28 de agosto de 2016 – 22º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Na liturgia deste domingo vamos confrontar-nos com o valor da humildade e da simplicidade. Estas duas virtudes tornam-nos semelhantes a Cristo, que veio para servir e não para ser servido.

A disponibilidade constante é que nos transmite a alegria interior da imagem e semelhança com Deus, num novo modo de encarar a prática religiosa em alegria e festa.

O banquete do Reino

Geralmente, na Bíblia, o Reino de Deus é comparado a um banquete. E é neste contexto que, muito frequentemente encontramos Jesus: participando da festa que as pessoas fazem, conversando, ensinando, rindo. É este o sinal de que Ele é o «Emanuel», o «Deus-connosco». É o Deus que desce para o meio dos homens, que come com eles, que participa dos seus jogos e os quer ver alegres, serenos e felizes.

Ora, em Israel é dada muita importância à hierarquia, sendo os lugares à mesa distribuídos com muita atenção: no meio ficam as pessoas de respeito, ao lado delas, o dono da casa, só depois os outros convidados por ordem de idade. Todavia, como Jesus notou durante a refeição para que recebera convite, havia sempre aqueles que queriam sobressair e se enfiavam nos lugares que não lhes eram devidos. Por tal motivo Jesus conta a parábola que ouvimos ler, limitando-se a recordar um provérbio conhecido de todos os israelitas. Mas, não sendo novas as palavras, novo é o ensinamento que Jesus lhes quer transmitir.

Recordando os lugares que no seu tempo eram destinados à «gente de bem» insiste que devem ceder o lugar a outras pessoas: aos pobres, aos aleijados, aos coxos, aos cegos. Nota que é preciso dar início a um banquete novo. Um banquete em que os excluídos, os rejeitados por todos, se tornam os primeiros convidados, aqueles a quem se reservam os lugares de honra.

Estes, na nossa sociedade actual, são o símbolo dos que caminham sem a luz do Evangelho e, por isso, tropeçam, caem, magoam-se e magoam os outros. São aqueles que levam uma vida irregular, os que fracassaram…

Que lugar lhes reservamos nós, nas nossas comunidades? No nosso meio de trabalho, nas nossas relações sociais? Qual o apoio concreto que lhes damos? Ajudámo-los ou criticamos, repreendemos, ameaçamos, humilhamos? Teremos de nos lembrar, pelo menos de vez em quando, que a festa do banquete do Reino foi realizada para eles!…

Devemos amar o pobre não pela recompensa, por um lugar no paraíso, que nos é oferecido gratuitamente, mas porque Jesus nos fez compreender que é maravilhoso amar como Deus ama. Quando amamos com gratuidade, com humildade e simplicidade, sem exaltação pelos dons que conseguimos distribuir, recebemos o maior de todos os prémios: tornámo-nos semelhantes ao Pai que está nos céus, experimentamos a Sua própria alegria.

A disponibilidade para os irmãos

Os dons que Deus nos deu foram-nos concedidos para que, à nossa volta, os doemos aos irmãos. Por isso, a primeira leitura nos diz que humilde é aquele que, estando consciente dos próprios dons e qualidades, se põe ao serviço solidário e disponível aos outros, como quem está sempre pronto a receber ordens dos superiores. Na humildade e simplicidade se constroem relações de solidariedade que nos transmitem felicidade e põem termo ao egoísmo, à competitividade e à ostentação.

Como construímos nós as nossas comunidades? Não será que entre nós, os que são mais dotados materialmente ou mais preparados intelectualmente, querem elevar-se acima dos outros? Ou então, não existirão os que tendo qualidades as querem ocultar, para não terem que ser chamados a servir os demais? O que significa para nós ser mansos e humildes como Jesus?

Cristo conduz-nos à alegria e à festa

Somente seguindo os passos do Mestre, assumindo uma atitude de amor ao irmão, acolhemos realmente o Reino de Deus e a verdadeira religião da alegria e da festa. Ou será que na nossa maneira de encarar a religião ainda se mantém em nós «o terror do fogo ardente, das trevas densas e o som da trombeta do Deus distante», representado no Antigo Testamento?

Em Cristo descobre-se o verdadeiro rosto de Deus amigo dos homens, como nos diz S. Paulo, na segunda leitura. Por esse motivo sabemos que nos podemos dirigir directamente a Deus nosso Pai, sem qualquer sombra de receio para participarmos da alegria e da festa no banquete para que todos fomos convidados.

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