PÁSCOA

Páscoa é passagem. A passagem é sempre um programa difícil. Somos levados a acomodar-nos à situação presente, sem vermos que o futuro pode ser melhor. É dura a passagem para a criança que chora, ao ter de abandonar o aconchego do seio materno para entrar num mundo diferente. É dura a “passagem” de um mortal que tem de deixar este mundo para partir para a outra margem da vida. É dura a vida do emigrante que tem de deixar a terra natal para partir para o desconhecido; o imprevisto, a aventura. A passagem é um programa difícil.

Na Bíblia fala-se de uma grande passagem ou “páscoa”. O povo de Israel fez a grande travessia do deserto, passando do Egipto para a Terra Prometida. A Páscoa é a memorial dessa passagem. Em Cristo, que passa da morte para a vida, acontece a passagem definitiva que decreta sempre a vitória sobre as forças da morte.

Os cristãos, à semelhança dos discípulos de Emaús, aceitam pela fé esta ressurreição do Senhor, e passam pelo mundo a anunciar que a vida tem um sentido.

Os 50 dias da Páscoa são para celebrar a festa da presença do Senhor no meio do seu povo. Não são dias de jejum nem de tristeza, pois o Esposo que fora tirado à Igreja lhe foi restituído (Mt 9,15). No sangue de Cristo foi selada uma nova Aliança. Nasceu uma vida nova. Já não somos servos – somos amigos (Jo 15, 14-15). Mais: somos irmãos (Mt 28,10). Entrámos definitivamente na família dos filhos de Deus.

Os Domingos que se seguem não são, pois, Domingos depois da Páscoa, como antigamente se dizia; são Domingos da Páscoa. E o primeiro é o próprio Domingo da Ressurreição do Senhor, pois foi nele que a festa começou. Se a Igreja “em cada semana, no dia a que chamou Domingo, celebra a memória da Ressurreição do Senhor (SC,102), muito mais a deve celebrar nestes Domingos de Páscoa.

Neles, Jesus quer:

-Fortalecer a fé dos Apóstolos na Ressurreição, por meio das Suas aparições (Act.1,3), preparando-se para a despedida, ajudando-os a amadurecer numa fé que não exija a Sua presença Física;

-Continuar a instruí-los acerca do Reino de Deus (Act.1,3);

– Abri-los à ação do Espírito que lhes há-de ensinar tudo o que, por agora, não podem entender.

Tudo isto há-de produzir em nós a ação destes Domingos de Páscoa, a dois mil anos de distância. A Igreja cristã é uma Igreja pascal: na Páscoa nascem os seus novos filhos pelo Batismo, que são alimentados pela Eucaristia e fortalecidos pelo Espírito Santo. Na Páscoa a Igreja celebra o grande fundamento da sua fé: a Ressurreição de Cristo. “Se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados” (1Cor 15,17).

De Cristo, nasce uma vida nova para o cristão. Eis porque estas festas têm de ser celebradas “não como fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da pureza e da verdade” (1Cor 5,8).

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