1 de janeiro de 2022 – Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus – Dia Mundial da Paz

A Igreja contempla na oitava do Natal, sem desviar os olhos de Cristo, a criatura por meio da qual tão grande mistério se tornou possível. O Filho de Deus encarnou, por obra do Espírito Santo, de Maria, sempre virgem, que por isso é verdadeiramente Mãe de Deus.

A plenitude do tempo e Nossa Senhora

A Igreja depois de contemplar, sempre com espanto e adoração, Jesus o Verbo de Deus encarnado, durante a oitava do Natal, como que repara com mais atenção nas palavras do Evangelho. Lemos que S. Lucas e S. Mateus nos dizem que os pastores e os magos encontraram Jesus “com Maria”. É como se a Igreja caísse na conta de que, então, aquela humilde mulher que ali está, junto do berço do Filho de Deus, num humilde segundo plano, é a Mãe de essa Criatura que é o Criador. É a Mãe de Deus.

Deus tornou-se presente no mundo criado, de um modo novo, pela força do seu poder e do seu Amor; e fê-lo por meio de Maria. “É a sua vinda ao mundo que permite à história chegar à sua plenitude (…) Assim, a plenitude do tempo é a presença de Deus em pessoa na nossa história. Agora, podemos ver a sua glória que refulge na pobreza dum estábulo, e ser encorajados e sustentados pelo seu Verbo que Se fez «pequeno» numa criança. Graças a Ele, o nosso tempo pode encontrar a sua plenitude. Também o nosso tempo pessoal encontrará a sua plenitude no encontro com Jesus Cristo, Deus feito homem” (Papa Francisco, homilia, 1-I-2016).

Por meio de Nossa Senhora, da sua maternidade, Deus se aproxima de nós de um modo inimaginável. É possível tocar Deus em Cristo; e a sua Humanidade é toda de Maria. Por isso a devoção a Maria, Mãe de Deus, é sempre devoção a Jesus Cristo. As nossas Ave-Marias são a proclamação gozosa de esta grande verdade da nossa Fé. Rezemos sempre com admiração, agradecimento e amor essas palavras que tanto gosta de ouvir Nossa Senhora.

 

 A Maternidade divina de Maria

O Servo de Deus Paulo VI dispôs que a solenidade da Maternidade divina de Maria fosse celebrada no dia 1 de Janeiro. Explica o Santo Padre o lugar preeminente da festa, porque “está destinada a celebrar a parte que Maria teve no mistério da salvação e a exaltar a singular dignidade de que goza a Mãe Santa (…], por quem merecemos receber ao Autor da vida” (Paulo VI, E.A. Marialis cultus, 5 ).

A Maternidade divina de Maria é um privilégio, inimaginável, recebido por Nossa Senhora, que constitui como que a causa e o compendio de todos os dons que Deus Lhe concedeu. É uma verdade que sempre esteve presente no coração dos seus filhos, mas que só no Concilio de Éfeso (ano 431) foi definida como dogma.

Os padres conciliares tiveram em conta que Maria é a Mãe de Jesus, o Filho de Deus Unigénito, que assume a natureza humana de Maria. “A partir do instante em que a Virgem disse «fiat», o Verbo pôde dizer: «este homem sou Eu», Jesus gerado por obra do Espírito Santo, é verdadeiro homem porque tem uma natureza real e perfeitamente humana. E é verdadeiro Deus, porque a pessoa que sustenta essa natureza não é outra senão a do Verbo (…) As verdadeiras mães são-no do filho completo, quer dizer, da natureza e da pessoa. É lógico, porque pessoa e natureza são realidades distintas, mas não separáveis (…) Maria dá a Jesus -quer dizer, a Deus Filho- tudo o que uma mãe da ao seu filho. Ela é, pois, sem sombra de dúvidas e em sentido próprio Mãe de Deus Filho” (A. Orozco, Mãe de Deus e nossa Mãe, pg. 22-23).

O sensus fidei do povo cristão, sem tanta profundidade teológica, já reconhecia esta verdade no seu coração. E a proclamava com tal veemência que, como referia o Papa Francisco com bom humor, os cristãos de Éfeso rodearam a basílica onde estavam reunidos os bispos assistentes ao Concilio gritando “Mãe de Deus”. E diz o Papa: “Conta-se, mas não sei se a história é verdadeira, que alguns de entre aquelas pessoas tinham os bastões na mão, talvez para dar a entender aos bispos o que lhes aconteceria se não tivessem tido a coragem de proclamar Maria «Mãe de Deus». Sem bastão, convido a todos vós que vos levanteis e, de pé, Lhe dirijais por três vezes esta saudação da Igreja primitiva: «Santa Mãe de Deus»!” (Papa Francisco, homilia, 1-I-2015).

 

A festa da maternidade

A Igreja começa cada ano recordando aos seus filhos que Deus Filho quis ser também filho de uma Mãe. Quis entrar no tempo terreno como todos nós, envolvido na ternura e no amor materno. Celebrar a Maternidade divina de Maria é celebrar o tesouro preciosíssimo de toda maternidade. Deus é Pai e Mãe ao mesmo tempo, mas poderíamos dizer que é mais mãe do que pai, porque gera o Filho dando-Lhe tudo o que o Pai já é, a sua natureza divina, sem limites, numa doação de amor total. São conceitos que nos recordam bem aquilo que são as mães. A mãe rodeia de tanto amor o filho que o torna capaz de amar. Costuma-se dizer que só é capaz de amar quem já experimentou ser amado. Sem receber amor a pessoa não se reconhece e não sabe amar.

Deus ama cada um dos seus filhos, cada um de nós, com um amor infinito, fiel, terno e permanente. Tudo o que acontece na nossa vida é manifestação de esse amor providente de Deus. Por isso quis que nascêssemos de uma mãe e que experimentássemos, assim, o Amor que Deus é e com que nos ama. Deus ama, de modo muito especial, por meio das mães. Mas o amor divino quis ainda mais. Quis que todos fossemos filhos, como o próprio Filho de Deus é, da Mãe das mães. Por isso fomos entregues aos cuidados de Maria na pessoa de S. João evangelista, e nos pede que acolhamos esse amor materno que vibra em total sintonia com o Amor de Deus.

Por isso “Celebrar a festa da Santa Mãe de Deus faz despontar novamente no rosto o sorriso de nos sentirmos povo, de sentir que nos pertencemos; saber que as pessoas, somente dentro duma comunidade, duma família, podem encontrar a «atmosfera», o «calor» que permite aprender a crescer humanamente, e não como meros objetos destinados a «consumir e ser consumidos». Celebrar a festa da Santa Mãe de Deus lembra-nos que não somos mercadoria de troca nem terminais recetores de informação. Somos filhos, somos família, somos povo de Deus” (Papa Francisco, homilia, 1-I-2017).

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