10 de julho de 2022 – 15º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A tendência mais forte que sentimos dentro de nós, perante as infelicidades dos outros é fecharmo-nos no nosso egoísmo, justificando-nos ilusoriamente com algum dever civil ou religioso a cumprir.

Jesus Cristo, pela Sua vida e Palavra, indica-nos um caminho muito contrário a este modo de proceder: quando os outros estão em necessidade urgente, nada nos desculpa e dispensa de os atender.

Este é o caminho da verdadeira misericórdia que o Senhor nos indica insistentemente, nos acontecimentos de cada dia.

  1. Fidelidade aos Mandamentos

Manifestam a vontade de Deus. «Moisés falou ao povo, dizendo: «Escutarás a voz do Senhor teu Deus, cumprindo os seus preceitos e mandamentos que estão escritos no Livro da Lei, e converter-te-ás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma

Moisés exorta o Povo de Deus a fazer a vontade do Senhor que os libertou da escravidão do Egipto e os vai conduzir à Terra da Promissão.

A vontade do Senhor, manifestada nos Dez Mandamentos da Lei de Deus, é o caminho do Céu para todos nós. A primeira preocupação do cristão é sabê-los de cor. Sem os saber, como poderá cumpri-los?

Depois, é preciso meditá-los, para compreender as exigências deles em cada momento da nossa vida. Não basta o que aprendemos na Catequese, porque, desde então, a nossa inteligência desenvolveu-se, e agora precisamos de mais esclarecimentos que dêem resposta aos nossos problemas.

A Lei de Deus concretiza-se numa série de indicações concretas de conduta que correspondem às exigências da nossa natureza para o seu florescimento total.

Quando queremos usar uma máquina — automóvel, máquina de lavar a roupa, a louça, ou qualquer outra e não queremos danificá-la, para que possa continuar a servir-nos, temos necessidade de usar uma série de regras que o caderno de instruções nos indica.

Se uma pessoa, por descuido ou voluntariamente, não as respeitar, é o primeiro a ser prejudicado.

Cada um dos Mandamentos é uma exigência da nossa natureza humana a qual foi criada por Deus. Ofendemo-l’O, ao transgredir os Mandamentos, porque danificamos a obra das Suas mãos que é cada um de nós.

Deste modo, compreendemos que os santos são as pessoas mais equilibradas que conhecemos e com quem nos dá gosto viver.

Pelo contrário, o pecado deforma-nos e impede o nosso desenvolvimento saudável. Cada um de nós foi criado para viver na Verdade, na Alegria verdadeira e no Amor.

Quando uma criança mente, rouba ou faz qualquer outro desmando, sofre interiormente. A criança é naturalmente sincera e, se a forçam a mentir, sofre uma grande angústia. Depois, com o hábito, a consciência vai perdendo a sensibilidade progressivamente, até chegar a coisas de cada vez mais graves. Não se começa a ser grande criminoso de uma só vez, a não ser que se trate de uma pessoa doente.

O cumprimento da vontade de Deus tem já uma recompensa na terra: o Senhor concede-nos uma grande paz e alegria.

  1. Vivendo a misericórdia

Uma vida de Amor de Deus. «Jesus disse-lhe: “Que está escrito na lei? Como lês tu?” Ele respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo”.»

O amor é uma palavra banalizada na linguagem das pessoas dos nossos dias.

Amar parece-nos, assim, uma palavra muito fácil, porque pensamos sempre na consolação do sentimento, quando pronunciamos a palavra amor.

Na realidade, amar é muis difícil do que isso. Não se trata de experimentar um sentimento passageiro, emotivo, mas de tomar conta de toda uma vida.

• Amar é dar o coração ao nosso Deus, presente em cada pessoa que se cruza connosco pelo caminho. «o amor não é apenas um sentimento, mas deve ser entendido no sentido que o verbo «amar» tem em hebraico: «fazer o bem». Como dizia Santo Inácio de Loyola, «o amor deve ser colocado mais nas obras do que nas palavras».[106] Assim poderá mostrar toda a sua fecundidade, permitindo-nos experimentara felicidade de dar,

a nobreza e grandeza de doar-se superabundantemente, sem calcular nem reclamar pagamento, mas apenas pelo prazer de dar e servir.» (Papa Francisco, A alegria do Amor, 94).

• Amar é dar-se, sem guardar nada para si. Diante dos que amamos, só temos um direito: amar, dando-nos.

 • Amar é renunciar aos nossos projectos e desejos e enfrentar os dissabores, perigos e privações para que os outros estejam bem.

Temos, como cristãos, uma missão sublime: tornar o amor de Deus presente na sociedade: «Com o testemunho e também com a palavra, as famílias falam de Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de Deus e mostram a beleza do Evangelho e do estilo de vida que nos propõe. Assim os esposos cristãos pintam o cinzento do espaço público, colorindo-o de fraternidade, sensibilidade social, defesa das pessoas frágeis, fé luminosa, esperança activa. A sua fecundidade alarga-se, traduzindo-se em mil e uma maneiras de tornar o amor de Deus presente na sociedade.» (Papa Francisco, A alegria do Amor, 184).

Mas ele é também inseparável do sacrifício, porque exige renúncia aos próprios gostos e lutar contra os o egoísmo, colocando-se ao serviço dos outros.

Por isso mesmo, o amor assim entendido, é indispensável para o nosso crescimento humano e sobrenatural.

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