17 de fevereiro de 2019 – 6º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Bendito o homem que põe no Senhor a sua esperança. O profeta Jeremias põe frente a frente a auto-suficiência daqueles que prescindem de Deus, com a atitude dos que escolhem confiar em Deus e entregar-se nas suas mãos. Prescindir de Deus é percorrer um caminho de morte. No Evangelho, Jesus proclama felizes os que constroem a sua vida à luz dos valores eternos e infelizes os que preferem o egoísmo. S. Paulo, falando da nossa ressurreição, consequência da ressurreição de Cristo, fortalece a nossa esperança: a nossa vida atingirá a felicidade total, no Reino dos Céus.

A felicidade é uma escolha
Como Moisés (Ex 19, 21), Jesus desce da montanha onde tinha passado a noite em oração (Lc 6, 12). Jesus, sendo Deus, ensina-nos que a felicidade não é uma questão de sorte, de saúde, êxito, dinheiro. A felicidade é uma escolha: podemos decidir ser felizes, apesar da pobreza, da fome, dos insultos: «felizes, vós, os pobres, que agora tendes fome e chorais.» S. Mateus tinha dito: «os pobres de coração». S. Lucas fala da pobreza real, fala de pessoas concretas, que sofrem fisicamente. O advérbio «agora» sugere uma situação verdadeira e precisa, mas aponta para uma mudança: «Vós que agora chorais, haveis de rir». Para S. Lucas Jesus é o Messias dos pobres. Viveu uma vida pobre, partilhou a sorte dos pobres: desde o Presépio ao Calvário, sem ter uma pedra onde reclinar a cabeça. Jesus sofreu os insultos e o desprezo como a pobre gente do seu tempo. «Felizes, vós, os pobres». Mas, felizes porquê? Jesus responde: Felizes de vós, meus discípulos, que renunciastes aos bens deste mundo, escolhendo ser pobres, por minha causa, porque é vosso o Reino dos Céus! Mas bastará ser reduzido à miséria para ser feliz? De modo algum. O ideal da felicidade cristã não consiste na indigência. A razão da alegria anunciada aos pobres está contida na promessa que lhes é anunciada: para eles chegou o reino de Deus. Para quem confia em Deus e não nas riquezas começou um mundo novo. É necessário ser pobre por causa «do Filho do Homem». Reparemos na subtileza da frase pronunciada por Jesus: a felicidade que Ele propõe começa neste mundo, mas só será perfeita apenas no Céu. «Alegrai-vos e exultai nesse dia!» Nesse dia, deste tempo presente, em que se sofre por causa do nome de Jesus. «Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande a vossa recompensa no reino de Deus.» Também S. Paulo, na segunda leitura afirmava categoricamente: Se é só para a vida presente que temos em Cristo a nossa esperança somos os mais desgraçados de todos os homens. A nossa esperança alimenta-se na fé em Jesus Cristo, morto e ressuscitado e não nos bens deste mundo. Deus oferece a felicidade a todos, mas na realidade, só os corações desprendidos dos bens terrenos são capazes de possuir a Bem-aventurança definitiva!
Bendito o homem que confia no Senhor
O profeta Jeremias, na primeira leitura, tem palavras semelhantes às de Jesus, no Evangelho. «Feliz o homem que põe a sua esperança no Senhor. Maldito o homem que põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração de Deus». O grande risco da riqueza consiste em confiar nos bens, pensando que podemos ser felizes sem Deus. A riqueza faz desaparecer a fome de Deus e encerra o coração nos prazeres temporais. Só Deus é capaz de saciar a nossa fome de felicidade eterna. A riqueza que promete a felicidade, é mentirosa. A única felicidade definitiva é o amor, é Deus, é o Reino de Deus. Por isso, Jesus lamenta a posição dos ricos: «Ai de vós, os ricos!» A riqueza não é uma maldição! Jesus não vem para condenar, mas para salvar. A frase de Jesus é uma espécie de grito de dor; é como se dissesse: que pena e que tristeza quando um homem põe a sua confiança nos bens passageiros, recusando os bens eternos. Os ricos são incapazes de acolher o convite para o banquete do céu porque já se estão a banquetear na terra. Por isso, lhes diz o Senhor: «ai de vós, pois já recebestes todas as consolações.»
O pensamento de Jesus sobre este tema, aparece em várias passagens da Bíblia para nos dizer que há uma oposição irredutível entre o Reino de Deus e a riqueza. «Não podemos servir a Deus e ao dinheiro» (Lc 16, 13). «Deus despede os ricos de mãos vazias, mas enche de bens os famintos» (Lc. 1, 53). Estamos decididos a seguir Jesus, que sendo rico Se fez pobre? (2 Cor 8, 9).

Check Also

Nota Pastoral na comemoração dos cinquenta anos do “25 de Abril”

1. Na comemoração do cinquentenário da Revolução de 25 de Abril de 1974 cabe aos …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.