A EUCARISTIA SACRIFÍCIO PASCAL

A Eucaristia instituída por Jesus, na Ceia pascal, está no coração da celebração da Páscoa. De facto ela insere-se entre a Ceia pascal dos Judeus e a Páscoa do Novo Testamento (a morte e ressurreição de Jesus).

É na morte de Cristo que têm cumprimento todas as Escrituras do Antigo Testamento. Cristo Cordeiro pascal imolado (1 Cor 5, 7) é a Páscoa do Novo Testamento. Ele, como vítima imaculada no Espírito Santo (Hb 9,14), deu-se em sacrifício pelos pecados do mundo (Mt 20,28) e assim nos libertou.

Mas esta imolação é uma Páscoa definitiva e, por isso, tal sacrifício na cruz foi oferecido uma só vez por todas (Hb 9,26-28; 10,10).

Duas coisas muito importantes há que considerar, a partir deste sacrifício pascal único:

  1. O sacrifício pascal da cruz esgota o significado de todo e qualquer outro sacrifício e substitui a todos os sacrifícios, realizando-os num só e superando-os, tal como a realidade supera e ultrapassa o seu sinal e figura.
  2. Cristo realizou esse sacrifício cruento de uma vez para sempre. Tal sacrifício nunca mais se repetirá. Aqui, os sinais atingiram a realidade e esta é o termo da salvação. Nada mais é preciso imolar, a partir de agora, pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado (cf. 1Cor 5,7).

 A EUCARISTIA PERPETUA NA IGREJA O SACRIFÍCIO PASCAL DE CRISTO

Jesus, ao aproximar-se o cumprimento total das Escrituras, na véspera da sua morte, manifestou aos discípulos que tinha desejado ardentemente comer esta Páscoa com ele (Lc 22,15).

Ele não iria tornar a comer a Páscoa antiga, porque estava para ter pleno cumprimento o reino de Deus (Lc22,16) por Ele anunciado. Com a vinda desse reino, consumado na morte e ressurreição, a Páscoa hebraica perde o seu significado (como sinal) para nela se inserir um novo significado pascal (a realidade), ou seja, a libertação verdadeira e definitiva. Ao novo significado pascal da realidade, ora acontecia, há-de corresponder um novo rito. Ele é instituído por Cristo. Desse novo rito fazem parte dois elementos profundamente pascais:

  1. O Cordeiro pascal. Agora: o Corpo de Cristo.

Isto é o meu Corpo entregue (sacrificado) por vós.

Ele já tinha preparado tudo, quando dissera: o pão que Eu vos irei dar é a minha carne para a vida do mundo ((Jo 6,51) e outra: Vim para dar a vida em redenção por todos (Mt 20,28).

De resto, na boca de João Baptista, Ele é o Cordeiro de Deus (Jo 1,29). E São Paulo chama-Lhe nossa Páscoa imolada (1Cor 5,7).

Assim aparece bem claro no espírito dos Apóstolos que o novo Cordeiro a imolar, em rito pascal, é Aquele que Se entregou por nós na cruz. Com efeito, Jesus não manda fazer a memória da Páscoa Judaica, mas, isso, ordena aos discípulos que façam em sua memória o que Ele fez: Fazei isto em memória de Mim. Isto, quê?

Exatamente o mesmo gesto sacramental realizado por Jesus ao tornar-Se Corpo entregue e Sangue derramado por nós e por todos, para remissão dos pecados.

Autor:

  1. Manuel Madureira Dias

Bispo Emérito do Algarve

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