A cruz escondida

Escola cristã em Qaraqosh é sinal de esperança para os Cristãos iraquianos

 

O sonho da Irmã Clara

No dia 1 de Outubro houve festa na maior cidade cristã do Iraque. A inauguração de uma simples escola veio reforçar a ideia de que os tempos de violência e de perseguição pertencem já ao passado. Por ali, ninguém quer mais voltar a ter de fugir, ninguém quer mais viver em sobressalto. A escola sonhada pela Irmã Clara é um sinal de esperança para o futuro…

No primeiro dia de Outubro, a escola secundária de Qaraqosh, iniciativa das Irmãs Dominicanas, abriu as suas portas dando assim um importante sinal do empenho da comunidade cristã no futuro do país. Passaram sete anos desde que a cidade havia caído nas mãos dos terroristas do Daesh, o Estado Islâmico. Situada na Planície de Nínive, a cerca de 25 km de Mossul, Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, viveu em 2014 um dos períodos mais dramáticos da sua história. Perante a invasão dos homens de negro, as famílias cristãs foram forçadas a fugir nos primeiros dias do mês de Agosto, deixando tudo para trás a caminho de um exílio dentro do próprio país na região de Erbil. Foram tempos duros, marcados por um profundo sentimento de impotência e de revolta. Ninguém consegue esquecer esses longos meses de humilhação. Qaraqosh seria libertada pelo exército Iraquiano apenas dois anos mais tarde. Desde então, aos poucos, as famílias foram regressando a uma cidade meio destruída, com casas e igrejas vandalizadas, com marcas de ódio em todo o lado. Reconstruir passou a ser a palavra de ordem. Mas, para a Irmã Clara, a superiora das Dominicanas de Santa Catarina de Siena, era importante sonhar com um projecto que ajudasse a comunidade a enfrentar os desafios do futuro. E foi assim que nasceu a ideia da construção de uma nova escola secundária. No meio da azáfama para limpar a cidade de entulho, a irmã foi desenhando na sua cabeça uma escola que seria mais do que um edifício. Teria que ser um sinal de esperança para todos. Em 2018, a irmã pediu ajuda à Fundação AIS e à Chancelaria da República Federal da Áustria. Era preciso avançar.

Reconciliação e cura

“O nosso objectivo era oferecer aos jovens um lugar de reconciliação e cura depois de terem vivido tantos anos como refugiados”, explicou a madre superiora à Fundação AIS. Para as famílias de Qaraqosh, a notícia de que iria haver uma nova escola para os seus filhos foi um alívio. A fraca qualidade do ensino, a escassez de professores, as baixas remunerações e a falta de material escolar são ingredientes que ajudam a explicar a crise no sector educativo. A nova escola secundária de Qaraqosh tem 625 alunos, dos 13 aos 18 anos. Foi para eles que as irmãs tanto trabalharam nos últimos meses. “Como Irmãs Dominicanas, estamos convencidos de que a educação ilumina a mente e abre os corações à verdade”, explica a Irmã Clara. Três andares, uma capela, salas de aulas para todos e um plano para a construção ainda de um campo desportivo que será destinado à comunidade local. A importância da existência da escola é muito significativa para a região. Só para a construção do edifício estiveram envolvidas cerca de duas centenas de pessoas, desde operários a engenheiros. Agora, como escola, vai dar emprego a professores, educadoras e funcionários administrativos. “Estamos profundamente gratas pela vossa solidariedade”, diz a Irmã Clara dirigindo-se aos benfeitores da Fundação AIS em todo o mundo. “Agradecemos muito o vosso apoio moral e financeiro, que nos permite permanecer no nosso país”, acrescentou. No dia 1 de Outubro, houve festa em Qaraqosh. A nova escola é um sinal de que o futuro dos Cristãos continua a passar por ali. Esse era o sonho da Irmã Clara. Um sonho agora concretizado, em nome de todos…

Paulo Aido | www.fundaca-ais.pt

 

Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/

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