ATITUDE TOLERANTE

  1. Em linguagem corrente a palavra “tolerância” tem uma conotação preferentemente depreciativa ou negativa.

Tolerar e suportar são, frequentemente, tomadas como sinónimo de aguentar algo considerado inadequando. Supõe pois uma atitude com certa marca de passividade, de consentimento indulgente para quem é incapaz e inapto. Por vezes significa uma posição de suster a perseguição a quem age de modo considerado negativo e eventualmente culpado.

A posição de indulgência, de desculpa, de suportável, de deixar correr ou de consentir, supõe que, dado o contexto, torna-se aceitável como um mal menor, dadas as circunstâncias ou as consequências possíveis resultantes duma intervenção retificadora ou eventualmente punitiva. (…)

E quem é tolerante poderá ser considerado como permissivo, sem princípios, sem carácter, sem clarividência e força para tomar posição e enfrentar a luta contra o mal.

  1. Ora a autêntica tolerância deveria significar uma atitude inteligente, educada e positiva para tornar-se incondicionalmente atento e disponível para acolher, escutar, ver e entender o que o outro foi, é ou poderá vir a ser. É essencial ter clara consciência de que a “história” não revela a totalidade da pessoa que é ser aberto ao futuro.

E, como é de nossa experiência, o real encontro com os outros supõe uma efetiva disponibilidade intelectual, afetiva e social para perceber o que está para além das máscaras que cada um afivela por razões que até o próprio desconhece, devido a circunstâncias “impostas” durante o desenvolvimento da personalidade de cada um.

  1. Todas as pessoas precisam de ser conhecidas, identificadas, reconhecidas, aceites, estimuladas e apoiadas, tanto no sucesso como no fracasso. E, frequentemente, os preconceitos, as resistências às mudanças, a insegurança, a auto-imagem negativa ou brilhante, impede-nos do espanto, da admiração que o outro poderia causar-nos se fossemos efetivamente livres e libertadores das cadeias que nos amarram e nos impedem de perceber a verdade do outro.
  2. É conveniente e urgente a conversão para não classificarmos apressadamente os outros; devemos, sim, fazer um esforço sustentado e coerente para nos ajudarmos mutuamente, para cada um auto-atualizar as capacidades ou virtudes disponíveis e superar, com estratégias pertinentes, os eventuais aspetos negativos da nossa identidade, que apesar das marcas e tendências hereditárias, educativas e circunstanciais poderá sempre encontrar outras dimensões e novidades. Os conflitos íntimos, sociais e até éticos, poderão ser integrados pela via do diálogo leal, aberto e confiante que levará à cura pela força da esperança e aceitação tolerante da diferença.

 

Autor:

Frei Bernardo, op

Fonte:

Revista Rosário de Maria

Ano 71| nº 745| março de 2015

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