8 de dezembro de 2016 – Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

A festividade da Imaculada Conceição aponta-nos na dimensão cristológica. Maria foi revestida de dons tão excelentes na relação com Cristo, filho de Deus. Sabor cristológico na aceitação, acolhimento e compromisso com o Mistério de Cristo.

Outra das dimensões desta festa é a dimensão eclesial. Maria, pela Imaculada Conceição, não se afasta da comunidade eclesial, mas é dócil colaboradora, desde a sua origem, pela Maternidade do Verbo e da Igreja.

Também revela a dimensão salvífica. Permite que Cristo opere a salvação em favor de todos, fazendo-se doação e entrega redentora: «Corpo entregue e Sangue derramado».

E a dimensão escatológica. Maria é apresentada como referência para o discípulo e para a Igreja. Cada um está chamado a ser como pessoa, e todos como povo de Deus, o que Maria foi e é na glória eterna.

Um projeto sem Deus

A primeira leitura usando um estilo poético e cheio de imagens ajuda-nos a compreender o que é um projeto de vida traçado e vivido onde Deus é colocado à margem.

Retrata a adesão à mais profunda e radical das tentações: ver Deus como adversário do ser humano. O plano de Deus é visto como algo que o impedem de ser feliz e livre.

Como consequência dessa opção, fruto da sedução do orgulho e soberba, o ser humano, não aceita a sua condição de criatura, suas limitações, sua pequenez, sua fragilidade. É seduzido a ser como Deus, mas pela via da arrogância, da soberba e do fechar-se em si e na sedução tentadora. Procurando a liberdade na fuga do projecto de Deus o ser humano é vítima das mais baixas escravidões.

A palavra de Deus, feita proposta e sabedoria para eles, deixa de ter espaço e referência nas suas vidas. Concentram-se só na visão, decisão e aventura de construir a vida onde Deus fica à margem ou é tido em conta para uma possível luta. Se essa maçã os tornarem como deuses! Foi a atitude daqueles seres espirituais que foram também confrontados com tal hipótese sedutora.

Prescindindo de Deus e fazendo uma opção totalmente oposta ao seu projeto, comem aquele fruto que lhes daria, segundo a sedução, a condição de deuses! Mas aquele fruto gerou neles sintomas profundos de degradação e morte. Perdem a força, a alegria e o entusiasmo. Escondem-se, isolam-se e têm medo de Deus, da natureza, deles mesmos. A sua visão foi profundamente afetada e perturbada. Deus já não é visto como amigo, mas como adversário que evitam. Também se acusam mutuamente. A natureza passa a ser vista como traiçoeira. A sua condição humana provoca-lhes vergonha. Esse fruto apaga neles a esperança e leva-os à morte.

Como consequência de tudo isto, Deus, volta a aparecer como amigo. Desafia o ser humano à esperança. A Sua intervenção operada em Cristo impossibilitou o aniquilamento e a morte.

O Projeto com Deus

Apesar desta experiência radical no afastar-se de Deus, o homem, não fica abandonado. Por essa experiência também dolorosa pode apreciar até onde vai a misericórdia de Deus: «ó feliz culpa, que tal e tão grande redentor mereceu ter».

Maria revela uma atitude totalmente diferente. Humilde e abandonada aos projectos de Deus compromete-se total e definitivamente com os misteriosos desígnios de Deus.

Maria é colocada no centro da história da humanidade pelo sim e pela entrega, possibilitando a concretização da esperança anunciada em Génesis, primeira leitura.

Maria está indissoluvelmente unida ao Mistério de Cristo. N’Ela podemos ver com transparência, limpidez, fidelidade e ser imaculado que é possível corresponder aos planos e projectos de Deus, pela obediência, pela adesão e pelo compromisso. Ela nos faz compreender que o plano de Deus é um plano amoroso em favor de todos.

Ela é um dom excelente de Deus para cada um, para a Igreja e para a Humanidade. Ela não se afasta pela sua enorme grandeza e santidade, mas permanece no meio de nós, na proximidade de Mãe. Está presente na docilidade e encantamento da Sua humildade Evangélica, como centro do «olhar» de Deus e fonte de vida. Está presente como Educadora ajudando maternamente ao crescimento para a maturidade cristã. E está presente como referência de discípulo a estimular a entrega e doação.

O fruto que em Maria é gerado é fruto de salvação e de vida que Ela ofertará como Caminho, Verdade e Vida.

O Projeto de Deus na minha vida.

A vida cristã iniciada no batismo é uma vida sujeita a muitas tentações e dificuldades. As seduções são muitas. Tanto as tentações e seduções interiores como exteriores. Parece passar-se em nós como na primeira leitura.

A maior tentação do nosso tempo é colocar Deus à margem das suas construções e dos seus projectos. A grande sedução é pensar que todos os sistemas de morte e a própria morte são companheiras privilegiadas na caminhada do homem.

O homem sente a sedução pela morte. Ele pensa que a morte e os sistemas de morte o ajudarão a resolver muitos dos seus problemas. Ou são tidos como planos aliciantes na sua caminhada.

Deus tem uma proposta para todos nós. Mesmo antes da criação do mundo ele quis que fossemos santos e irrepreensíveis. Apesar da nossa pequenez e limitação somos mais importantes que o próprio universo porque fomos pensados primeiro e o «modelo» da nossa criação foi a própria Trindade.

Nesta caminhada contamos com os passos amigos de Cristo, presença máxima e sem igual, na Eucaristia. Ele mesmo vem ter connosco para seguirmos no mesmo caminho. Partilha connosco a Palavra que enche o nosso coração de esperança e de alegria, iluminando o sentido mais profundo da nossa vida. Ele parte connosco o Pão da Vida, como presença, doação e comunhão de vida e amor. Este encontro leva ao compromisso entusiasmante no Seu anúncio.

Nesta caminhada contamos também com a Sua presença no sinal da reconciliação que permite retomar caminho, curar as feridas, unir o que foi rompido e estabelecer comunhão com Deus e com os irmãos. Permite ao ser humano redescobrir a força da humildade que nos coloca sob o «Olhar» amoroso de Deus.

O Concilio Vaticano II, na L.G. apela-nos a vivermos como Maria. No seu ser, na sua vida e na sua missão encontramos ajuda imprescindível para o nosso compromisso com Cristo.

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