9 de janeiro de 2017- Festa do Batismo do Senhor

A liturgia da Igreja, depois de nos ter apresentado ontem  a Epifania de Belém, coloca-nos hoje perante a Epifania do Jordão.

É o mesmo Deus feito Menino que agora adoramos e contemplamos no início da vida pública. Então era o Messias prometido, o Rei dos Judeus que o Magos procuravam. Hoje é o Messias testemunhado pelo Pai, o Filho de Deus a iniciar a missão messiânica, o ministério público prometido desde os séculos e preparado pelos profetas.

Alia-se a infância de Jesus à sua vida pública. O Batismo do Jordão será consumado no Batismo do calvário. A missão redentora investida no Jordão terá o ápice no calvário.

O Batismo de Jesus

O Filho de Deus, o Messias esperado, recebe o maior testemunho da divindade no momento do Batismo. Patenteia-se a investidura de Cristo quando os céus se abrem, se manifesta o Espírito Santo, e o Pai fala: Este é o meu Filho muito amado.

Não é possível aceitar a revelação sem reconhecer a novidade apontada neste momento de mistério e de graça. Para quantos se encontram nesta ação eucarística, a verdade proclamada é bem séria e reveladora do cumprimento da promessa: o Messias havia de vir ao mundo para realizar a salvação. … Fiz de ti a luz das nações (1.ª leit.ª). De facto, o Filho de Deus que se apresenta é, Ele mesmo, a Palavra do Pai, o Mestre das almas, o guia perfeito para o caminho dos homens: escutai-O.

Escutar Jesus é dar-se conta de que o Reino já chegou, que a conversão é urgente, que a vida deste mundo é breve, que vale a pena trabalhar pela vida eterna, pela felicidade, tomar o jugo do próprio dever, da sua vocação, para se configurar com o Messias que inaugura o ministério da vida pública. Aceitar o filho de Deus implica compromissos totais e definitivos. Ele está para chamar: vem e segue-Me. Deus não faz acepção de pessoas, anuncia a paz por Jesus Cristo que é o Senhor de todos (2.ª leit.)

O Filho de Deus

É fundamental e decisivo. O Filho de Deus é o próprio Deus feito homem investido na sua missão messiânica: Filipe, quem Me vê, vê o Pai… É o único Senhor da nossa vida; não fostes vós que Me escolhestes… Senhor exigente que paga cem por um: quem quiser vir após Mim, tome a sua cruz e siga-Me.

Seguir o Filho de Deus é um dever de afirmar a fé no Espírito no meio de um mundo que apenas coloca a esperança no pó desta terra, é tomar atitudes difíceis de justiça em ambiente tentador e hipócrita, e saber orientar os comportamentos corretos no meio das seduções hedonistas da propaganda do prazer e da facilidade; é amar o próximo de todo o coração, sem reservas, em contraste com o incitamento permanente ao ódio e à violência, tomar consciência de que todo o ser humano tudo deve ao Criador, vencer as insinuações ateias ou indiferentes de pseudo-intelectuais a manifestarem uma consciência ignorante de quem não se apercebe que sem a proteção divina nada vale.

Só uma humanidade cega pode negar o Deus da vida, e do mundo e fechar os ouvidos à voz do céu. Só uma sociedade enganada por publicidade irresponsável de ateísmo consumista pode desviar os olhos de Deus. Todos precisamos de voltar ao Jordão, olhar o céu, seguir o conselho do precursor, escutar a voz do Pai. Contemplar, amar e seguir o Messias para O escutar. Deixar-se envolver no seu gesto salvador, seguir os seus passos, acolher a misericórdia divina.

Na festa do Batismo do Senhor aqui estamos para exclamar: Jesus, sim, Tu és o Filho de Deus!

O nosso Batismo

O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã. A Constituição Dogmática sobre a Igreja (LG 7) diz-nos que a vida de Cristo se comunica aos crentes através dos sacramentos pelos quais se reúnem de modo misterioso e real a Cristo que sofreu e foi glorificado. O batizado configura-se com Cristo, torna-se nova criatura. Fomos todos batizados para formar um só corpo. Os fiéis em Cristo, apesar de muitos formam um único corpo, guiados e unidos pelo mesmo Espírito. Todos os membros devem conformar-se com Ele até que neles se forme Cristo. O Batismo de Jesus lembra-nos o nosso batismo e as graças e obrigações daí decorrentes.

Filhos de Deus, membros da Igreja, pedras vivas, para a edificação de um edifício espiritual. O batizado dá testemunho das virtudes e graças recebidas, professando a fé, vivendo a vida nova dos filhos de Deus, bem longe do comportamento dos pagãos. Edifica a Igreja pela prática das virtudes, segundo os critérios do Evangelho. Pela Confirmação vincula-se mais perfeitamente à Igreja e a Cristo, comprometido a difundir e a defender a fé por palavras e obras. Participa na Eucaristia que é a fonte e cume de toda a vida cristã, oferece a Deus a vítima divina e oferece-se a si mesmo com ela.

O batizado purifica as suas fraquezas e pecados no sacramento da Penitência e participa da graça dos outros sacramentos conforme as necessidades e circunstâncias da sua vida.

Faz-se discípulo de Jesus Cristo, membro ativo da Igreja e testemunha das bem-aventuranças segundo o projeto divino: desprendimento, misericórdia, fome de justiça…

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