O dia de Fiéis Defuntos é completar da Solenidade de Todos os Santos que ontem celebrávamos.
Os santos são aqueles que, tendo terminado esta vida terrena, já se encontram na bem-aventurança eterna.
Os fiéis defuntos são irmãos nossos que partilharam connosco as aventuras da vida e se encontram às portas da bem-aventura sujeitos ainda à purificação das imperfeições contraídas neste mundo. Eles são queridos de Deus e têm a garantia da entrada no Céu. ao recordá-los com saudade oferecemos atos de piedade em sufrágio da sua alma.
É este dever de caridade e justiça que queremos saldar com as nossas orações e a celebração de hoje.
LITURGIA DOS MORTOS E MISTÉRIO PASCAL
A liturgia cristã pelos defuntos é uma celebração do mistério pascal de Cristo (Liturgia da celebração das Exéquias).
Os santos e os defuntos, todos são chamados à vida, Aqueles já gozam dessa vida em Deus. Os mortos ao recordá-los, acreditamos que graças aos sufrágios da Igreja venham a possuir igualmente a plenitude da vida. Os filhos da Igreja que na vida foram incorporados em Cristo pelo Baptismo , com Ele passem da morte à vida.
É este o sentido dos nossos sufrágios que de um modo especial fazemos neste dia. Que os mortos sejam associados aos santos e eleitos do céu, enquanto o corpo aguarda a ressurreição dos mortos. É esta a nossa fé.
Jesus glorioso é promessa de vida. O destino do homem é a vida, e a procura de Deus é fonte de vida.
Só um coração que procura Deus pela fidelidade e se esforça por evitar o pecado está no caminho da vida. A morte não é uma fatalidade.
O que busca Deus na vida vive com Deus para sempre na morte.
UNIDOS A CRISTO NA VIDA, UNIDOS NA MORTE
Por Cristo e em Cristo o homem que se esforçou por evitar o pecado, viverá para sempre em Deus. O cristão vive hoje em espírito já na eternidade. As exigências que Deus faz e estão muitas vezes mencionadas no Evangelho não são para nos sobrecarregar sem sentido. São fonte de vida: – «Vinde a Mim e Eu vos aliviarei…» «o meu jugo é suave e a minha carga é leve».
Na encarnação fomos associados à vida de Cristo que assumiu a nossa humanidade. Na paixão, morte e ressurreição estamos unidos ao mistério pascal que em Cristo vencedor da morte nos chama à vida, vida com Cristo na graça, vida eterna na glória celeste do céu.
O cristão, unido a Cristo desde o Baptismo, é peregrino da felicidade que a fé nos aponta para além da morte. Ele gozará da bem-aventurança celeste ou, partilhando dos favores da Igreja, é purificado das suas faltas graças aos merecimentos de Cristo e à oração dos fiéis.
Unidos a Cristo vencedor da morte os cristãos vivem a esperança da imortalidade.
SUFRÁGIO PELOS MORTOS
Deus é justo mas misericordioso. Deus é amor, mas toma a sério a vida dos homens. Ele trata-nos com amor misericordioso. A atitude cristã face ao mistério da morte é uma confiança total em Deus que leva à generosidade na prática do melhor bem. Mas nem sempre devido à fraqueza humana se atinge o ideal. Quantas imperfeições diante de Deus no fim da vida!
Daí a necessidade dos sufrágios por aqueles que nos precederam. O sufrágio pelos defuntos é um dever de caridade e de justiça. Porque são nossos irmãos, e nós os podemos ajudar graças aos merecimentos de Jesus Cristo… Porque muitas vezes deles possuímos agora o fruto do seu trabalho, amizade, bens, educação.
O sacrifício Eucarístico, memorial da Páscoa de Cristo, é o meio de sufrágio por excelência. Por ele os vivos e os mortos se encontram mais unidos ao Senhor. Os frutos da liturgia eucarística deste modo se tornam para os defuntos o melhor auxílio espiritual.
É o momento de pensar no valor da santa missa como sufrágio e do interesse para os fiéis em participarem na liturgia pelos defuntos e mandarem celebrar a santa missa pelos mesmos, quer em intenções individuais, quer coletivas.
Deste modo se manifesta e vive o espírito fraterno que deve animar todos os fiéis.