Eu sou o pão da vida, disse Jesus. Se alguém comer deste pão viverá eternamente. É este mistério de amor e vida contemplado na solenidade de hoje e motivo de fervorosa adoração – uma festa instituída a partir do séc. XIII em que se recorda a instituição da Eucaristia em Quinta-Feira santa e se alarga a memória deste acontecimento de salvação.
Contemplar Jesus presente na Eucaristia, adorar e agradecer, eis a grande proposta que a Igreja nos faz.
A primeira leitura apresenta palavras que vão ter nova expressão no evangelho: aliança, sacrifício e sangue.
O sangue da aliança que refere Moisés é sacrifício que exige o cumprimento da palavra-mandamento que o Senhor propõe. E de facto a resposta é afirmativa: faremos quanto o Senhor disse. O povo que fazia a caminhada do êxodo é afinal o mesmo que hoje percorre os caminhos da vida. E não se compreende que o povo da Igreja esteja menos disposto a decidir e fazer como aquele povo prometia: nós poremos em prática tudo quanto o Senhor disse. A Eucaristia é alimento de vida é compromisso que deve ser universal, a respeito das pessoas e dos mandamentos divinos. Todos os presentes nesta celebração têm ocasião de contemplar e agir.
O sacrifício a que se refere a 1.ª leitura será, afinal, a transformação a realizar na nossa vida para que ela se torne algo de sagrado. Sacrificar egoísmos e comodismos, por Deus que se dá inteiramente. Sacrificar o terreno e o profano pelo divino. O livro da Aliança foi lido ao povo para que decidisse. Se no Sinai Deus estabelece uma Aliança com o povo, no Cenáculo a Eucaristia torna-se o sacrifício da Nova e eterna Aliança, alimento de vida, compromisso de conversão.
Um cântico de adoração
A eucaristia, fonte e vértice da vida cristã, dá vida à comunidade, assembleia sagrada, e contribui para a santificação e salvação do mundo. Na presente celebração cada um de nós avive a sua fé, escute o Senhor, adore o Santíssimo Sacramento. Afinal todas as decorações desta igreja exprimem a fé de quantos se encontram reunidos e acreditam em algo mais do que meras aparências, mas num realidade espiritual, viva e atuante que é Jesus aqui presente e, cada um á sua maneira, exprime essa mesma fé que há-de transformar a sua vida. É o momento da adoração do cântico de adoração a Jesus presente na Eucaristia.
Depois a adoração prolonga-se nas visitas ao sacrário, nas procissões e cânticos, na contemplação silenciosa, na atitude de vida que cada batizado toma para exprimir, na humildade, o sentimento profundo que lhe vai na alma. De facto, o sagrado também se exprime desde a participação na Comunhão, verdadeiramente preparada, até ao silêncio de adoração e ação de graças. A Eucaristia é memória da Paixão e a garantia da vida gloriosa: fazei isto em memória de mim. Na Santa Missa Ele se oferece continuamente pela humanidade e o santo sacrifício atualiza essa oferta eterna em que se realiza o cumprimento, até à perfeição, da relação de Jesus com o Pai e com os homens.
Acolher para agradecer
É momento de contemplar a presença real para adorar e dar graças por este dom maravilhoso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Faz-nos bem recordar de novo o primeiro grande acontecimento do tríduo pascal – a Última Ceia.
Orientando o nosso pensamento para a Eucaristia comunhão não se pode esquecer a atitude de vida que ela comporta. E mais ainda, a exigência de adoração e ação de graças.
No texto do Evangelho recordam-se os preparativos ordenados por Cristo para celebrar este memorial sagrado e se descreve a nobreza do local em que ele iria acontecer. Eis a dignidade e perfeição que merecem todas as celebrações repetidas em tantas igrejas da cristandade ao longo dos tempos e como em todas é ocasião de exprimir a gratidão por este divino dom da nova aliança expressamente referida no evangelho. Os preparativos do Cenáculo são uma expressão e desafio aos preparativos dos cristãos de hoje para este rito de ação de graças.
Sim. A Eucaristia é ação de graças e nós devemos deixar-nos mergulhar nesta atitude universal de ação de graças que a todos envolve. Diante dos discípulos Jesus anuncia a sua morte. Três dias depois o mesmo Jesus aparecerá ressuscitado diante dos discípulos, no mesmo lugar para lhes dar a paz. Obrigado Jesus. Aqui e sempre diante do Santíssimo Sacramento continuaremos a nossa ação de graças.