2 de abril de 2023 – Liturgia do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor – Ano A

LEITURA I Is 50, 4-7

Leitura do Livro de Isaías

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL Sl 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)

Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?

Todos os que me veem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo».

Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos.

Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.

Hei de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.

 

LEITURA II Flp 2, 6-11

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Palavra do Senhor

 

EVANGELHO Forma longa Mt 26, 14 – 27, 66

N Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
um dos Doze, chamado Judas Iscariotes,
foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes:
R «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
N Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então,
Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos,
os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:
R «Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?».
N Ele respondeu:
J «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe:
‘O Mestre manda dizer:
O meu tempo está próximo.
É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa
com os meus discípulos’».
N Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado
e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou:
J «Em verdade vos digo:
Um de vós há de entregar-Me».
N Profundamente entristecidos,
começou cada um a perguntar-Lhe:
R «Serei eu, Senhor?».
N Jesus respondeu:
J «Aquele que meteu comigo a mão no prato
é que há de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir,
como está escrito acerca d’Ele.
Mas ai daquele
por quem o Filho do homem vai ser entregue!
Melhor seria para esse homem não ter nascido».
N Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou:
R «Serei eu, Mestre?».
N Respondeu Jesus:
J «Tu o disseste».
N Enquanto comiam,
Jesus tomou o pão, recitou a bênção,
partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
J «Tomai e comei: Isto é o meu corpo».
N Tomou em seguida um cálice,
deu graças e entregou-lho, dizendo:
J «Bebei dele todos,
porque este é o meu sangue, o sangue da aliança,
derramado pela multidão,
para remissão dos pecados.
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira,
até ao dia em que beberei convosco
o vinho novo no reino de meu Pai».
N Cantaram os salmos
e seguiram para o monte das Oliveiras.
N Então, Jesus disse-lhes:
J «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis por minha causa,
como está escrito:
‘Ferirei o pastor. e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’.
Mas, depois de ressuscitar,
preceder-vos-ei a caminho da Galileia».
N Pedro interveio, dizendo:
R «Ainda que todos se escandalizem por tua causa,
eu não me escandalizarei».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo:
Esta mesma noite, antes de o galo cantar,
Me negarás três vezes».
N Pedro disse-lhe:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E o mesmo disseram todos os discípulos.
Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade,
chamada Getsémani,
e disse aos discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
N E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.
Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai comigo».
N E, adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra,
enquanto orava e dizia:
J «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice.
Todavia, não se faça como Eu quero,
mas como Tu queres».
N Depois, foi ter com os discípulos,
encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
J «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo!
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo:
J «Meu Pai,
se este cálice não pode passar sem que Eu o beba,
faça-se a tua vontade».
N Voltou novamente e encontrou-os a dormir,
pois os seus olhos estavam pesados de sono.
Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez,
repetindo as mesmas palavras.
Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai.
Chegou a hora em que o Filho do homem
vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos.
Aproxima-se aquele que Me vai entregar».
N Ainda Jesus estava a falar,
quando chegou Judas, um dos Doze,
e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,
enviada pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos do povo.
O traidor tinha-lhes dado este sinal:
R «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O».
N Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:
R «Salve, Mestre!».
N E beijou-O.
Jesus respondeu- lhe:
J «Amigo, a que vieste?».
N Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus
e prenderam-n’O.
Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada,
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe uma orelha.
Jesus disse-lhe:
J «Mete a tua espada na bainha,
pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada.
Pensas que não posso rogar a meu Pai
que ponha já ao meu dispor mais de doze legiões de Anjos?
Mas como se cumpririam as Escrituras,
segundo as quais assim tem de acontecer?».
N Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse:
J «Viestes com espadas e varapaus para Me prender
como se fosse um salteador!
Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar
e não Me prendestes …
Mas, tudo isto aconteceu
para se cumprirem as Escrituras dos profetas».
N Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
N Os que tinham prendido Jesus
levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás,
onde os escribas e os anciãos se tinham reunido.
Pedro foi-O seguindo de longe,
até ao palácio do sumo sacerdote.
Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas,
para ver como acabaria tudo aquilo.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um testemunho falso contra Jesus
para O condenarem à morte,
mas não o encontravam,
embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas.
Por fim, apresentaram-se duas que disseram:
R «Este homem afirmou:
‘Posso destruir o templo de Deus
e reconstruí-lo em três dias’».
N Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus:
R «Não respondes nada?
Que dizes ao que depõem contra Ti?».
N Mas Jesus continuava calado.
Disse-Lhe o sumo sacerdote:
R «Eu Te conjuro pelo Deus vivo,
que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Tu o disseste.
E Eu digo-vos:
vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso,
vindo sobre as nuvens do céu».
N Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:
R «Blasfemou.
Que necessidade temos de mais testemunhas?
Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».
N Eles responderam:
R «É réu de morte».
N Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas.
Outros esbofeteavam-n’O, dizendo:
