20 de dezembro de 2015 – 4º Domingo do Advento – Ano C

Com este domingo chegamos ao termo do Advento. O Senhor do Céu e da Terra vem até nós, revelando-se na simplicidade dum bebé necessitado de todos os cuidados. Vem para assumir o nosso viver humilde e quotidiano; vem para nos resgatar do pecado com o Seu sacrifício. Mesmo antes de nascer, Ele já difunde alegria, júbilo, esperança; ainda no ventre de Maria faz com que João, o futuro Baptista, dê pulos de alegria no ventre de Santa Isabel. Com Maria e como Maria preparemo-nos para o encontro com Jesus.

Com este quarto domingo, chegamos ao termo do Advento. Mesmo nas vésperas do Natal, celebramos o Senhor que vem até nós, inserindo-se bem, na nossa história, no nosso viver humilde e quotidiano (1.ª leitura). E vem com um projecto claro e bem definido: resgatar os homens com o Seu sacrifício. (2.ª leitura). E começa, ainda mesmo antes de nascer, a causar alegria, júbilo, esperança, naqueles que mais de perto com Ele convivem (Evangelho).

Vamos então seguir algumas das pistas que estas 3 leituras hoje nos proporcionam.

A primeira é do profeta Miqueias, contemporâneo de Isaías, que já anunciara a vinda do «Emanuel» – Deus connosco –, que uma virgem conceberá e dará à luz, Miqueias avança um pormenor importante: esse, «que reinará sobre Israel», vai nascer em Belém de Judá, a terra do rei David, seu antepassado segundo a carne. Esse Chefe vai erguer-se «para apascentar o Seu rebanho, pelo poder do Senhor e pelo nome glorioso do Senhor, Seu Deus. Os Seus viverão em segurança, porque Ele se tornará grande até aos confins da Terra. E Ele será a Paz». Toda esta perspectiva maravilhosa e aliciante, todo este progredir da Salvação que culminará na Paz, cantada pelos anjos, na noite do Nascimento, arranca da cidade peregrina e humilde de Belém, e isto, diz o profeta na «altura em que for mãe aquela que há-de mãe».

Um pormenor: o profeta não menciona o pai, deixando assim antever, pelo menos indiretamente, as circunstâncias miraculosas deste nascimento.

A segunda leitura traz-nos uma outra narração dos acontecimentos, mas esta mais interior, mais profunda: o autor da Carta aos Hebreus introduz-nos no próprio seio da SS.ma Trindade ao desvendar-nos o diálogo Pai-Filho: «Ao entrar no mundo, Jesus disse ao Pai: – «Não quisestes sacrifícios e oferendas, mas formaste-Me um corpo. Holocaustos e imolações pelo pecado não Te foram agradáveis. Então Eu disse: Eis-Me aqui. Eu vim, ó Deus para fazer a Tua Vontade». E conclui: «E em virtude dessa mesma vontade é que nós fomos santificados pela oferenda do Corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez para sempre». Ao colocar esta leitura aqui, neste dia, a Liturgia da Igreja quer chamar a nossa atenção para o verdadeiro motivo do nascimento de Jesus. A Sua entrada neste mundo está orientada para o drama da Cruz e o triunfo da Páscoa. A obediência à vontade do Pai é o motivo profundo de toda a Vida do Senhor, desde Belém até ao Gólgota e à Ressurreição. O Natal orienta-se para a Páscoa. As duas solenidades são apenas o início e o termo desta oferta total à Vontade do Pai, para Sua glória e salvação da Humanidade.

Não podemos deixar de aproximar o «Eis-Me aqui», desta segunda leitura do «Eis a serva do Senhor», da resposta de Maria ao anjo, ou melhor, como diz São Bernardo, ao Senhor por meio do anjo.

E é esta disponibilidade de Maria que brilha intensamente no evangelho deste domingo. Tendo dado o seu assentimento à mensagem do Senhor e acolhendo já no seio virginal o Filho de Deus que começará a fazer-se homem, Maria não se isola na contemplação de tão grande mistério, não! Parte apressadamente para a montanha, oferecendo à prima Isabel os seus préstimos de «serva». Maria sabe como ninguém que o serviço do Senhor passa, aqui neste mundo, pelo serviço dos homens. Ela vai assistir à prima, carecida de cuidados mais intensos, pois que, avançada em idade, estava já com seis meses de grávida. Leva-lhe porém muito mais: a presença real do Salvador escondido no seu seio. E com Ele, a alegria, o júbilo transbordante, o estremecimento maravilhoso de João a nascer.

Tudo isto aconteceu porque Maria acreditou na palavra de Deus e se ofereceu inteiramente a servir o Seu projecto de salvação dos homens.

Também eu, neste Natal, nas minhas visitas deste Natal, posso e devo levar de mim este dom, esta maravilha, esta alegria!

Porque, também a Mim, pequenino, pobre, humilde, o Senhor me quer enviar aos meus irmãos, a dizer-lhes, com a alegria da minha presença, que a Salvação chegou! Santo Natal! Boas festas!

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