Escuta a Voz da Criação

A Criação é tudo o que nos rodeia, os seres viventes e mesmo os inertes; escutar a voz de toda a Criação é assim uma atitude de conversão económica, cultural, social e ambiental, são estas as quatro componentes de uma “ecologia espiritual”, como refere Francisco: “O canto doce da criação convida-nos a praticar uma “espiritualidade ecológica” (Francisco, Carta enc. Laudato si, 216), atenta à presença de Deus no mundo natural. É um convite a fundar a nossa espiritualidade na “consciência amorosa de não estar separado das outras criaturas, mas de formar com os outros seres do universo uma estupenda comunhão universal” ( Ibid., 220). Particularmente para os discípulos de Cristo, esta experiência luminosa reforça a consciência de que “por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência» ( Jo 1, 3). Neste “Tempo da Criação”, retomemos a oração na grande catedral da criação, gozando do “grandioso coro cósmico” de inúmeras criaturas que cantam louvores a Deus. Unamo-nos a São Francisco de Assis cantando “louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas” (cf. Cântico do Irmão Sol). Unamo-nos ao Salmista cantando “todo o ser vivo louve o Senhor” ( Sal 150, 6).”

Este parágrafo retirado da mensagem do bispo de Roma e papa Francisco para o dia de Oração, ecuménico, 1 de setembro, pela defesa da Criação, que se estenderá até 4 de setembro, dia de São Francisco de Assis, é paradigmático para um tempo de escutar a Criação e, ao mesmo tempo de conversão ecológica, na espiritualidade dos cristãos, unidos a todos os homens e todas as mulheres de boa- vontade. Esta espiritualidade leva-nos a aprender a escutar todos os seres bióticos e abióticos e mesmo os inertes, porque “só nesta escuta notamos uma espécie de dissonância na voz da criação. Por um lado, é um canto doce que louva o nosso amado Criador; por outro, é um grito amargo que se lamenta dos nossos maus-tratos humanos”.

É que: “Escutando estes gritos amargos, devemo-nos arrepender e mudar os estilos de vida e os sistemas danosos. O apelo evangélico inicial – “convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu” (Mt 3, 2) –, ao convidar a uma nova relação com Deus, pede também uma relação diferente com os outros e com a criação. O estado de degrado da nossa casa comum merece a mesma atenção que outros desafios globais, como as graves crises sanitárias e os conflitos bélicos. “Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspeto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa”.

Um texto a digerir para o bem de todo o Cosmos.

 

Fonte: https://www.vozportucalense.pt/

Autor:Por Joaquim Armindo

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