R «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
N Entretanto, Pedro estava sentado no pátio.
Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:
R «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
N Mas ele negou diante de todos, dizendo:
R «Não sei o que dizes».
N Dirigindo-se para a porta,
foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
R «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
N E, de novo, ele negou com juramento:
R «Não conheço tal homem».
N Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam
e disseram a Pedro:
R «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
N Começou então a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço tal homem».
N E, imediatamente, um galo cantou.
Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera:
«Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes».
E, saindo, chorou amargamente.
Ao romper da manhã,
todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo
se reuniram em conselho contra Jesus,
para Lhe darem a morte.
Depois de Lhe atarem as mãos,
levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos.
Então Judas, que entregara Jesus,
vendo que Ele tinha sido condenado,
tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata
aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
R «Pequei, entregando sangue inocente».
N Mas eles replicaram:
R «Que nos importa? É lá contigo».
N Então arremessou as moedas para o santuário,
saiu dali e foi-se enforcar.
Mas os príncipes dos sacerdotes
apanharam as moedas e disseram:
R «Não se podem lançar no tesouro,
porque são preço de sangue».
N E, depois de terem deliberado,
compraram com elas o Campo do Oleiro,
que servia para a sepultura dos estrangeiros.
Por este motivo se tem chamado àquele campo,
até ao dia de hoje, «Campo de Sangue».
Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta:
«Tomaram trinta moedas de prata,
preço em que foi avaliado
Aquele que os filhos de Israel avaliaram,
e deram-nas pelo Campo do Oleiro,
como o Senhor me tinha ordenado».
N Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador,
que Lhe perguntou:
R «Tu és o rei dos judeus?».
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos:
R «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
N Mas Jesus não respondeu coisa alguma,
a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa,
o governador costumava soltar um preso,
à escolha do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
R «Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
N Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal,
a mulher mandou-lhe dizer:
R «Não te prendas com a causa desse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
N Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás
e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
R «Qual dos dois quereis que vos solte?».
N Eles responderam:
R «Barrabás».
N Disse-lhes Pilatos:
R «E que hei de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
N Responderam todos:
R «Seja crucificado».
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?».
N Mas eles gritavam cada vez mais:
R «Seja crucificado».
N Pilatos, vendo que não conseguia nada
e aumentava o tumulto,
mandou vir água
e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
R «Estou inocente do sangue deste homem.
Isso é lá convosco».
N E todo o povo respondeu:
R «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
N Soltou-lhes então Barrabás.
E, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-lh’O para ser crucificado.
Então os soldados do governador
levaram Jesus para o pretório
e reuniram à volta d’Ele toda a coorte.
Tiraram-Lhe a roupa
e envolveram-n’O num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça
e colocaram uma cana na sua mão direita.
Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
R «Salve, rei dos judeus!».
N Depois, cuspiam-Lhe no rosto
e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas
e levaram-n’O para ser crucificado.
N Ao saírem,
encontraram um homem de Cirene, chamado Simão,
e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.
Chegados a um lugar chamado Gólgota,
que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel.
Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado,
repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro,
indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes,
juntamente com os escribas e os anciãos,
também troçavam d’Ele, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Se é o rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.
Confiou em Deus:
Ele que O livre agora, se O ama,
porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
N Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
as trevas envolveram toda a terra.
E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
N que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N Um deles correu a tomar uma esponja,
embebeu-a em vinagre,
pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram:
R «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
N E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
N Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo;
a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos,
e muitos dos corpos de santos que tinham morrido
ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,
entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,
ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,
ficaram aterrados e disseram:
R «Este era verdadeiramente Filho de Deus».
N Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres
que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem.
Entre elas encontrava-se Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José,
e a mãe dos filhos de Zebedeu.
Ao cair da tarde,
veio um homem rico de Arimateia, chamado José,
que também se tinha tornado discípulo de Jesus.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
E Pilatos ordenou que lho entregassem.
José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo
e depositou-o no seu sepulcro novo,
que tinha mandado escavar na rocha.
Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro
e retirou-se.
Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria,
sentadas em frente do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, depois da Preparação,
os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
foram ter com Pilatos e disseram-lhe:
R «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse
quando ainda era vivo:
‘Depois de três dias ressuscitarei’.
Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança
até ao terceiro dia,
para que não venham os discípulos roubá-lo
e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’.
E a última impostura seria pior do que a primeira».
N Pilatos respondeu:
R «Tendes à vossa disposição a guarda:
ide e guardai-o como entenderdes».
N Eles foram e guardaram o sepulcro,
selando a pedra e pondo a guarda.

