13 de outubro de 2015 – Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Pela mão de Maria, hoje invocada no mundo inteiro como Nossa Senhora de Fátima, sigamos até à Cruz de Jesus, onde a Humanidade é redimida. E, ouvintes da Palavra, aprendamos a conversão do coração para testemunharmos a santidade no dia a dia.

Precisamos de Mãe

Basta olhar à nossa volta. Basta ter o cuidado de parar, acolher e ouvir: as angústias e dores de uma humanidade ferida, cada vez mais ferida.

Basta ler os jornais: o consumo de anti-depressivos aumenta assustadoramente e os nossos adolescentes «brincam» com as fontes da vida pondo em risco o próprio futuro da sociedade. E faltam políticas responsáveis que eduquem para o sentido da responsabilidade.

Carências afetivas sobretudo na infância e adolescência porque pai e mãe estão ausentes revelam-se desastrosas no futuro. Todos precisamos de um colo.

Na ordem da expressão da fé católica, Maria, a mãe de Deus e Mãe da Humanidade, tem-se afirmado como o colo do refúgio de todos, mesmo dos afastados e até ditos ateus. Basta olhar, experimentar, observar o que se passa em Fátima, tornada altar do mundo. Ali acorre gente vinda dos diversos quadrantes do mundo e mesmo das mais diversos expressões da fé. Maria a todos acolhe.

Ligada à piedade popular não faltam manifestações de religiosidade por esse mundo fora. Seja onde a devoção a Nossa Senhora de Fátima chegou e deu novo vigor à expressão da fé dos católicos, seja em quase todas as comunidades onde existem portugueses emigrados: Fátima faz parte da sua «alma», como faz parte da «alma» nacional, como as exéquias da Irmã Lúcia tão bem evidenciaram.

Levar a Jesus a humanidade de hoje

Maria «arrasta» para Jesus. Foi e é sempre essa a Sua missão. Olhemos para Fátima, olhemos para tantos santuários espalhados pelo mundo, reconheçamos que, sem Maria, a expressão da fé católica perde uma parte substancial e corre o risco de se tornar demasiado racional, seca e distante.  E desta «secura» espiritual que reconhecemos nos nossos tempos facilmente se aproveitam as seitas que exploram uma afetividade faminta e não trabalhada.

Perante tudo isto, que Cristo apresentamos nós hoje? Se Maria nos traz as multidões, que «alimento» fornecemos nós?

Silenciosa, vemo-l’A ao pé da cruz. Os pintores registam o acontecimento situando-A de pé. Como, aliás, convinha a Quem tão heroicamente assumia por inteiro as dores da Humanidade: «Mulher, eis o Teu Filho».

Urge recuperar a dimensão da Cruz na ação pastoral de hoje. Sem os gongorismos de outrora ou  os sentimentalismos piegas que não iam além de umas lágrimas superficiais. A Cruz onde Cristo salva a humanidade; a Cruz de onde surge a redenção hoje celebrada e atualizada nos Sacramentos da Igreja. Ir ao essencial passará certamente por uma nova ousadia na apresentação do Cristo Crucificado, diante do Qual estão de pé tantos homens e mulheres que, à semelhança de Maria e de João, se comprometem na construção de um mundo melhor, com horizontes de eternidade como proposta libertadora para os «feridos da vida» que a sociedade materialista e consumista tanto alimenta.

Propostas

Viver Jesus Cristo passa por esta coragem de estar, como Maria, junto da Cruz dos crucificados de hoje. Atentos às novas feridas que emergem numa sociedade doente e à procura de novas referências mostrando-se cansada daquelas que, ao longo dos séculos, lhe foram propostas.

Celebrar Nossa Senhora de Fátima implica uma proposta de conversão permanente, que passa pela penitência diária, apresentada certamente em novos moldes. Implica ir ao essencial da Mensagem que Nossa Senhora deixou, interpretando-a na fidelidade ao que Lúcia escreveu e comungando a leitura que dela faz a Igreja, na atenção constante aos homens e mulheres do nosso tempo.

Olhar para Nossa Senhora de Fátima leva a descobri-l’A como a mulher da contemplação, do silêncio de ouro que fala mais alto que as palavras. E a retirá-l’A do lugar distante e ideal em que tantos  A colocam para A trazermos para junto de nós, onde Ela quer estar como Mãe a dar-nos a mão e nos aproximar de Seu Filho.

Ver o essencial do que aconteceu em Fátima é descobrir nos pastorinhos o amor à Eucaristia e parar diante deste Mistério de Amor, como Lúcia que não só viu e falou com Nossa Senhora, como fez da sua vida uma contemplação permanente de Jesus Eucaristia.

Como Maria junto à Cruz ou os pastorinhos na contemplação do «Jesus escondido», aprendamos nós a parar diante do Santíssimo Sacramento.

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