«Laudato Si»: Documento do Papa sobre o «cuidado da casa comum» é um guia para o processo de desconfinamento

Cinco anos da publicação da encíclica de Francisco assinalados nas Conversas na Ecclesia

Lisboa 19 maio 2020 (Ecclesia) – A encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, é um guia para o processo de desconfinamento no contexto da pandemia covid-19, consideram os participantes nas Conversas na Ecclesia, desta terça-feira.

Para o teólogo Juan Ambrosio, o Papa “já sinalizou” o caminho a seguir quando alertou para um vírus “pior” que o coronavírus, que é o “vírus da indiferença”.

“Enquanto estivemos fechados em nossas cassas, cada um de nós foi capaz de ser sensível aos outros e procurar novas maneiras de manter o contacto com outras pessoas. O facto de, pouco a pouco, voltarmos aos nossos hábitos, pode provocar que aqueles que vivem mais sozinhos e são mais frágeis fiquem esquecidos”, afirmou.

Juan Ambrosio lembrou que há dois gritos sempre associados, “o grito da terra e o grito dos pobres” e que não se pode esquecer o “grito dos pobres” porque os dois “gritam em uníssono” e reclamam respostas conjuntas.

João Luís Fontes encontra “lógicas distintas de olhar a realidade” nos processos de desconfinamento em curso, com formas diferentes de “compreender a fraternidade, a prosperidade económica e a corresponsabilidade com os outros”.

Para o historiados, são notórias as “tendências dos países e das economias se fecharem sobre si próprias e perderem o horizonte da fraternidade”, com dificuldades em encontras uma “política comum”.

“Sair dá-nos um gosto novo, de gozar a beleza da criação e da proximidade, mas isso tem de ser consequente. Não se pode separar a alegria do convívio e do fruir da criação da atenção aos que mais sofrem e à urgência de repensarmos o modo como vivemos e a nossa corresponsabilidade com os nossos irmãos e irmãs que partilham a casa comum”, sublinhou.

O franciscano Hermínio Araújo lembrou o Cântico das Criaturas e a referência que faz à “irmã morte corporal”, alertando para a necessidade de pautar o desconfinamento pela harmonia, nomeadamente na saúde, promovendo “relacionamentos cada vez mais saudáveis, mais harmónicos”.

“Há muito sofrimento que tem de ser acompanhado. O grito da terra e o grito dos pobres, dos pobres com mais diversos tipos de carências. Há muito luto que não está a ser convenientemente feito. Há lutos complexos, problemáticos e que vão ser patológicos. E nós temos de estar muito atentos a tudo isto”, alertou.

“Somos essencialmente relação e dessa maneira vamos construindo caminhos cada vez mais saudáveis para benefício de todos”, acrescentou frei Hermínio Araújo

Os cinco anos da encíclica ‘Laudato Si’ vão ser assinalados com várias iniciativas ao longo desta semana; na noite desta terça-feira, a Rede Cuidar da Casa Comum promove uma tertúlia e esta quinta uma vigília ecuménica; a Universidade Católica Portuguesa promove uma sessão, dia 22 de maio, às 12h00, com o tema «Tudo Está Interligado»; os Franciscanos vão divulgar o ‘Cântico das Criaturas’, que São Francisco de Assis escreveu há oitocentos anos, “a partir de nove versões portuguesas diferentes (duas são paráfrases), uma para cada dia”, com versão em vídeo nas redes sociais da Ecclesia.

A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, organismo dos bispos católicos em Portugal, destaca numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA que a encíclica ‘Laudato Si’ é “uma inspiração” para o momento atual, projetando “um futuro mais justo e sustentável”.

PR

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