15 de abril de 2017 – Vigília Pascal – A MORTE NÃO PODE OPOR-SE À VIDA

«Deus é o Senhor também da morte. A morte não pode opor-se à vida… Aquele que, como orvalho desceu do céu, e como orvalho saiu do seio de Maria, posto no sepulcro penetra na terra com a Sua humildade vivificante, e com a luz da Sua ressurreição ilumina e vivifica os mortos. Hoje, sábado, parece que a morte triunfou, que o último inimigo obteve a vitória máxima, matando o Filho de Deus. Mas não! No silêncio da morte o orvalho está pregnando na terra. Amanhã, domingo, a morte terá mais poder sobre Ele. Amanhã terá fim a vitória da morte… Se alguém pôde vencer o último inimigo, a nossa vida é esperança, pois o último inimigo, a morte foi aniquilado».

OS SÍMBOLOS PASCAIS

  1. O símbolo do fogo

Reconhecido pelos antigos como um dos quatro elementos do mundo, o fogo é um princípio ativo. As suas características são uma certa «imaterialidade» ou «espiritualidade», que o torna próximo de Deus. Tem capacidade de purificar e regenerar. Os ritos de purificação são bem conhecidos: basta lembrar as queimadas que preparam o manto verde da natureza: o crisol onde são purificados os metais, etc. Em sentido translato, o fogo representa o amor, as paixões que se aninham nos corações. Na Bíblia, o fogo é sinal da presença e ação de Deus no mundo, é expressão da santidade e transcendência divinas. As teofanias sob a forma de fogo marcam momentos ímpares da revelação de Deus: no monte Horeb, e Sinai, e são importantes sob o ponto de vista da vocação de alguns profetas.

Na liturgia da Vigília Pacal, o fogo representa a grande teofania de Deus: a nova criação realizada na ressurreição de Jesus Cristo.

  1. O símbolo da luz

A luz é a força fecundante, condição indispensável para que haja vida. Em oposição às trevas, que são, corolariamente, símbolo do mal, da infelicidade, da perdição e da morte, a luz exalta o que é belo e bom. Na Bíblia, Deus é luz. Jesus é a luz do mundo. Quem crê torna-se luz, reflexo da luz de Cristo. A vida inspirada pela fé é um «caminho na luz». A transfiguração de Jesus, manifestação da Sua filiação divina, é uma antecipação da glória pascal que ilumina os que crêem.

Entre todos os simbolismos que derivam da luz e do fogo, o Círio Pascal é a expressão mais forte pela sua riqueza de significados. É a fusão da Lua-cheia de Nisan (símbolo da salvação pascal) e o rito da luz (quando, à tardinha, os hebreus acendiam as lâmpadas), que é uma ação de graças pelo dom da luz. Representa Cristo ressuscitado, vencedor das trevas e da morte (os cravos do Círio), Senhor da história (os algarismos), princípio e fim de tudo, ( A e Ω), sol que não conhece ocaso. É acesso como o fogo novo, produzido em plena escuridão, pois na Páscoa tudo renasce.

A tipologia da luz é descrita no Exultet, que forma um todo orgânico com o anúncio da libertação pascal. A aclamação «Eis a luz de Cristo» é um memorial da Páscoa. A procissão com o Círio marca a presença de Cristo no meio do Seu povo.

  1. O símbolo da água

A água é símbolo da vida. Representa a eficácia do sangue redentor de Cristo, comparado à água que lava. A descida do catecúmeno à fonte batismal assemelha-se à descida de Cristo às profundezas da terra. A imersão do Círio Pascal na água é a união do elemento divino com o humano. A força fecundante de Cristo, gerador de vida nova, para que todos os que se banharem nessa água fecunda se tornarem filhos de Deus.

  1. Liturgia da Palavra

As leituras procuram dar uma panorâmica da História da Salvação, desde a criação até à nova criação realizada na morte-ressurreição de Jesus. De facto, parte-se do Génesis, onde «tudo era bom» (I leitura). No sacrifício de Isaac e na fé de Abraão estão prefigurados o sacrifício de Jesus e a adesão dos fiéis, pela fé em Cristo, ao projeto de Deus (II leitura). A libertação definitiva em Cristo e a «passagem» dos cristãos da morte à vida ( III leitura».

As crises de Israel no exílio na Babilónia suscitam a memória do amor perene de Javé pelo Seu povo, Sua esposa (IV leitura). As promessas de Deus cumprem-se na história, fecundando de esperança a vida dos homens, e essas promessas atrairão todos os povos de Deus (V leitura).

Quem foi infiel: Javé ou Israel? Baruc exorta Israel a tomar consciência do que fez, convidando-o ao arrependimento (VI leitura). Esgotados todos os recursos para salvar o povo, Deus anuncia a nova aliança, na qual Ele será o nosso Deus e nós seremos o Seu povo (VII leitura). Essa nova Aliança foi selada na morte e ressurreição de Jesus. Com o anúncio do Anjo: «Ele não está aqui. Ressuscitou», os cristãos começam a celebrar o memorial da presença de Deus no meio do povo (Eucaristia). Esse memorial tem início com o Batismo: mortos com Cristo, viveremos para Deus (Epístola, Liturgia batismal).

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