Educação sem tempo para férias

O fim do tempo letivo, em cada ano escolar, faz com que muitas famílias se deparem com a incapacidade de dar continuidade a um itinerário formativo, feito não só dos resultados que a frequência escolar gera como também da relação com um grupo de amigos, da participação comunitária e do diálogo familiar.

Terminar aulas e principiar um período de férias corresponde, em muitos casos, a começar do zero, a procurar novos laços de amizade, novos grupos e projetos formativos que estejam em sintonia com os que reuniram criatividade e força ao longo dos meses anteriores. Noutros casos, felizmente, o contexto familiar permite não só a permanência de linhas de conduta como a solidificação de laços que estruturam um novo ano, de trabalho ou estudo, após o tempo de descanso.

Nos meses de pausa, muitas iniciativas levam adolescentes e jovens até à ocupação de tempos livres, a férias missionárias, a campos de trabalho ou de lazer, a acampamentos, a encontros de desporto, regatas de competição ou projetos de voluntariado, dentro de portas ou além-fronteiras. Na origem e na história destes projetos estão muitas instituições que colocam em lugar cimeiro do seu ideário o contributo para a educação dos que neles participam, sem qualquer outro proveito! Entre elas, muitas têm ligação à Igreja Católica, através de paróquias, congregações religiosas, grupos ou movimentos.

Como no setor das respostas sociais, o relevo de organizações religiosas está a ceder espaço a outras que perseguem não apenas objetivos pedagógicos. Autarquias, associações, academias, cooperativas, corporações e mesmo empresas conquistam espaço na promoção de iniciativas que atraem alunos sem aulas, adolescentes e jovens sem a possibilidade de permanência no contexto familiar quando a escola deixa de fazer parte da rotina diária, muitas vezes apenas por aí encontrarem uma possibilidade de negócio.

A crescente necessidade de substituir o espaço da rua por abrigos organizados que proporcionem tempos de lazer às novas gerações é um desafio crescente para organizações com prioridades pedagógicas nos seus propósitos, uma vez que a frequência e o sucesso de tempos letivos pode depender de apostas em períodos de lazer. De facto, a permanência dos que iniciam um itinerário formativo apenas se consegue com uma oferta pedagógica criativa e constante. A abundância de ofertas desafia famílias e instituições a perseguir uma educação sem tempo para férias.

Paulo Rocha,

Agência ECCLESIA

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