Palavra da salvação.

 

REFLEXÃO

1) Tornou-se semelhante aos homens

S.Paulo na 2ª leitura faz o resumo do mistério da Redenção que hoje celebramos. Jesus que é Deus igual ao Pai, fez-se homem para nos salvar. Ele que era de condição divina aniquilou-se a Si próprio. Assumindo a condição de servo tornou-se semelhante aos homens. Humilhou-se ainda mais obedecendo até à morte e morte de cruz. Jesus salvou-nos pelo Seu sofrimento e pela Sua morte. Pagou pelos nossos pecados e alcançou-nos toda a graça.

 Não foi apenas o Seu sofrimento sem mais, mas a Sua obediência à vontade do Pai. Salvou-nos pela Sua obediência e humilhação, para pagar pela desobediência e orgulho dos primeiros pais e de cada homem.

Jesus podia salvar os homens sem ter sofrido a Paixão. Qualquer acto humano de Cristo, porque é Deus, tinha um valor infinito, que podia alcançar-nos todos os tesouros da graça. Por isso a salvação que nos trouxe é superabundante – lembra S.Paulo na Carta aos Romanos.

Além disso mostra-nos o amor infinito de Deus pelos homens. Deus amou tanto mundo que lhe deu o Seu próprio Filho (Jo 3,16). Nunca meditaremos suficientemente a Paixão de Cristo. S.Tomás de Aquino, o grande teólogo e mestre dizia que o crucifixo era o seu livro preferido. Se quisermos lê-lo com atenção ali encontramos as lições mais importantes da fé cristã. Por isso S.Paulo dizia: Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas para os que são chamados, quer dos judeus quer dos gregos, é Cristo força de Deus e sabedoria de Deus, porque o que é loucura em Deus é mais sábio que os homens e o que é fraqueza em Deus é mais forte que os homens(1 Cor 1,3-25).

Nunca meditaremos suficientemente no mistério da Cruz, pela qual Jesus nos salvou e nos continua a ensinar. Aproveitemos bem esta Semana Santa.

 

2) Obedecendo até à morte

O pecado é uma desobediência a Deus. Assim aconteceu no Jardim do Éden, assim acontece com todos os pecados. Em vez de fazer a vontade de Deus, que sabe tudo e quer o bem de cada um de nós, escolhemos fazer o que nos apetece e cavamos a nossa infelicidade.

Jesus salvou-nos obedecendo até à morte e morte de cruz. Alcançou-nos o perdão dos nossos pecados e ensinou-nos o caminho da verdadeira felicidade já na terra.

Com Ele aprendemos a amar a Deus e a seguir o caminho da verdadeira alegria, a não ter medo do sofrimento que a vida nos traz e a ser valentes para cumprir a vontade de Deus. E também a aproveitar as ocasiões para dizer que não aos nossos gostos ao longo do dia, para cumprir o nosso dever, para tornar a vida agradável aos que nos rodeiam. Até para ter a saúde do corpo. Quem hoje recomenda a penitência são os médicos.

