DOMINGOS DO TEMPO COMUM

A vida não é feita apenas de festas. A bela melodia não se faz apenas de tempos fortes. A natureza não está sempre em flor: há tempo para as árvores se encherem de seiva e rebentarem de folhas: só depois é que vêm as flores e os frutos. O homem, ao caminhar, tem um tempo de movimento e um tempo de apoio e descanso para novo impulso e novo passo.

A Liturgia também respeita este ritmo. Os Domingos do Tempo Comum são os domingos em que o homem aprofunda as reflexões feitas nas solenidades celebradas (muitas vezes, em clima de certa euforia), tira as consequências, vive o compromisso. É o tempo para cada cristão provar a sua fidelidade, nas horas boas e más, para além da alegria e da compensação imediata. É também para viver a fé a toda a prova, para esperar contra toda a esperança, para atuar com amor, apesar da frieza e do anonimato do convívio social. É tempo de ser aquilo que se celebra.

Ser bom um dia não muito; fazer uma ação extraordinária pode não ter grande mérito; ser herói uma vez também não. O verdadeiro heroísmo está em fazer bem feitas as coisas mais normais da vida quotidiana, apesar da rotina e do cansaço. E em ser o que se faz.

Mas, para o cristão, cada Domingo é um dia de festa. Nele celebramos sempre a festa da Páscoa. Cada Domingo, ao participar na Eucaristia, levamos a vida da semana, comparamo-la com a Palavra de Deus, iluminamos e fortalecemos a nossa fé, alimentamo-la no Sacramento dos peregrinos e somos novamente enviados para a vida.

Neste tempo da vida cada cristão é chamado a fazer uma experiência mais profunda da sua filiação divina, e a viver mais profundamente a realidade da grande promessa de Jesus: “Eu estou sempre connosco, até ao fim dos tempos” é o tempo da evangelização, do anúncio do Reino, com a palavra e com a vida. É além disso, um forte apelo aos que, no Domingo de Pentecostes, receberam o Sacramento da Confirmação: “Ide por todo o mundo anunciai a Boa Nova”.