15 de maio de 2022 – 5º Domingo da Páscoa – Ano C

Jesus reúne a Sua Igreja em cada domingo à volta do altar pelo ministério dos sacerdotes. Através deles torna-Se presente no Seu Corpo e Sangue, como na última Ceia.

Vem renovar a nossa fé, a nossa esperança e o nossos amor.

 

A nova Jerusalém

Em Fátima, na primeira aparição, a Virgem falou do Céu aos pastorinhos. Disse à Lúcia que Lhe perguntava: donde é vossemecê? -Eu sou do Céu.

E a menina continua: -E eu vou para o Céu? –Sim, tu vais para o Céu. -E a Jacinta?       

 –Também. -E o Francisco? -Também, mas tem de rezar muitos terços.

Os miúdos ficaram cheios de alegria e a esperança do Céu encheu-os de ânsias de amar mais a Jesus e de salvar muitas almas.

Hoje as pessoas sonham tantas vezes com um céu cá terra! E, como não é possível encontrá-lo nas riquezas, nos prazeres, nas comodidades, desesperam e a vida não tem sentido para elas.

A Santa Igreja convida-nos, hoje, a olhar para esses novos céus e nova terra que nos esperam e onde veremos a Deus face a face. E onde não haverá dor nem lágrimas, mas a alegria plena que sonhamos. Para que nos animemos a amar a Deus e ser santos.

Na medida em que lutamos e avivamos a nossa esperança, antecipamos de algum modo o Céu neste mundo. Como o pequenito todo contente porque a mãe lhe prometeu um brinquedo que ele muito deseja. Os santos foram na terra as pessoas mais felizes. Apesar dos sofrimentos e perseguições. “Porque temos de sofrer muitas tribulações para entrar no Reino de Deus” (1ª leit.)

O Apóstolo João fala da nova Jerusalém, vestida como noiva para o Seu Esposo. Essa imagem da Igreja de Deus há-de animar-nos a contemplar com fé e com amor a Esposa de Cristo, que é una, santa, católica e apostólica. É assim que nos aparece nas visões do Apocalipse. Há uma semana falava-nos da imensa multidão de todos os povos e línguas, vestidos de túnicas brancas. Noutro lugar diz: “A muralha da cidade tinha doze fundamentos e neles os doze nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro” (Apoc.21,14)

Nós somos as pedras vivas nesta cidade santa em que Deus “habitará com os os homens”. A Igreja não é constituída apenas por santos, como afirmaram alguns dos reformadores protestantes. Também nós, pecadores, somos acolhidos por ela e nela recebemos a graça santificante, que nos faz santos e a abundância de graças actuais que nos ajudam a atingir a santidade plena a que somos chamados.

Jesus deixou nela os meios de santificação: a Sua doutrina, os sacramentos, o governo dos Apóstolos e seus sucessores, que nos guiam com segurança para o Céu. Através dela continua a derramar sobre nós a Suas graças. A Igreja é sacramento de salvação, lembrou o Concílio Vaticano II. Ela é Cristo continuado cá na terra até ao fim dos tempos.

 

 Estabeleceram anciãos

A Igreja constrói – se cá na terra com a pregação da Palavra de Deus. Jesus enviou os Apóstolos por todo o mundo a proclamar o Evangelho. S.Paulo e S.Barnabé –diz-nos a leitura dos Actos dos Apóstolos-realizaram a sua primeira viagem missionária, impulsionados pelo Espírito Santo. Fundaram várias comunidades cristãs em várias cidades com aqueles que acreditaram e se baptizaram.

Era preciso alguém que celebrasse para eles a Eucaristia, os guiasse na fé e os governasse. S.Paulo e S.Barnabé escolheram entre os homens dessas comunidades os que mereciam mais confiança e ordenaram-nos sacerdotes. “Estabeleceram anciãos em cada igreja, depois de terem feito orações acompanhadas de jejum e encomendaram-nos ao Senhor em quem tinham acreditado” (1ª leit.).

Na carta a Timóteo S.Paulo faz, mais tarde, as necessárias recomendações para a escolha desses sacerdotes, que receberam o nome de anciãos ou presbíteros. Algumas vezes são chamados também bispos. O Apóstolo diz-lhe: “É necessário que o bispo seja irrepreensível, casado uma só vez, sóbrio, prudente, de bom trato, hospitaleiro, capaz de ensinar, não dado ao vinho, nem desordeiro, mas moderado, não litigioso, desapegado do dinheiro, que saiba governar bem a sua casa, que mantenha seus filhos na submissão, com toda a dignidade …Importa também que tenha boa reputação entre aqueles que estão fora para que não caia no descrédito e nos laços do diabo” (1 Tim 3, 2-7).

Os Apóstolos escolhiam pais de família para sacerdotes nas várias comunidades. Com o andar dos tempos muitos desses homens procuravam viver exclusivamente para essa missão, como fizeram os Apóstolos, que deixaram tudo, inclusivamente a família, para seguir a Jesus.

