CIÊNCIA E A ARTE DE AMAR OS FILHOS

  1. Na base destas duas componentes – ciência e arte – deve estar a atualizada e pertinente lucidez do casal que se ama com expressões de amor fiel e adaptativo ao real do quotidiano, tendo conta as necessidades e capacidades evolutivas de cada filho.
  2. Os pais devem ser permanentes modelos de adequada gestão do dom do tempo para partilhar a vida conjugal bem conjugada, sabendo adaptar-se aos ritmos e necessidades recíprocas para serem “modelos” a admirar e imitar.
  3. Na vigência testemunhada da ordem dos valores é essencial explicitar o respetivo conteúdo e significado tendo em conta o que é essencial e permanente e o que são valores instrumentais e provisórios e respetiva urgência.
  4. A consciência educativa deve ter em justa apreciação a originalidade de cada filho para respeitar os pontos fortes e superar os frágeis, tendo em conta o ritmo evolutivo de cada um nas diferentes fases da vida a caminho da maturidade.
  5. Pelo testemunho vivido e pela estimulação persistente e ajustada a cada situação, é essencial que cada um seja respeitado e aprenda a respeitar a entidade e identidade de cada qual, tendo em conta o estatuto de cada pessoa socialmente participante na educação e na vida social envolvente.
  6. É fundamental educar para a autorresponsabilidade e a efetiva cooperação na busca do bem comum que a todos deve envolver, cada um segundo as respetivas capacidades e necessidades. Ninguém deve substituir o outro naquilo que ele pode e deve realizar por si porque isso pode favorecer o nefasto parasitismo.
  7. No acompanhamento estimulante de cada filho, há que afinar os critérios de intervenção a caminho da maturidade intelectual, moral e social fundamentados na verdade para que cada filho se tome competente, honesto, operativo, solidário e acolhedor.
  8. É fundamental que todos percebam que as pessoas têm a vocação de serem em si, si e solidarias. Para isso é necessário o esforço metódico e continuado para adquirir os saberes e reduzir a ignorância que é fonte de muitos males. Por seu lado os saberes, teóricos e práticos devem ser ocasião de desencadear competências, honestidade, verdade e caridade no relacionamento familiar e cívico.
  9. A curiosidade intelectual e o desejo sustentado de saber o “porquê” e o “para quê” da vida, de ser e de bem operar deve ser despertada, alimentada e estimulada pelas ajustadas recompensas pela atualização constante de competências e de saberes interiorizados.
  10. Cada filho deve ser apoiado para crescer em todos os domínios da vida pessoal definindo objetivos, enfrentando riscos medidos sem desistir de eventualmente encontrar alternativas de modo inteligente e persistente, diferentes das “tradicionais”.
  11. É essencial saber comunicar com os filhos, despertando a atenção para entender os seus problemas, contradições, hesitações e ponderar os riscos de aventuras perigosas para a vida psicossomática, intelectual, espiritual e social. É que todos são filhos e netos de alguém e precisam de assumir a continuidade e a inovação sensata.
  12. Desde da primeira fase e adaptando-se a cada situação do seu desenvolvimento é necessário exprimir a ternura, a alegria, o otimismo com atenção, paciência, tranquilidade, autoconfiança e abertura recíproca, sintetizando o passado abertos ao futuro.
  13. Progressivamente cada filho deve reconhecer a possível e sensata autonomia, criatividade, com opiniões fundamentadas e seletividade efetiva, mas sempre como “grilos da consciência “ do verdadeiro, do justo e da fraternidade como dever permanente de todos.
  14. Em certas fases do desenvolvimento é natural a atenção da radical autonomia e que possa surgir a necessidade “dos segredos” e eventualmente certa contestação e indisciplina. Antes de eclodir ruturas, ou conflitos abertos é útil estabelecer “diálogos francos” e fortes.
  15. Combinando firmeza e caridade, haverá que ajudá-los a ponderar as suas escolhas e ajudá-los a assumir a tempo as consequências de riscos insensatos. Mas tudo deveria ser conduzido sem chantagens, procurando estabelecer pontes e proporcionar contatos leais e esclarecidos para os ensinar a pescar em vez de lhes dar o peixe. O ideal é ajudar a crescer com verdade e paciência persistente na aquisição seletiva da cultura de ser o que deve ser e bem fazer superando o luxo e o lixo.

Autor: Fr. Bernardo Domingues, op

Revista Rosário de Maria –Ano 70| nº 740| outubro de 2014

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