Guerra Religiosa?

O Papa Francisco evocou esta semana a figura do sacerdote francês assassinado por fundamentalistas islâmicos, durante a celebração da Eucaristia, e recordou aquela que deveria ser a regra definitiva de todas as confissões religiosas: “matar em nome de Deus é satânico”.

Preparando o seu regresso a Assis, o líder da Igreja Católica quis colocar as religiões na linha da frente do discurso contra o medo, o ódio e o terror. E é na linha da frente que têm de estar, para poder evitar consequências catastróficas de teorias mal construídas sobre a relação Igreja-Estado, mormente quando uma resposta de cariz securitário tende a demonizar o ‘crente que não crê como nós’. Ou, pior ainda, apenas por ser crente.

A identidade política carece sempre de um fundo cultural, histórico e religioso que ajude a entender o surgimento de novos protagonismos, na determinação de um sentido e de uma ordem social.

Marcel Gauchet, pensador francês, sublinhou a importância de dar atenção à especificidade do fundamentalismo islâmico apontando causas religiosas – não políticas ou sociais – para a violência terrorista. Um choque para europeus que abandonaram o que denomina como “religiosidade fundamental”.

A laicidade deve corresponder na Europa à afirmação de um paradigma de pluralidade e respeito, sem qualquer tolerância para a coação ou imposição violenta de convicções – também por parte dos Estados. Não deve apenas “suportar” os crentes, mas dar-lhes o devido espaço de afirmação e promover a proteção efetiva dos que professam as suas convicções, onde quer que os seus direitos sejam violados, como uma causa prioritária.

Concluindo: não é preciso ‘suspender o Ocidente’ para reagir ao terror. Somos chamados, isso sim, a promover a colaboração e o diálogo entre todas as partes da sociedade, religiosas, políticas, sociais, culturais, para evitar que aos fundamentalismos se responda com novos totalitarismos.

Octávio Carmo,

Agência ECCLESIA

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