmos, hoje e amanhã, nos bons e maus momentos da nossa vida, em deserto ou silêncio que é fonte de Amor e de Vida.
Não aceitemos a paz da acomodação dos tempos que correm; não nos adaptemos aos comportamentos que nos rodeiam, mas tenhamos sempre a ânsia de procurar, de ser melhor.

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