8 de dezembro de 2021 – Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

Em pleno coração do Advento, celebramos a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.

Esta celebração não interrompe nem nos distrai do tempo que estamos a viver. Maria é o sinal da proximidade de Deus que nos vem salvar. Viveu connosco mais intensamente esta espera da vinda de Jesus, nos nove meses em que o seu corpo imaculado foi sacrário de Deus.

 

  1. Maria Imaculada, promessa de bênção

A tragédia do pecado. «Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: “Onde estás?” Ele respondeu: “Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me”. Disse Deus: “Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?”»

O pecado dos nossos primeiros pais – chamamos-lhe pecado original, porque aconteceu nas origens – teve graves consequências para Adão e para os seus descentes que somos todos nós.

  • O pecado é desobediência. Todo o pecado, grave ou leve, implica uma desobediência à vontade de Deus, em recusar-se a fazer a Sua vontade santíssima. O Senhor quis que esta verdade ficasse explícita no texto do Génesis: «Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o […]» Perguntou-lho também diretamente, para ouvir a sua confissão da culpa: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?»

A desobediência concretiza-se em não fazer o que Deus quer ou em fazer o que Deus não quer. Há pecados por omissão e por comissão. Aqui, Adão e Eva fizeram o que Deus tinha proibido.

  • Medo de Deus. Pela graça santificante, Adão e Eva tinham sido constituídos filhos de Deus. A filiação divina é a nossa maior riqueza e dá origem a o amor e confiança entre nós e Deus. Ele não quer ser temido, mas amado.

Ao perder a filiação divina, toda a confiança e harmonia que eram próprias da nossa condição, se perdeu, para reinar o medo de Deus. «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, […] tive medo e escondi-me».

  • Nudez completa.  Adão toma consciência de que estão os dois nus.  «como estava nu,» Pode não se referir à nudez física ou, pelo menos, não exclusivamente a ela, mas, sobretudo, à nudez espiritual. O pecado despojou-os de toda a riqueza da graça santificante com todas as consequências: a filiação divina, os dons preternaturais…
  • Quebra da comunhão. Adão acolheu Eva com palmas de júbilo, quando ela lhe foi apresentada por Deus. Agora acusa-a de ter a culpa desta situação desgraçada. Rompeu-se a comunhão entre os dois.

Todas as guerras e desavenças entre as pessoas têm origem no primeiro pecado dos nossos primeiros pais.

  • Reconhecimento da culpa. Sem este passo de humildade, reconhecendo o mal feito, a conversão não se dá. Por isso, com divina delicadeza, o Senhor ajuda Adão e Eva e tomarem consciência da gravidade do que tinha acontecido.
  • Perda do Céu. Depois do pecado, Adão e Eva foram expulsos do Éden e um anjo com uma espada de fogo guardava a entrada. (Cfr Génesis 3:22,23).

 

 

  1. Deus revela-nos a Imaculada

A Cheia de graça. «Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela.»

  1. Lucas evangelista começa por nos dizer que o nome da Virgem da Anunciação “era Maria”.

Não a trata por este nome o Arcanjo S. Gabriel, mas saúda-A com o nome de “Cheia de Graça”. Como se fora o seu nome próprio.

  • Imaculada Conceição. Em toda a história da Salvação, quando Deus chama alguém a uma nova missão, assumindo uma nova personalidade, muda-lhe o nome. Abrão passa a chamar-se Abraão, quando é chamado a ser “pai dos crentes.” Jesus muda o nome de Simão para Pedro, quando o chama a ser o Chefe visível da Igreja.

Mas há uma outra riqueza no tratamento do Arcanjo: “Cheia de Graça” proclama uma verdade consoladora que ele quer recordar à Virgem de Nazaré: Maria é a Imaculada Conceição, porque nunca esteve privada da graça santificante, desde o primeiro momento da sua existência. Não pode ter mais graça do que a que tem, porque nunca esteve privada dela.

  • Mãe de Deus. Ao mesmo tempo, na sequência do diálogo, explica-lhe a razão deste privilégio singular de ter sido preservada da mácula original e cheia e graça desde a sua conceição: Deus escolheu-A para Mãe do Redentor.

Como teria permitido Jesus, Seu Filho virginal, que Ele, Sua Mãe, pudesse ter estado submetida ao seu maior inimigo que é o Demónio?

  • Deus quis assim. Pode dizer-se que no mistério da Imaculada, os fiéis partiram da fé para encontrar uma explicação teológica. Em plena Idade Média, o Beato João Duns Scoto, sacerdote franciscano da Escócia (1286-1308) assim raciocinava: Deus podia ter criado Maria Imaculada; convinha que o fizesse, para que não estivesse nem um só instante submetido ao império do demónio; portanto, fê-lo.

E, desde então, os fiéis nunca cessaram de proclamar a Imaculada Conceição de Maria, até que a Igreja proclamou esta verdade como fazendo parte do depósito da fé.

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