ORAÇÃO EM FAMÍLIA

Igreja doméstica

A família é «igreja doméstica», é parcela viva da Igreja, Esposa de Cristo, é comunhão no amor que gera união, laços de intimidade. O sacramento do matrimónio é fonte de união, de comunhão, de verdadeira partilha. Os membros da família devem buscar sem cessar uma maior comunhão, uma maior partilha, uma união cada vez mais alicerçada no amor. E este é dom, dádiva, inter-ajuda, partilha que se esforça no serviço, na amizade sincera, na inter-comunhão.

Como «igreja doméstica», a família tem de se juntar para rezar, para exercer a sua liturgia «caseira», para viver a sua oração familiar. À semelhança da Igreja, Esposa de Cristo, a família precisa de encontrar espaços de oração, de reflexão, de comunhão em Deus, de vivência da fé, expressa em louvor, em súplica, em ação de graças, numa palavra, em oração autêntica.

Hoje é mais difícil rezar em família. A vida mais agitada, mais turbulenta, mais ocupada. Horários diferentes, compromissos sociais fora do horário de trabalho, ocupações com grupos sindicais, culturais, ou outros, dificultam a oração familiar. A televisão e a internet que são um cinema dentro da própria casa, que têm uma presença quotidiana, ocupam os serões, dificulta o encontro, o silêncio, o ambiente para a oração da família. Urge, contudo redescobrir tempo, formas, estilos de oração familiar. Família que não reza não pode ter paz, comunhão, força do Alto para viver plenamente as consequências do amor no dom, amizade, dádiva, compreensão, etc.

Deus no meio

Quando dois, ou três, ou mais se juntam e unem em «nome de Cristo», o Senhor está presente, fica no meio atraído pela comunhão, pela unidade. Esta é como um cálice que contém a Deus. O Senhor fia vivo, atuante, no meio daqueles que estão unidos no seu amor.

Onde existe o amor cristão, há Deus, habita o Senhor. Onde não há amor não existe a presença vivificante, atuante do Senhor, da sua graça, da sua ação feita paz, alegria, concórdia. Por outro lado, quando a unidade dos crentes atualiza a presença de Jesus, gera-se vida nova, intensifica-se a comunhão e a presença d’Ele é penhor de salvação, de graça, de luz, de alegria, de força.

A união familiar que brota da essência da graça do sacramento do matrimónio, é «lugar privilegiado» para atrair a presença de Deus. Se os cônjuges, se pais e filhos, se todos os que compõem a família, que formam o agregado familiar, que são pedras vivas da Igreja doméstica, vivem unidos, se se olham com amor, a família, e o próprio lar, torna-se «sacrário», templo de Deus, presença viva de Jesus.

Que o primeiro esforço seja este: ver Jesus nos outros, criar este sentimento de presença. O mesmo, nas relações familiares, nos momentos de descanso, no passeio, nas conversas, nos momentos de busca de solução de qualquer problema, etc.., tentar ver Jesus em cada membro da família. Atrair o Senhor através desta verdadeira união, coloca-Lo em cada momento no meio da família, através da unidade. Olharem-se de modo sempre novo, renovado, com sentimentos evangélicos.

Rezar a Família

Já é bom e uma obrigação, um dever para com os familiares, rezar por eles. Rezar pela família, pedir graça, dom, ajuda, fidelidade. Conscientes das necessidades, dificuldades, provações, ir suplicando ao Senhor, Pai Providente, as graças e as bênçãos para os familiares. A oração é uma das melhores formas de amor. De dedicação, de estima, de ajuda. E fazemos muito pelos outros quando oramos por eles.

Mas há algo ainda mais importante. Rezar a família, ou seja, rezar cada pessoa, coloca-la em Deus, ver diante do Senhor o bem e o mal, o trabalho e o viver, o positivo e o fracasso, as necessidades e os projetos de cada membro da família. Dar-se tempo para dialogar com Deus acerca da família, de cada pedra viva da «igreja doméstica».

Rezar a família, terá como fruto, sair da oração amando-os mais, vendo-os com outros olhos, tendo outra atitude, outro procedimento. Se há este tipo de oração, não ficarei tanto a deter-me no negativo, no defeito, na imperfeição. Ao colocar os membros da família diante do Senhor, ao coloca-los no oração do Senhor, consigo motivos para os amar, compreender, ajudar, desculpar.

Falar com Deus acerca de cada um dos familiares, sobretudo aquele ou aqueles que no momento atual nos custam mais a compreender, a aceitar, a ter paciência, ou aquele que nos magoou, ofendeu, teve uma atitude que nos desgostou. Então sairemos da oração a amá-lo mais, a vê-lo com outros olhos.

Escutar a Palavra

A Palavra de Deus é letra viva, espada de dois gumes, produz aquilo que diz, é eficaz. A fé vem da Palavra. E esta é que vai transformando a vida, a existência quotidiana. Daí que meditar, ler, rezar a Palavra é exigência cristã. E a família deve em comum refletir e partilhar a Palavra.

É pena que em muitos lares cristãos não haja uma Bíblia. A família cristã deve concentrar-se à volta da Palavra, como antigamente o Povo à volta da Arca da Aliança, que continha as tabuas da lei. E se a Aliança de Deus com o Povo era firmada pela Palavra, urge que a aliança familiar se firme e alicerce na mesma Palavra.

A família é convidada a juntar-se para ler e refletir os textos de cada missa dominical. Lê-los, pensar um pouco sobre eles, partilhar assuas impressões e ressonâncias. E a partilha é enriquecimento para todos, pois cada um apontará aquilo que viu, sentiu, saboreou. Ao menos, um serão por semana, dedicada à leitura e assimilação da Palavra de Deus para depois ir passando à vida concreta. Fazer, depois da leitura, um projeto familiar para ser vivido por todos ao longo da semana.

Escutar a Palavra e pô-la em prática é para Jesus, condição para alicerçar a nova família dos «seus irmãos» (Mt 12,50). É o prodígio que a Palavra lida e rezada em família, exercerá nos seus membros. As relações com Jesus Cristo tomam nova dimensão.

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