Com Ele aprendemos a aceitar os nossos sofrimentos, sabendo ver neles a mão carinhosa de Deus. S.Josemaria, quando jovem sacerdote, visitava os hospitais de Madrid, sobretudo os de doenças incuráveis, a pedir aos doentes que oferecessem os seus sofrimentos pela empresa que Deus lhe tinha confiado. Um dia encontrou ali uma senhora que tinha sido pessoa importante de Espanha, mas que se separara do marido e por caminhos errados acabara ali num hospital de doenças incuráveis. Aquele sacerdote ajudou-a a aceitar os sofrimentos e a purificar a sua alma. Acabou por em poucos dias se tornar uma nova Madalena. Ao morrer beijava o crucifixo e ia repetindo: “Bendita seja a dor, amada seja a dor, santificada seja a dor, glorificada seja dor”. Para ela o sofrimento tinha sido o caminho que a levou de novo a Deus.

É preciso que os pais ensinem os filhos a dizer que não em muitas coisas. Para não serem obesos, egoístas e, amanhã, saberem constituir uma família que dure e seja feliz.

Nós cristãos sabemos que podemos colaborar com Cristo na redenção da humanidade com os nossos sofrimentos oferecidos a Deus. Completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo em benefício do Seu Corpo que é a Igreja (Col 1,24).

Em Fátima Nossa Senhora lembrou isso mesmo aos pastorinhos e eles entenderam muito bem esse pedido da Virgem e foram muitos generosos nas penitências que faziam pela conversão dos pecadores.

 

 

3)Este era verdadeiramente Filho de Deus

Deus aceitou o sacrifício de Seu Filho. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes-diz S.Paulo na 2ª leitura.

Deus ressuscitou-O dos mortos e fez dEle Senhor dos vivos e dos mortos. A cruz seria doravante sinal de vitória e de salvação.

O centurião junto da cruz exclama: verdadeiramente este homem era Filho de Deus (Ev)

Jesus tinha dito: quando for levantado da terra atrairei tudo a mim (Jo 12,32). Alegremo-nos pelo amor de Jesus que deu a Sua vida por nós. Agradeçamos-Lhe este amor tão grande e sempre actual. Saibamos corresponder a esse amor, com a nossa fidelidade. Não podemos ser cristãos de horas e ventos, ser católicos uma hora ao domingo e pagãos a semana inteira. Temos de ser amigos fieis de Jesus, cumprindo fielmente o que nos manda, arranjando tempo para conversar com Ele, sabendo levar-Lhe os nossos amigos e conhecidos.

Ele conta connosco para salvar todos os homens. Temos de ser optimistas. Foi Ele que disse: não temais, Eu venci o mundo (Jo 16,33).

O nosso amor por Ele há-de ir crescendo todos os dias. Falhamos muitas vezes e uma vez e outra nos levantamos, pedindo perdão, acudindo ao sacramento da confissão. Até chegarmos à meta que é o Céu onde estaremos com Ele para sempre.

Que a Virgem Dolorosa nos ensine a unir-nos à Paixão de Jesus, a sermos corredentores com Ele.

 

ORAÇÃO UNIVERSAL OU DOS FIÉIS 

Irmãs e irmãos:
Contemplando a Cristo, nosso Salvador, oremos pela salvação de todos os homens, vítimas do ódio, da violência e da injustiça, dizendo (ou: cantando), confiadamente:

R. Ouvi-nos, Senhor.
Ou: Abençoai, Senhor, o vosso povo.
Ou: Kýrie, eléison.

1. Pela santa Igreja, seus ministros e fiéis,
para que, vivendo na fé o mistério da Paixão,
recolham da árvore da cruz o fruto da esperança,
oremos.

2. Pelos que fazem as leis e julgam os homens,
para que defendam os inocentes e os oprimidos
e restabeleçam o direito e a verdade,
oremos.

3. Pelos ateus e pelos cristãos sem fé,
para que, à semelhança do centurião do Evangelho,
descubram em Cristo crucificado o Filho de Deus,
oremos.

4. Pelos doentes, os moribundos e os agonizantes,
para que sintam junto de si o Salvador,
que nas mãos do Pai entregou o seu espírito,
oremos.

5. Por todos nós e pela nossa comunidade (paroquial),
para que, unidos à paixão e morte do Redentor,
sejamos conduzidos à glória da Ressurreição,
oremos.

(Outras intenções: jovens do mundo inteiro e seus animadores …).

Senhor, nosso Deus,
que Vos dignastes contar-nos entre o número daqueles para quem o vosso Filho implorou o perdão ao expirar,
dai-nos a graça de descobrir, à luz da fé, o amor infinito com que nos amais.
Por Cristo, nosso Senhor

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