MARIA, A MULHER ORANTE

Se Jesus, o Homem Orante é para nós modelo de oração, a Virgem de Nazaré, apresenta-Se como Mãe e Mestra na difícil arte de orar. Ela é a Esposa do Espírito, em contínua comunhão com o Paráclito, em verdadeira intimidade de amor, na comunhão mais perfeita. Trabalhada pela ação divina, Maria é a Virgem dada à oração, cuja vida é escuta, acolhimento, dom, sentido do sagrado, abertura ao divino na delicadeza da alma, na grandeza do coração d’Aquela que é a Virgem Fiel ao amor. E porque ama, vive em comunhão com o Amado, intensifica a alegria de se sentir em intimidade divina. Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito, Maria realiza dum modo pleno a comunhão trinitária.

Ela é a Senhora da contemplação, que escuta e guarda a Palavra: «Eis a escrava do Senhor, faça-se em Mim, segundo a tua palavra» (Lc1,38). Conserva-a no seu coração e procura que a divina semente dê fruto em abundância: «Quanto a Maria, conservada todas estas coisas, ponderando-as no Seu coração» (Lc2,19), ou como diz mais à frente, aquando da perda e do encontro do Menino no Templo: «Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse. Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no Seu coração» (Lc 2,51). Guardar no coração, ponderar no coração, é a atitude contemplativa que interioriza, pensa, reflete, busca razões para acreditar, para aceitar com alma firme e vontade decidida os planos de Deus.

Maria é também a Virgem do louvor em Magnificat (Lc1,46-55). Canta as maravilhas de Deus recordando os factos salvíficos por Ele realizados, sobretudo porque olhou para a humildade da Sua serva. Louvor que é também atitude de admiração alegre, de gratidão humilde pelas maravilhas do amor. Porque pobre, simples, exulta de alegria e louva, pois reconhece as maravilhas de Deus.

Oração de súplica em Caná (Jo 2, 1-11) quando intercede pelos noivos; consegue antecipar a «hora» de Seu Filho e alcança o primeiro milagre, ou coração humilde e confiante, suplicando o dom do Paráclito (Ct 1,14), unida aos Apóstolos no Cenáculo. Foi e é, a «omnipotência suplicante», a Mãe que intercede por nós, a Medianeira que alcança graças de Seu Filho Jesus.

Maria apresenta-se também como a Virgem da oferta, da entrega da oração da consagração. Apresenta-o Menino no Templo (Lc 2,22-35) oferece-O ao Pai e oferece-Se com Ele. E no Calvário, a Virgem das Dores a Mãe do Crucificado, renova a oferta da vítima e com ela, oferece-se pela humanidade.

Agora, assumpta ao Céu, não depôs a Sua missão de intercessão e de salvação. Continua a interceder por nós, em comunhão de Igreja, no seio da Trindade. Rezar a Maria, rezar com Maria, rezar como Maria. Ela é, de verdade, Mãe e Mestra da oração, modelo e estímulo, verdadeira Virgem Orante.

Também a Senhora é caminho para descobrirmos meios concretos de viver rezando e de rezar vivendo. Vida e oração em fusão permanente, em unidade interior no Coração d’Aquela que foi a verdadeira contemplativa.

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