10 de dezembro de 2023 – 2º Domingo do Advento – Ano B

Nenhum ser humano pode viver sem perspectivas de futuro, sem uma esperança maior que torne possível dar sentido à vida e à história. Sem esperança seca-nos o coração… Sem esperança, nenhuma semente se deixaria semear, nenhuma flor aceitaria ser polinizada, nenhuma criança quereria crescer… Mas, como encontrar hoje essa Esperança maior, que é para nós semente de alegria e que vem batizar no Espírito Santo; que nos quer falar ao coração; que vem para nos salvar?

No caminho para a alegria do encontro com o Senhor, a Liturgia da Palavra do 2º Domingo do Advento, diz-nos que é preciso preparar os caminhos do Senhor, para o novo êxodo, guiados pelo próprio Deus, acreditando que não há, na nossa vida vales que não possam ser elevados, nem montanhas que não possam ser abaixadas (Isaías)…; é preciso estar preparados para acolher o Senhor, que vem para criar um mundo novo, no tempo de vida que Deus concede a cada um (2ª de Pedro)… seguindo como exemplo João Batista, o servo cuja alegria é servir Aquele que vem e que chama ao deserto, ao essencial, à confissão dos pecados, a alijar a carga inútil de mentiras e vaidades (Evangelho).

Consolai, consolai o meu povo. Assim começa o chamado “Livro da Consolação” do profeta Isaías, cujo prólogo lemos na 1ª leitura. O povo de Deus passava por uma situação desesperada. Tinha perdido tudo e sofria um desterro terrível. Multiplicavam-se as feridas, as humilhações… Mas Deus, que não está ausente da nossa história, decide que este povo deve ser levantado e curado… Decide trazer luz à sua noite, e oferecer-se para o conduzir, com amor e solicitude ao encontro da verdadeira vida e liberdade.

Que extraordinário capital de esperança o profeta Isaías faz chegar até nós: Deus vem sempre ao nosso encontro e oferecesse-se para nos conduzir… Por isso, não fiquemos instalados e acomodados nas nossas misérias ou pecados, não percamos a capacidade de arriscar e a vontade de começar um novo caminho com Deus; não fiquemos resignados a uma vida banal, vazia. Saibamos abrir o coração à novidade do Pastor que vem para nos reunir, para nos mostrar o seu amor e a sua salvação…

No vasto deserto da solidão, que hoje se vive, seja no isolamento de quatro paredes sem calor humano, seja na confusão anónima das ruas, em que nos tocamos e cruzamos, sem nos vermos, sem chegarmos a sentir nada uns pelos outros, tornemo-nos sinal de consolação e esperança, falemos ao coração dos que lutam sozinhos, dos que combatem sem apoios, dos que falam sem nunca serem ouvidos, dos que caminham, pelo mundo, sem estrelas, nem companhia!

Assim se apresentou João Batista ao trazer-nos a boa notícia da proximidade do Senhor, já presente no meio de nós (Evangelho). Centrado no essencial, figura despojada e sóbria, à espera d’Aquele que batiza no Espírito Santo, João é o mensageiro que antecede o Esperado, a voz à frente da Palavra, o servo diante do Senhor, o que batiza com água, precedendo o que batizará com o Espírito Santo. Ele é dá voz à Palavra de Deus e fala ao coração do seu Povo! O seu grito de sentinela não deixa ninguém indiferente: envolve e compromete a todos: preparai, no deserto, o caminho do Senhor. Nos desertos da solidão e do abandono, do medo e da desesperança, do desencanto e do cansaço, é preciso abrir estradas, altear vales, abater montes e colinas…; ou dito de outro modo, é preciso eliminar as distâncias, abrir um corredor, montar um hospital de campanha, para que Deus possa chegar até nós, passar no meio de nós, aproximar-Se de todos, abaixar-se e curar as feridas de cada um!

O Advento é o tempo para escutarmos a voz que clama no deserto: preparai os caminhos do Senhor; é o tempo da graça para reavivarmos a esperança e pormos em prática o baptismo de penitência e conversão, mudando radicalmente de vida, de comportamentos de mentalidade.

Preparar a vinda do Senhor, preparar Natal, é ter a coragem de ir, não até ao hipermercado para ver última novidade ou comprar o último presente, mas até ao deserto, lugar de silêncio, onde se pode, mais facilmente, escutar a voz que fala ao coração. Aceitemos o desafio, regressemos espiritualmente ao deserto e sentemo-nos ao lado de João Batista que nos apontará aquele que está para chegar e nos batizará no Espírito Santo.

 

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