Entrada triunfal
Neste Domingo, a Igreja começa a celebração da Eucaristia, recordando a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, para consumar o seu mistério de amor por nós. Desde o princípio da Quaresma, vimos a preparar-nos para celebrarmos dignamente a Páscoa do Senhor, isto é, a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Para cumprir o que fora anunciado pelo profeta Zacarias, Jesus entrou em Jerusalém, montado num “jumentinho.” Durante a vida pública, Jesus tinha evitado todas as aclamações messiânicas, mas agora apresenta-se como o Messias, entrando montado num humilde jumentinho e não como um rei temporal, montado num cavalo. Ele não é um rei dominador, mas um rei de amor. Deste modo, a entrada de Jesus em Jerusalém manifesta que o Reino dos Céus chegou à terra. Manifesta também que Jesus é o Rei-Messias. A cena reveste-se de um carácter de entronização, ao cumprir-se a profecia de Zacarias: “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, filho de uma jumenta.” (Zacarias 9,9)
Com a celebração do Domingo de Ramos, entramos na Semana Santa. Foi para realizar este mistério da sua morte e ressurreição que Jesus entrou na sua cidade de Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O. Estendem os seus mantos diante d’Ele. Cantam este louvor: «Bendito seja o Rei que vem, em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Evangelho Lucas 19, 28-40)
A entrada de Jesus em Jerusalém é o anúncio da Ressurreição gloriosa. Depois dos sofrimentos da Paixão, vem a vitória sobre a morte, com a Ressurreição. Acompanhemos Jesus, permaneçamos a seu lado, subamos com Ele ao Calvário, de modo que, participando, agora na sua paixão, mereçamos também participar na sua ressurreição: “Vós permanecestes a meu lado, nas minhas tribulações; comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino.” (Lucas 22,28.30)
Naquele tempo…
A Paixão de Jesus é relatada com grande intensidade pelos quatro Evangelistas. Os sofrimentos que o Senhor abraçou voluntariamente revelam o seu amor infinito por todos nós: “Jesus Cristo amou-me e entregou-se à morte por mim.” (cf. Gal 2, 20) E noutra passagem podemos ler: “Vós nos resgatastes, Senhor com o vosso sangue, homens de toda a tribo, língua e nação.” (Apocalipse. 5,9)
“Naquele tempo, levantaram-se os anciãos, os sumos sacerdotes e os escrivas e levaram Jesus a Pilatos e começaram a acusá-lo.” É assim que começa o Evangelho, na forma breve. Ao lermos as palavras “naquele tempo”, podemos pensar que a Paixão de Jesus é um acontecimento do passado e que isto já não acontece hoje. Na realidade, Jesus é o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade. Fez-se homem e identifica-se com os pobres e com todos os que sofrem. “Eu tive fome e deste-me alimento. Era peregrino e tu me acolheste. Estive doente e tu fostes visitar-me. Tudo quanto fizestes a um dos meus irmãos, foi a Mim que o fizeste ou deixaste de fazer.” (Conf. Mateus 25, 31-46) Onde estiver um homem que sofre, aí está Jesus, que continua a sua paixão, através dos membros do seu Corpo místico. São João Eudes afirma que Jesus quer “completar em nós o mistério da sua paixão, morte e ressurreição, fazendo nos padecer, morrer e ressuscitar com Ele.” (Liturgia das Horas, Ofício de Leitura, Sexta-feira da 33 Semana) Por sua vez o Apóstolo São Paulo diz que “completa na sua carne o que falta à paixão de Cristo.” (Colossenses 1,24)
Serenidade de Jesus
Jesus afirmou que desejava ardentemente comer aquela Páscoa com os seus discípulos. Entretanto, aproximando-se o tempo em que devia ser arrebatado deste mundo, “tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém.” (Lucas 9,51) Esta determinação de Jesus de subir a Jerusalém, onde voluntariamente ia entregar a sua vida, dando a maior prova de Amor por nós, mostra-nos uma profunda serenidade nas palavras e nas acções. Jesus sabia que era a última refeição com os seus Apóstolos. Antes de entregar o seu corpo e antes de derramar o seu sangue, desejou ardentemente celebrar a Última Ceia. É nesse ambiente tão íntimo e de significado tão profundo, que vai concretizar a promessa de ficar connosco, até ao fim dos tempos, oferecendo-nos o Seu Corpo e o Seu Sangue como alimento, que permanece para a vida eterna. Nesta entrega amorosa, Jesus aponta-nos o sentido da Sua morte: “Isto é o meu Corpo entregue por vós. Este é o cálice do meu sangue derramado pela multidão dos homens. Fazei isto em minha memória.” Nós conhecemos o Amor infinito e misericordioso do Coração de Jesus: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (João 13,1) Antes de expirar, perdoou aos que O matavam, desculpando-os. Ofereceu o paraíso a um malfeitor. Rezou tranquilamente, cheio de confiança filial: “Pai nas Tuas Mãos entrego o meu espírito!” O Centurião, ao ver a serenidade com que Jesus morria, “deu glória a Deus, dizendo: Realmente este Homem era Justo.”
“Quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a mim.”
“Jesus seguia à frente dos seus discípulos, subindo para Jerusalém.” (Lucas 19,28)
Jesus entrou em Jerusalém acompanhado pelos discípulos que cantavam um hino de louvor: “Toda a multidão dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus: glória a Deus nos céus, paz na terra aos homens por Ele amados.” (Lucas 19, 40) Ao terminar a narrativa da Paixão, São Lucas fala também “da multidão que tinha assistido à morte de Jesus e se retirava batendo no peito. Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, mantinham-se à distância, observando estas coisas.” Jesus tinha anunciado: “Quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a mim.” (João 12, 32) A Paixão de Jesus começou a produzir os primeiros frutos de conversão, desde esse momento, no Calvário: As pessoas manifestavam o seu arrependimento, por isso “batiam no peito.” Pela cruz, Jesus reconciliou com Deus os pecadores. Com São Paulo, cada um de nós pode dizer: “Toda a nossa glória está na Cruz. Longe de mim gloriar-me a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gálatas 6,14)
“A cruz é a vontade do Pai, a glória do Filho Unigénito, o júbilo do Espírito Santo, a honra dos Anjos, a segurança da Igreja.” (São João Crisóstomo, Ofício de Leitura, Nossa Senhora ao Sábado) Fixemos o olhar em Jesus crucificado. Diante das dificuldades tenhamos confiança. O Povo da Nova Aliança nasceu do sangue e água que jorrou do Coração de Jesus, trespassado pela lança. Nenhuma espécie de crueldade poderá destruir a nossa Igreja, fundada pelo mistério da Cruz de Cristo.
Abracemos a cruz, beijemos a cruz pela qual subimos ao reino dos céus. Na cruz está a salvação, na cruz está a vida, na cruz o amparo contra os inimigos, na cruz a abundância da suavidade divina, na cruz a fortaleza do coração, na cruz o compêndio das virtudes, na cruz a perfeição da santidade. (Imitação de Cristo, Livro I, Capítulo 11, 2)
“Para nós a cruz já não é um instrumento de medo e de morte, mas um símbolo de vida e de paz.” (CEP, O Rosário com João Paulo II, p 40) A cruz é a manifestação visível do amor de Deus que “amou tanto o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, a fim de que todo aquele que Nele acredita não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3,16).
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