A experiência de diálogo entre religiões cristãs e não cristãs é altamente relevante na sociedade portuguesa e perigosamente frágil, sobretudo se pensada globalmente, como tem de ser. Os indicadores do quotidiano mostram, de forma imediata, uma sã convivência entre diferentes igrejas cristãs, religiões não cristãs e comunidades crentes; por outro lado, os acontecimentos do continente e do mundo têm de estar presentes no debate sobre o diálogo inter-religioso em diferentes ambientes e nos vários setores da sociedade, nomeadamente o político, social e sobretudo o espiritual, desde logo impedindo que constituam uma ameaça ao que acontece neste retângulo da Europa.
Em Portugal há experiências diálogo entre os crentes que fazem a diferença na comunidade internacional. Na tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa, essa circunstância foi valorizada pela generalidade dos representantes das confissões e denominações religiosas presentes e assumida como um valor a apresentar nos fóruns internacionais, indicando a relação próxima entre as religiões e as políticas onde se enquadram como um fator que pode inspirar boas-práticas noutros ambientes da Europa e do Mundo. E quanta inspiração positiva e empreendedora é necessária para que problemas relacionados com a religião possam ser resolvidos sem “matar” a religião, mesmo que essa seja a insistência de algumas vozes.
O tema da liberdade religiosa em Portugal traz consigo, com frequência, restos de anticatolicismo primário e cego, fundamentado em questões ultrapassadas. A que se relaciona com a presença de crucifixos em espaços públicos, nomeadamente nas escolas, é um caso, agora “ressuscitado” por quem parece querer impor, através do jornalismo (indesejadamente o refiro), modelos de sociedade onde se apagam referências essenciais das pessoas que a compõem. Se o pluralismo e o respeito marcam as declarações do presidente da Comissão da Liberdade Religiosa sobre o assunto, admitindo mesmo a presença dos crucifixos numa escola quando a “generalidade das pessoas” se possa rever nessa circunstância, o mesmo não se pode dizer das perguntas que lhe foram dirigidas, com insistência em torno deste tema, por quem deontologicamente deveria zelar pela imparcialidade diante deste e de todos os assuntos.
Um tema que tem contado, nas últimas duas décadas, com um valioso contributo dos media em Portugal, nomeadamente no serviço público de rádio e televisão. De facto, o programa “A Fé dos Homens”, na RTP2 desde 1997 e na Antena 1 desde 2009, tem sido uma oportunidade para que cada confissão religiosa informe, sem proselitismo, sobre a sua identidade e os projetos que promovem a sã convivência e o bem de todos. Uma iniciativa determinante para a presença de referências às várias religiões na sociedade, fundamentais para reagir diante do diferente e para garantir a permanência de uma expressiva luso-liberdade religiosa.
Fonte: www.ecclesia.pt
Autor: Paulo Rocha