8 de julho de 2021 –quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum – Dai grátis o que grátis recebestes.

BAGAGEM PARA A MISSÃO

  1. O arbítrio do apóstolo. Uma vez que Jesus escolheu os doze apóstolos e lhes confio a missão de proclamar a chegada do reino de Deus, como lemos ontem na abertura do discurso apostólico, seguem-se algumas instruções muito concretas para realizar essa missão. É o evangelho de hoje. Agrupando estas instruções missionárias, observamos que o primeiro grupo se refere à tarefa evangelizadora em si mesma: mensagem e sinais de libertação: “Ide e proclamai que o Reino dos céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios”. Como delegados que são de Jesus, os enviados atuam como ele, unindo ao anúncio do Reino o aval da libertação dos pobres.

O segundo grupo de instruções centra-se na psicologia e na vontade pessoal dos missionários: gratuitidade da sua oferta, desprendimento absoluto e relações de paz com os evangelizados, tanto na hospitalidade como na rejeição. “O que recebestes grátis, dai-o grátis. Não leveis no cinto ouro, prata nem cobre; nem sequer alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o operário merece o seu sustento… Ao entrar numa casa, saudai com a paz”.

Jesus não se contenta com entregar aos seus apóstolos a mensagem que devem transmitir; quer também que o seu estilo de vida esteja de acordo com essa proclamação. O anúncio essencial não fica entregue à livre decisão, criatividade e interpretação do mensageiro, antes é assinalado por Cristo, que é quem envia com a sua autoridade. Porém, as normas concretas de comportamento e pobreza abrem uma margem de manobra à própria responsabilidade e convidam a um sempre maior compromisso pessoal que, salvo a absoluta disponibilidade para o serviço do evangelho, admite matizes de encarnação em cada tempo, cultura, ambiente, circunstância e lugar.

 

  1. Pobreza e gratuitidade. A única bagagem do apóstolo, segundo Jesus, deve ser a sua palavra e a sua pobreza. Tudo o resto está a mais, inclusivamente estorva-o no caminho do Reino. O apóstolo não necessita de seguros de nenhuma espécie, porque “o operário é digno do seu sustento”. Aquele que serve o evangelho tem direito a viver desse serviço, graças à resposta generosa dos evangelizados, diz Jesus, remetendo-se à proverbial hospitalidade semita. Mas São Paulo renunciava contente a esse direito apostólico e ganhava a vida com o trabalho das suas mãos, sem deixar por isso de anunciar a palavra. Sabia muito bem em quem confiava.

Consciente de que tudo o que tem e leva consigo: mensagem e dom de curar, o recebeu gratuitamente, o apóstolo dá-lo-á também grátis, partilhando o seu tesouro com os outros sem espírito de lucro. Nisto se diferenciará dos charlatães, exorcistas, milagreiros e santarrões interesseiros, os daquela época e de sempre. Reconhecer que tudo recebemos de Deus é a forma mais profunda de pobreza de espírito, que leva a partilhar tudo no amor fraterno.

A gratuitidade é um sinal do autêntico enviado. Num dos primeiros escritos do cristianismo lemos: “Ao apóstolo que chega até vós, acolhei-o como ao Senhor. Ele não ficará mais que um dia; se houver necessidade, um dia mais. Se ficar três dias, é um falso profeta… Se pede dinheiro, é um falso profeta”.

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