- Na base destas duas componentes – ciência e arte – deve estar a atualizada e pertinente lucidez do casal que se ama com expressões de amor fiel e adaptativo ao real do quotidiano, tendo conta as necessidades e capacidades evolutivas de cada filho.
- Os pais devem ser permanentes modelos de adequada gestão do dom do tempo para partilhar a vida conjugal bem conjugada, sabendo adaptar-se aos ritmos e necessidades recíprocas para serem “modelos” a admirar e imitar.
- Na vigência testemunhada da ordem dos valores é essencial explicitar o respetivo conteúdo e significado tendo em conta o que é essencial e permanente e o que são valores instrumentais e provisórios e respetiva urgência.
- A consciência educativa deve ter em justa apreciação a originalidade de cada filho para respeitar os pontos fortes e superar os frágeis, tendo em conta o ritmo evolutivo de cada um nas diferentes fases da vida a caminho da maturidade.
- Pelo testemunho vivido e pela estimulação persistente e ajustada a cada situação, é essencial que cada um seja respeitado e aprenda a respeitar a entidade e identidade de cada qual, tendo em conta o estatuto de cada pessoa socialmente participante na educação e na vida social envolvente.
- É fundamental educar para a autorresponsabilidade e a efetiva cooperação na busca do bem comum que a todos deve envolver, cada um segundo as respetivas capacidades e necessidades. Ninguém deve substituir o outro naquilo que ele pode e deve realizar por si porque isso pode favorecer o nefasto parasitismo.
- No acompanhamento estimulante de cada filho, há que afinar os critérios de intervenção a caminho da maturidade intelectual, moral e social fundamentados na verdade para que cada filho se tome competente, honesto, operativo, solidário e acolhedor.
- É fundamental que todos percebam que as pessoas têm a vocação de serem em si, si e solidarias. Para isso é necessário o esforço metódico e continuado para adquirir os saberes e reduzir a ignorância que é fonte de muitos males. Por seu lado os saberes, teóricos e práticos devem ser ocasião de desencadear competências, honestidade, verdade e caridade no relacionamento familiar e cívico.
- A curiosidade intelectual e o desejo sustentado de saber o “porquê” e o “para quê” da vida, de ser e de bem operar deve ser despertada, alimentada e estimulada pelas ajustadas recompensas pela atualização constante de competências e de saberes interiorizados.
- Cada filho deve ser apoiado para crescer em todos os domínios da vida pessoal definindo objetivos, enfrentando riscos medidos sem desistir de eventualmente encontrar alternativas de modo inteligente e persistente, diferentes das “tradicionais”.
- É essencial saber comunicar com os filhos, despertando a atenção para entender os seus problemas, contradições, hesitações e ponderar os riscos de aventuras perigosas para a vida psicossomática, intelectual, espiritual e social. É que todos são filhos e netos de alguém e precisam de assumir a continuidade e a inovação sensata.
- Desde da primeira fase e adaptando-se a cada situação do seu desenvolvimento é necessário exprimir a ternura, a alegria, o otimismo com atenção, paciência, tranquilidade, autoconfiança e abertura recíproca, sintetizando o passado abertos ao futuro.
- Progressivamente cada filho deve reconhecer a possível e sensata autonomia, criatividade, com opiniões fundamentadas e seletividade efetiva, mas sempre como “grilos da consciência “ do verdadeiro, do justo e da fraternidade como dever permanente de todos.
- Em certas fases do desenvolvimento é natural a atenção da radical autonomia e que possa surgir a necessidade “dos segredos” e eventualmente certa contestação e indisciplina. Antes de eclodir ruturas, ou conflitos abertos é útil estabelecer “diálogos francos” e fortes.
- Combinando firmeza e caridade, haverá que ajudá-los a ponderar as suas escolhas e ajudá-los a assumir a tempo as consequências de riscos insensatos. Mas tudo deveria ser conduzido sem chantagens, procurando estabelecer pontes e proporcionar contatos leais e esclarecidos para os ensinar a pescar em vez de lhes dar o peixe. O ideal é ajudar a crescer com verdade e paciência persistente na aquisição seletiva da cultura de ser o que deve ser e bem fazer superando o luxo e o lixo.
Autor: Fr. Bernardo Domingues, op
Revista Rosário de Maria –Ano 70| nº 740| outubro de 2014