Criar, planear e executar. Três ações que não se podem desligar no desenvolvimento de qualquer projeto, mesmo que interpretadas numa tensão provocada pela conjugação desses três verbos umas vezes na primeira pessoa do singular, outras do plural.
No meio empresarial ou no institucional, o desafio de se atingir o coletivo, o grupo, a comunidade é de todas as gerações. Na atual, procura-se esse horizonte num contexto marcadamente individualista, de relacionamentos frequentemente mediados pela tecnologia e na consideração fragmentada de seres ou coisas, válidas num instante e no seguinte já não.
Mas, mesmo assim, o “nós” permanece como o ambiente indispensável para a sustentabilidade de todos os projetos e qualquer itinerário de vida.
Na Igreja Católica, a realização de um Sínodo é a afirmação de que se persegue o desejo “caminhar com”, de agir e decidir em conjunto. O que aconteceu no Vaticano, na primeira metade do mês de outubro, demonstra-o. Alarga mesmo esta atitude, pois a reflexão de uns poucos está agora em debate alargado, em todo o mundo, tendo por centro a família e “os desafios pastorais” que coloca.
Em Portugal, as dioceses de Beja, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco e Viseu estão em caminhada sinodal. Procuram criar, planear e executar dinâmicas de evangelização em conjunto, tendo por referência os indicadores das sociedades atuais. Esse o caminho para auscultações abrangentes, estudos aprofundados e decisões representativas das opiniões recolhidas. Numa condição: todo o processo não pode ser fictício, mas tem de permanecer próximo da realidade, em qualquer uma dessas fases. E tem também incluir a vontade de transformar a realização de um sínodo, num momento determinado, em estados de sinodalidade permanente. As propostas nas diferentes dioceses vão-se alargando nesse dinamismo.
Em Viseu, por exemplo, as iniciativas sinodais começaram em 2010 e prolongam-se até julho de 2016.
Criar, planear e executar. E avaliar, também.
A avaliação é transversal a muitas organizações, mas remetida com frequência para o foro pessoal no meio eclesial. E mesmo quando acontece, as consequências ficam normalmente para outros “reinos”, sem deduções lógicas que provoquem mudanças de rumo, antes gerando apatias e indiferenças diante do inacabado.
A avaliação séria e consequente de um projeto e das pessoas que o realizam determina o sucesso do seguinte.
Criar, planear, executar e avaliar. Verbos para nós conjugarmos. Todos juntos.
Paulo Rocha,
Agência ECCLESIA