- A fragilidade humaniza a vida
As propostas que aqui se apresentam escrevem-se a partir da reflexão sobre alguns pressupostos
e convicções essenciais em torno do tema escolhido para a Semana da Vida 2020:
“A fragilidade humaniza a Vida”.
1.1. As pessoas, as famílias, os corpos intermédios e a sociedade
Re-conhecer e aceitar a própria fragilidade e cuidar das fragilidades em que ela se manifesta
torna a pessoa mais humana, é condição indispensável de humanização pessoal.
Conhecer e aceitar a fragilidade do outro, suportar, acolher e perdoar as suas consequências
e cuidar das fragilidades em que ela se manifesta, ajuda o outro a ser mais humano e humaniza
as relações, que se tornam fonte de humanização. Isto é particularmente relevante para
a vida das famílias.
Cuidar dos mais frágeis humaniza-os, humaniza aquele que cuida e humaniza a sociedade.
A qualidade humana de uma sociedade avalia-se na qualidade dos dinamismos de solicitude
e estratégias de cuidado dos seus membros mais frágeis. Só é verdadeiramente humana
uma sociedade compassiva, capaz de promover a justiça social e os mecanismos da solidariedade
que a reequilibrem quando as consequências da fragilidade humana partilhada por
todos se abatem sobre alguns.
1.2. Os cristãos/a Igreja
A Igreja, nascida da compaixão de Cristo bom pastor pelas multidões cansadas e oprimidas,
que pelas suas chagas nos curou, é chamada a reconhecer e cuidar das suas próprias fragilidades
e a ser, na sociedade, sacramento de salvação para o mistério da fragilidade humana
nas suas múltiplas dimensões e expressões, desenvolvendo processos de proximidade junto
das pessoas e grupos que mais fragilidade(s) experimentam.
A capacidade profética da Igreja na cultura e na sociedade atual depende da decisão de dar
prioridade aos mais frágeis no seu seio, ouvindo a sua voz e promovendo a sua integração
participante.
É necessário cultivar e propor:
- uma saudável espiritualidade do sofrimento
- uma nova e transversal pastoral da fragilidade e do cuidado
- a promoção das condições para uma competente participação evangélica e evangelizadora
nos debates em curso na cultura e na sociedade contemporâneas:
– o debate antropológico sobre a fragilidade humana
– o debate ético sobre a vulnerabilidade e o cuidado
– os debates nos fóruns de definição das consequentes opções político-económico-sociais.
O tema da Semana da Vida para este ano de 2020 foi inspirado pelo Congresso Internacional
da Pastoral da Pessoa Idosa, sob o título ‘A Riqueza dos Anos’, que aconteceu em Roma,
de 29 a 31 de Janeiro deste ano, consagrado à fragilidade dos mais velhos e ao cuidado que
eles nos merecem, e no qual participou uma delegação de Portugal.
Mal sabíamos nós como esta problemática se iria tornar tão evidente e tão premente para
todos, uma oportunidade para reencontrarmos o sentido mais profundo da vida, a nossa, a
dos outros, a desta casa Comum que habitamos.
Sirvam de orientação estas palavras do papa Francisco, na sua homilia no Domingo da Misericórdia
(19 de abril): “Queridos irmãos e irmãs, na provação que estamos a atravessar,
também nós, com os nossos medos e as nossas dúvidas como Tomé, nos reconhecemos
frágeis. Precisamos do Senhor, que, mais além das nossas fragilidades, vê em nós uma beleza
indelével. Com Ele, descobrimo-nos preciosos nas nossas fragilidades. Descobrimos
que somos como belíssimos cristais, simultaneamente frágeis e preciosos… Esta pandemia,
porém, lembra-nos que não há diferenças nem fronteiras entre aqueles que sofrem. Somos
todos frágeis, todos iguais, todos preciosos.”
A oração, e de modo muito concreto a oração com Maria, é o melhor caminho para nos fazer
chegar a essa consciência da nossa fragilidade e da nossa preciosidade. Por isso, como tem sido habitual, propomos a Oração do Rosário. Este ano, e por causa do contexto que vivemos,
propomos que seja na família e em família que se faça esta oração.
No dia 15 de maio, Dia Internacional da Família, entre as 21:00 horas e as 21:30 horas,
vamos ter uma vigília de oração, com todas as dioceses ligadas à mesma plataforma digital.
Esforcemo-nos para que essa oração seja o mais difundida e o mais participada possível,
informando as diversas comunidades e famílias e motivando-as à comunhão e participação.
Este ano, por causa das medidas de confinamento a que todos estamos sujeitos, com o objectivo
de evitar a propagação da pandemia do coronavírus, a documentação da Semana da
Vida – cartaz, guião e oração pela vida – apenas está disponível em versão digital.
Deve ser descarregada e impressa a partir do site: www.leigos.pt.
Agradecemos ao padre José Nuno, que tem trabalhado desde há muito estas questões da
fragilidade, os textos que oferecemos para viver a Semana da Vida deste ano.
Fonte: http://www.leigos.pt