2 de agosto de 2015 – 18º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Todo o homem tem anseio de felicidade e procura-a geralmente em coisas materiais: prazeres, passeios, bebidas, festas, boa comida, sexo… mas acaba por reconhecer que continua insatisfeito.

A liturgia da Palavra deste Domingo fala-nos do maná dado por Deus ao seu povo e que o alimentava dando robustez a um corpo destinado a perecer. Todavia, diz-nos ainda, o verdadeiro pão da vida é a Sua Palavra, incarnada em Jesus de Nazaré, que é capaz de modificar toda a nossa vida transformando-nos em «homens novos», conduzidos a uma vida que não acaba.

Pensemos um pouco nas vezes que procurámos a felicidade onde ela não se pode encontrar e desprezámos a Palavra que dá vida. E, com humildade, peçamos perdão ao Senhor.

Deus está em tudo aquilo que nos acontece

Segundo o que ouvimos na primeira leitura, o povo israelita, passados os primeiros dias de entusiasmo pela saída libertadora do Egipto, começava a murmurar desanimado, sonhando com coisas que nunca havia tido nessa terra. A fome faz-lhes recordar a carne que eles nunca comeram… mas que agora sonhavam com ela!

A resposta de Deus a esse bulício não foi a de castigar os israelitas, mas enviar-lhes o maná que constituía um dom e um estímulo para os obrigar a crescer na fé, pois não podiam juntar alimento para o dia seguinte, mas deveriam contentar-se com o pão quotidiano.

O Senhor queria fazer compreender ao seu povo que o homem não vive só de pão, fruto da terra e do seu trabalho, mas do alimento que é fornecido pela Palavra de Deus.

Poderemos colher daqui uma mensagem: descobrir em tudo aquilo que nos acontece a presença de Deus que acompanha com amor cuidadoso a vida e o destino de cada homem e de cada povo.

É natural que também na nossa vida de cristãos tenhamos momentos de desânimo e sintamos muitas «fomes»: fome de pão, de liberdade, de amor, de paz, de fraternidade, de respeito, de estima, de felicidade. Será que pomos a nossa confiança nas nossas forças e nas promessas dos homens, ou acreditamos realmente que todas as nossas «fomes» serão saciadas pela Palavra de Deus? Se partilharmos os nossos bens materiais, espirituais, intelectuais, não ajudaremos a matar a «fome», seja ela qual for, a todos os que dela padecem? Deus não se zanga com os nossos desânimos, está ainda mais próximo de nós, como aconteceu com o povo judeu, pois Deus está em tudo aquilo que nos acontece, o que constitui para nós um grande desafio.

E constitui para nós um desafio

Como aconteceu naquele tempo, segundo o relato do Evangelho, também Jesus não conseguiu fazer compreender o «sinal» da multiplicação dos pães que havia realizado. Aquelas pessoas procuravam-n’O não para aprofundar a sua mensagem ou compreenderem os gestos que realizara, mas apenas para comerem gratuitamente pão em abundância, que lhes seria garantido sem necessidade de trabalho. Ele não concede a Sua graça para favorecer a preguiça. Ele pretende ensinar que o amor e a partilha produzem pão em abundância.

Isto é um desafio para nós ainda hoje. Convida-nos a reconsiderar as razões que nos levam a procurar Cristo e por que recorremos a Deus e à religião. Alimentaremos uma secreta esperança de poder obter alguma graça, algum milagre extraordinário, um favorecimento especial por realizarmos determinadas práticas e devoções que nos livrarão de desgraças, encontrar emprego bem remunerado, superar as provas com brilhantismo? Teremos compreendido o significado do sinal dos pães dado por Jesus?

Acreditar não consiste em estar convencido da existência de Jesus, de que foi um homem sábio, que pregou o amor e nos deixou normas excelentes de vida. Implica a opção de unir a própria vida à d’Ele, no dom de si aos irmãos. O pão de Cristo não perece: quando é recolhido em cestos e conservado, é redistribuído, sempre completo e saboroso, a quem quer que esteja com fome.

Deus continua a dar hoje ao mundo o verdadeiro pão que alimenta e dá a vida à humanidade inteira tornando-nos «homens novos».

Que nos torna homens novos

E Jesus responde ao povo daquele tempo e ainda hoje a nós que aqui nos encontramos: «Eu sou o pão da vida; quem vem a Mim nunca mais terá fome e quem crê em Mim nunca mais terá sede».

Ele é o único pão que nos torna «homem novo» saciando a nossa necessidade de felicidade e de paz, com a Sua Palavra. O pão descido do céu é o seu Evangelho e não o maná do deserto. Não é um texto que se lê e se esvazia de significado, sem compromissos, mas necessita ser assimilado como o pão, que se torna parte componente da pessoa que o come. Jesus não se refere ainda à Eucaristia, mas o pão é Ele próprio, enquanto Palavra de Deus.

Todos os que O assimilam tornam-se homens inteiramente novos.

Quem orienta a sua vida para Cristo poderá estar comprometido com vícios que nada têm a ver com esta realidade?

Pensemos nisto…

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