15 de janeiro de 2017 – 2º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Notam-se em algumas pessoas sintomas de doença espiritual: falta de esperança, como se depois desta vida nada mais houvesse a esperar, traduzido na vida por um materialismo prático; procura de um cristianismo light, sem mandamentos nem sacrifício, acomodado às nossas más tendências; uma falsa esperança de que a ciência acabará por perpetuar a vida do homem sobre a terra.

  1. Jesus Cristo, único Salvador

Em todos os tempos, com particular incidência em nossos dias, por causa do endeusamento do progresso, as pessoas são tentadas a dispensar Jesus Cristo das Suas vidas, e a recusar-se a aceitá-l’O como único Salvador do mundo.

  1. a) Enviado do Pai. «Disse-me o Senhor: ‘Tu és o meu servo, Israel’.» Embora estas palavras tenham sido dirigidas ao profeta Isaías, em última análise, elas são dirigidas ao Povo de Deus.

A Igreja é o Povo de Deus da Nova Aliança, realizada no Calvário, no Sangue do Cordeiro.

Participamos da missão profética, real e sacerdotal de Jesus. Cada um de nós foi resgatado por Ele, para assumir também a Sua mesma missão. A cada um de nós diz o Senhor que nos chamou desde o seio materno. Não há pessoas a mais no mundo, ao acaso. Todas foram chamadas à vida e à Igreja por Deus, com amor infinito.

Há pessoas que se queixam de serem mal-amadas, de viverem sem o amparo de qualquer afecto. Não é verdade. Cada um de nós foi chamado à vida presente por Deus, com amor infinito, para realizar uma tarefa grandiosa no mundo.

  1. b) Salvador do mundo. «E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele

As pessoas sonham com uma vida sem sacrifício e tentam sacudir dos ombros o jugo suave e o peso leve da cruz. Procuram adorar falsos deuses, atraídos pela promessa duma felicidade que nunca chegam a gozar.

Estão de moda o prazer dos sentidos, em todas as suas formas, a idolatria do dinheiro e da afirmação pessoal, em cargos ou bens que ostentam com vaidade.

As pessoas caíram na ilusão de construir um paraíso na terra, pondo de lado o amor e substituindo-o pelo ódio. Tornaram-se escravos da máquina do Estado materialista.

Jesus Cristo, de ontem, de hoje e de sempre, vem restituir-nos a esperança e, com ela, a alegria de viver.

  1. c) Chama cada um de nós. «Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra.» Como hei-de participar nesta missão salvadora de Jesus Cristo? Fazendo a vontade do pai, realizando a vontade de Deus a meu respeito, na vocação a que Ele me chamar.

O importante não fazer coisas importantes ou ocupar cargos de destaque, brilhando aos olhos dos homens, mas fazer a vontade de Deus, viver com generosidade a vocação pessoal de cada um de nós.

É vivendo com generosidade crescente a vocação a que o Senhor nos chamou que seremos a luz do mundo.

As pessoas já não entram no templo para ouvir a Palavra de Deus; desapareceram os sinais do sagrado no mundo do trabalho, do ensino e na grande cidade percorrida pelos homens.

Precisam de encontrar um testemunho vivo de que Deus existe e nos ama no amor gratuito e generoso de cada um de nós ao seu irmão.

Somos chamados a «encarnar» na vida de cada dia a imagem de Jesus Cristo. Interpelemo-nos constantemente: como faria Ele, se estivesse aqui e agora?

  1. Acolher Jesus Cristo

A cena do Evangelho passa-se nas margens do Jordão onde João Baptista pregava e administrava um baptismo de penitência. Este não era o Sacramento da Nova lei, pelo qual se infunde a graça santificante, com os dons do Espírito Santo e as virtudes teologais, e se apaga a mancha do pecado original.

Ao recebê-lo, as pessoas proclamavam com este gesto que acolhiam o plano de redenção do Pai.

  1. a) Atenção aos sinais. «Naquele tempo, João baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro[…].»

Como passou junto de João Baptista, Jesus Cristo passa muitas vezes ao nosso lado, para nos ajudar no caminho da santidade pessoal.

Fala-nos naquela pessoa que precisa da nossa ajuda, que nos oferece os seus préstimos, ou mesmo nos trata com pouca ou nenhuma deferência.

Precisamos de muita atenção, vivendo na presença de Deus, para encararmos com fé o que nos quer dizer. Ele interpela-nos a cada instante: pedindo ajuda, falando ao nosso coração, chamando a atenção para algum aspecto da nossa vida.

Com este espírito de fé, conseguiremos ver maravilhas onde outras pessoas não descobrem nada mais alem do quotidiano.

  1. b) Fidelidade ao Espírito Santo. «João deu mais este testemunho: ‘Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e repousar sobre Ele‘».

Também recebemos o Espírito Santo, no momento do nosso Baptismo. Como nas margens do Jordão, o Espírito Santo desceu sobre nós, os céus – fechados para nós desde o pecado original dos nossos primeiros pais – abriram-se e o Pai proclamou – referindo-se cada um de nós – o mesmo, embora com a diferença entre filiação de Jesus e a nossa: «Eis o Meu ilhó muito amado.

A partir de então, tornámo-nos filhos de Deus. Foi-nos dado o Espírito Santo para que, com toda a suavidade, nos ajude a formar em nós a imagem viva de Jesus Cristo.

Para o conseguirmos, além de muita graça de Deus, temos necessidade de uma atenção constante às inspirações do mesmo Espírito e de segui-las com prontidão e delicadeza. O nosso exame de consciência de cada noite deve incidir essencialmente nisto: fui dócil ao Espírito Santo em cada momento do meu dia?

Sem este esforço não conseguimos ser imagens vivas de Jesus Cristo que arraste ao Seu encontro aqueles que O perderam de vista ou nunca o conheceram.

  1. c) Testemunhas de Cristo. «Ora eu vi e dou testemunho e que Ele é o Filho de Deus

O nosso encontro com Jesus Cristo em cada Domingo, na Celebração da Santa Missa, deve continuar durante a semana. Saímos do templo com a missão de dar testemunha do Seu Amor, da alegria que infunde em nós e da felicidade para onde nos conduz, pela nossa conduta.

A alegria e acolhimento que manifestamos na família, com uma atenção carinhosa a cada pessoa que a integra; a paciência, cordialidade e perfeição no trabalho há-de levar as pessoas a interrogar-se: «se esta pessoa tem os mesmos problemas de cada um de nós, qual o segredo deste seu modo de se comportar?

Havemos de estar sempre disponíveis para «dar às pessoas a razão da nossa esperança.»

Na vida silenciosa e Nazaré, Nossa Senhora e S. José não fizeram coisas extraordinárias. De outro modo, estariam narradas no Evangelho, para nossa edificação.

Foi com o ordinário de cada dia, vivendo-o de modo extraordinário, que ajudaram os seus conterrâneos na sua caminhada para Deus.

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