O celibato apostólico surgiu quase espontaneamente, impulsionado pelo Espírito Santo, para estarem disponíveis para o ministério pastoral. É significativo que é num concílio provincial em Espanha (Elvira), por volta de 305, que aparece a primeira vez o celibato como condição para a ordenação sacerdotal. Significa que já era o habitual na vida da Igreja, pois um concílio particular não poderia arrogar-se o inovar e exigir mudanças desse género na vida da Igreja.

Para a ordenação sacerdotal os Apóstolos e os seus sucessores e cooperadores impunham as mãos sobre aqueles homens e administravam-lhes desse modo o sacramento da Ordem. Por ele lhes comunicavam os poderes recebidos de Jesus: de celebrar a Eucaristia, de perdoar os pecados e de administrar os outros sacramentos e também o poder de ensinar a Palavra de Deus e de governar os fiéis. S.Paulo diz a Timóteo “ Não te apresses a impor as mãos a ninguém” (1 Tim 5.22)

“Pelo Sacramento da Ordem o sacerdote torna-se capaz para emprestar a Nosso Senhor a voz e as mãos, todo o seu ser, é Jesus Cristo que na Santa Missa, com as palavras da consagração, muda a substância do pão e do vinho no Seu Corpo, Sua Alma, o Seu Sangue e a Sua Divindade. Nisto se fundamenta a incomparável dignidade do sacerdote. Uma grandeza emprestada, compatível com a minha pequenez” (S.JOSEMARIA ESCRIVÁ, Hom. Sacerdote para a eternidade).

Só o bispo, sucessor dos Apóstolos, pode impor as mãos, comunicar os poderes divinos de Cristo entregues aos Apóstolos. Alguns autoproclamam-se bispos, como vemos em muitas seitas. Como se fosse possível apoderar-se dos poderes de Jesus.

A Igreja precisa de sacerdotes em todos os tempos. E todos temos de promover as vocações sacerdotais e ver Cristo por detrás de cada sacerdote, mesmo que, por hipótese, não fosse nada exemplar.

E agradecer a Jesus ter deixado na Sua Igreja o sacramento da Ordem. Sem ele não haveria Eucaristia nem perdão dos pecados.

Temos de rezar mais pelos sacerdotes. O demónio procura atacar a Igreja atacando os sacerdotes e em nosso tempo o tem feito com muito furor.

 

Mandamento novo

A Igreja é a Família de Deus cá na terra. Pelo baptismo tornamo-nos irmãos, porque verdadeiramente filhos de Deus. Antes de morrer, Jesus deixa à Sua Igreja o mandamento novo do amor. “Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Ev.)

É necessário que os cristãos de hoje voltemos a viver como os primeiros cristãos:” A multidão dos que criam tinha um só coração e uma só alma e nenhum dizia ser sua coisa alguma daquelas que possuía, mas entre eles tudo era comum” (Act.6, 32).

Na medida em que procuramos viver a sério a nossa fé e encher-nos da graça, que nos vem de Jesus, aumenta também o amor dentro da própria Igreja. O Livro dos Actos faz outro resumo da vida dos primeiros cristãos: “perseveravam na doutrina dos Apóstolos, na união fraterna, na fracção do pão e nas orações… Todos os que acreditavam estavam unidos e punham tudo em comum” (Act 2, 42).

O mundo vem sendo sacudido pelos crimes abomináveis do terrorismo. Muitas pessoas vivem assustadas. Algum desse terrorismo apoia-se em fundamentalismos religiosos. O Papa João Paulo I contava numa alocução o martírio das dezasseis carmelitas de Compiègne, guilhotinadas pela Revolução Francesa e beatificadas por S.Pio X. ” No processo ouviu-se a condenação: “à morte por fanatismo” E uma das religiosas, com grande simplicidade perguntou: Senhor Juiz, por favor que quer dizer fanatismo?

E o juiz respondeu: -é a vossa estúpida pertença à religião”. Ela dirigindo-se às outras religiosas disse: -Irmãs, ouvistes: condenam-nos pela nossa adesão à fé: Que felicidade morrer por Jesus Cristo!”

Fizeram-nas sair da prisão da Consiergerie e obrigaram-nas a subir para uma carroça. Durante o caminho entoavam cânticos religiosos. Ao chegar ao palco da guilhotina uma atrás das outras foram-se ajoelhando diante da prioresa e renovavam o voto de obediência.

Depois entoaram o Veni Creator. Mas o cântico ia-se tornando cada vez mais débil à medida que as cabeças das pobres religiosas caíam uma atrás da outra, debaixo da guilhotina. Ficou a prioresa, Madre Teresa de Santo Agostinho. E as suas últimas palavras foram: “O amor será sempre vitorioso; o amor é omnipotente”. Eis a palavra certa: não é a violência que pode tudo, mas sim o amor. (JOÃO PAULO I, Alocução 24-9-78).

 

Que a Virgem nos ensine a valentia do amor e fortaleça a Igreja de Cristo e os seus sacerdotes.

 

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