Férias, tempo de beleza e amizade

Nos caminhos de férias, muitos hão de poder observar belezas nunca dantes vistas e descobrir nelas um sinal da bondade de Deus. Tudo o que Deus cria e faz proclama a Sua beatitude e santidade.

Graças ao progresso tecnológico e a um melhor racionamento do tempo, trabalho e dinheiro, as gerações de hoje dispõem de mais tempo de lazer do que as gerações passadas. O tempo de férias porporciona, nos nossos dias, maiores possibilidades de repouso, mais tempo para dedicar à cultura, à distensão emocional, à diversão e cuidados de saúde/beleza. Mas esta nova situação exige maior espírito criativo e sagacidade para usar positivamente esse tempo de lazer.

No que concerne ao cultivo da mente e do espírito, requer-se atitude crítica para seleccionar com bom-senso e razoavelmente o que favorece o desenvolvimento psíquico, moral e religioso, evitando tudo o que degrada a fé, a saúde mental e espiritual. Para o efeito, convém escolher criteriosamente filmes, leituras, transmissões de televisão e espectáculos; fugir às solicitações da sociedade de consumo; evitar os enervantes engarrafamentos de trânsito. Por sua vez, o crente não prescinde de tempo para a oração, para a meditação e para a leitura de reflexão. Segundo Maharishi Mahesh, «o fundamento da saúde mental assenta na integração orgânica da mente e do corpo»; essa integração realiza-se mediante profundo repouso em que o sujeito se submerge, obtendo-se a eliminação espontânea do stresse e solucionando conflitos emocionais. Em todas as medidas a tomar, serve de orientação a lei da liberdade enunciada pelo Apóstolo: «Tudo me é permitido, mas nem tudo convém» (1 Cor 6,12).

Para umas férias em beleza não se pode prescindir dos cuidados do corpo: desporto, higiene, doseamento do que se come e bebe, controlo das horas de praia (nunca entre as 11 e as 17 horas, para evitar cancros da pele). Mas há outra beleza, a da natureza, à qual não podemos fechar os olhos. Nos caminhos de férias, muitos hão de poder observar belezas nunca dantes vistas e descobrir nelas um sinal da bondade de Deus. Tudo o que Deus cria e faz proclama a Sua beatitude e santidade. «Sabendo que fomos criados pelo amor e pela liberdade infinitos de Deus, a nossa gratidão e admiração incessantes permitem-nos descobrir e acolher a beleza em qualquer lugar onde nos encontremos» (Bernhard Haering).

As férias são tempo de paz e alegria que nascem do corpo e da harmonia interior do espírito. Essa harmonia pode brotar do amor aos amigos e inimigos; do amor a todos, especialmente os indefesos e marginalizados; do estender a mão aos pobres, sentindo o gozo supremo da fraternidade; sincronizando-nos com a paz arredada do nosso dia a dia perturbado pelo ruído das máquinas da nossa sociedade tecnológica e pela fúria e monotonia desumanizante das linhas de montagem.

Cícero, filósofo latino, escreve que «uma vida sem amizade é como um mundo sem sol». Muitos andam carregando uma experiência de vida sem amizade, obscura e triste. As férias são um tempo para voltar a estar com os amigos. Pois, falar com um amigo, escreve Anselm Grün, «permite-nos compreender os nossos hábitos de vida e perceber que certos comportamentos nos levariam a um beco sem saída. O amigo protege-me e dá-me o alento de que preciso para continuar até ao fim do caminho». No livro de Ben Sirac, onde se harmoniza a sabedoria grega com a espiritualidade judaica, pode-se ler: «O amigo fiel é uma poderosa protecção; quem o encontrou, descobriu um tesouro. Nada se pode comparar a um amigo fiel, e o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade da sua fé» (Ecli 6, 14ss). Boas férias.

 

Fonte:

www.familiacrista.com

autor:

Pe. Agostinho França

Diretor da “Família Cristã”

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