É do segundo livro da Bíblia Este texto (Ex.20,2-6). chama-se Êxodo palavra que significa saída, libertação porque nele se conta como o povo de Israel se viu livre da terrível escravidão do Egipto.
Não foi ao poder das armas, nem à inteligência de qualquer guerreiro ilustre, nem tão pouco à pressão social que se vê nas atuais manifestações de rua. A libertação da situação de escravidão foi obra do poder de Deus. Este mesmo Deus que chamara Abraão a sair da sua terra, onde se sentia angustiado pela falta de filhos e duma propriedade a que pudesse chamar sua, e que nunca deixou de o acompanhar através da sua palavra.
Percebemos que é a Palavra de Deus, que não basta pôr alguém em liberdade. É preciso uma palavra que transmita autoridade e amor para evitar esbarramentos e desorientações. Que seria, por exemplo, de um carro conduzido por um bom motorista que não tivesse a orientá-lo sinais de trânsito? Ou que seria de uma criança que, em nome da liberdade, fosse posta à deriva na vida, sem nunca mais ouvir a palavra do pai ou da mãe, nem sentir a segurança de alguém mais forte que caminha a seu lado? Certamente um desastre!
Deus, que é fonte de amor, não quis que a vida do seu povo fosse um desastre. Por isso, depois de o ter posto em liberdade dá-lhe uma palavra, faz uma aliança com ele. É uma palavra que aponta diretrizes muito concretas, como faz todo aquele que têm amor por alguém e não quer que esse alguém se perca na vida ou perca a sua liberdade.
A esta palavra chamamos Decálogo ou 10 mandamentos, os quais ficaram para sempre como sinal dessa aliança de amor. Parecem coisas muito difíceis de cumprir – e até são! – mas a verdade é, quando não se cumprem, logo se sente na alma e no corpo umas mossas que custam muito a eliminar. Por isso, o povo de Israel teve sempre estes 10 mandamentos como baliza para fazer acertar a sua vida e assim viver em perfeita liberdade. Ele sabia por experiência que a sua vida e a sua liberdade como povo dependia do poder de Deus e, concretamente, da vivência desta aliança.
O 1º mandamento, a que Santo Agostinho deu uma forma mais simples e que se generalizou na catequese dos que se preparavam para o batismo e dos fiéis, até atingir a atual forma ritmada que vem do século XV e que é: “amar a Deus e adorá-lo sobre todas as coisas”.
Seja qual for o modo como o formulemos, o 1º mandamento é muito explícito. Para vivermos em liberdade autêntica e, claro está, em felicidade perfeita não se pode ter o coração apontado para vários lados ou oferecê-lo a vários deuses ou senhores. “Não terás outros deus”.
Estas palavras de Deus parecem-nos hoje uma exigência absurda. Amar, adorar e servir apenas uma pessoa (e para mais que não se vê!) choca com o “vale tudo” da nossa sociedade. Mas essa Pessoa pode exigi-lo, porque deu provas do seu poder ao serviço da liberdade do homem, deu provas do seu amor. Por isso, antes de prepor este mandamento tem o cuidado de esclarecer: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão”. E podia ter acrescentado: porque não quero ver-te novamente escravo, aqui tens este ponto de referência de todos os teus comportamentos.