O tempo não é paciente nem impaciente. Não acelera nem se atrasa. Não é rápido nem lento. O tempo tem o seu ritmo. Um passo certo. Que não muda em função das nossas disposições e vontades.
É estranha a forma como por vezes nos relacionamos com esta perpétua viagem através dos dias. Esperamos com um sorriso pelos dias mais belos do ano, para quando eles chegam começarmos a ficar tristes porque passarão em breve.
As mesmas oito horas em que dormi hoje terão sido o dia de trabalho de uma outra pessoa. O tempo não acelerou para mim nem se atrasou com ela.
Mas porque parece esgotar-se tão rápido em algumas situações e demorar-se tanto em outras? Talvez porque nos momentos maus o mergulho interior, a queda até ao mais fundo do que sou, demora apenas um instante para um relógio, mas para mim a viagem é até muito longe de onde costumo viver e sentir. Dois minutos de sofrimento bastam para eu colocar toda a minha vida em causa. São pouco tempo, mas muito sentir.
Por vezes, vale mais ser paciente do que valente, porque há momentos em que o gesto de heroísmo é o de resistir à vontade íntima de desistir.
E o que fazer quanto à velocidade com que passam os bons tempos? Basta que os agradeçamos metade das vezes que nos queixaríamos se fossem maus, para que os vivamos com duas vezes mais intensidade.
Não andes a vaguear no tempo. Encontra um rumo, faz o teu caminho e segue por ele, sem nunca quereres senão o que te é possível a cada dia. A existência não é um passatempo.
Não deixes passar o tempo sem fazeres alguma coisa com ele.
Segue para diante com um sorriso, de agradecimento pelos bons e pelos maus momentos. Por teres passado pelos bons e pelos maus terem passado. Mas foca-te sempre no que está ao teu alcance, muitos também se perdem a tentar olhar para o que ainda não é para amanhã.
A tua vida faz parte da eternidade. A felicidade é uma forma de aceder à plenitude, onde tudo cabe num instante.
Se o tempo passa e tu não percebes, não estás a dar valor ao que mais importa: a tua vida.
Fonte:https://agencia.ecclesia.pt/
Autor:José Luís Nunes Martins