EUCARISTIA E SOLIDARIEDADE EM TEMPO DE CRISE

A sociedade em que Jesus viveu encontrava-se muito estratificada em classes e categorias sociais.

As pessoas e os grupos não se misturavam nas refeições. Jesus rompe esse esquema de segregação social. Come com fariseus e com os publicanos. Identifica-Se com a massa anónima durante as refeições ao ar livre.

As refeições de Jesus tinham um carácter “perigoso” para a ordem social existente.

Depois da morte e ressurreição de Jesus, as primeiras comunidades cristãs foram carregando de conteúdo a memória da Última Ceia: a fórmula “Isto é o meu Corpo entregue por vós” é o resumo condensado de toda a existência de Jesus: uma viva entregue aos outros.

O vinho foi significado progressivamente o Sangue de Cristo, ou seja a sua Paixão e Morte; a coerência de uma vida entregue aos outros, levou-O a dá-la fisicamente, tragicamente pelos outros.

Para além de toda a teologia existente no que se refere à Eucaristia, as nossas celebrações eucarísticas deviam ter, de forma mais ou menos explícita, estes quatro níveis de expressão:

 

UMACRÍTICA “POLITICA”

A sociedade atual é radicalmente injusta porque exclui da nossa mesa comum a imensa maioria da humanidade. É urgente criar estruturas de solidariedade para que a partilha dos bens indispensáveis a toda a gente se torne efetiva.

 

UM DESAFIO ECONÓMICO

O repto de partilhar não pertence só aos poderes públicos. Também eu como pessoa me devo sentir implicado, nós, como comunidade. Necessitamos encontrar maneiras de pôr em prática a solidariedade económica, social, cultural, educativa, direitos humanos… para que a utopia da partilha vá ganhando terreno na nossa vida pessoal e comunitária.

 

UM RITO SAGRADO

Os dois pontos anteriores podem ser partilhados por muitas outras pessoas que pratiquem estes mesmos valores de solidariedade, para além de qualquer confissão religiosa ou ideologia política. Mas, para nós que acreditamos em Jesus, o Cristo, fazemos memória de maneira determinada e feliz de toda a vida, morte ressurreição de Jesus, como o símbolo mais estimulante de como viver para os outros.

 

UM CULTO LITÚRGICO

Sentimo-nos unidos aos milhões de pessoas crentes que em todo o mundo tentam seguir os passos de Jesus. Essa Igreja que tem a sua origem em Jesus de Nazaré e que O confessa como Cristo, o Filho de Deus, pois “onde estão dois ou três reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt18,20…). Em tempo de crise faz-nos bem pensar nisto.

 

 

Autor:

Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa dos H.U.C.

 

Fonte:

Revista Rosário de Maria

Ano 71| nº 746| abril de 2015

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