6 de novembro de 2022 – 32º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Uma mulher do povo professa corajosamente a fé na Ressurreição. Ela resiste até ao sacrifício do seu próprio corpo, diante daqueles que lhe querem roubar a sua alma de “mulher, de mãe e de crente”.

 

Tudo tem um fim… mas Deus permanece!

  1. O que ressalta de imediato da Liturgia da Palavra, ora acabada de proclamar, é o tema do fim das coisas, ou seja, o tema escatológico. É o modo disposto pela Igreja para liturgicamente nos indicar (também) que estamos a chegar ao fim de mais um ano.

 

  1. Sabemos, pela experiência e pela fé, que tudo o que é humano tem um fim. No início da era cristã, os cristãos acreditavam que a Parusia estava iminente: alguns cristãos afirmavam que este mundo estava a chegar ao fim e que Jesus estava para voltar e dar início a um mundo novo e a uma humanidade nova. Alguns estavam convencidos disto que sentiam que não valia a pena continuar a trabalhar. Perdiam tempo em coscuvilhices e viviam à custa dos outros, lançando no descrédito e no ridículo todos os crentes.

A situação tomava-se cada vez mais preocupante e escandalosa. E Paulo foi obrigado a intervir.

Na última parte da sua segunda Carta, avisa decididamente os Tessalonicenses. Recorda-lhes, em primeiro lugar, o exemplo da sua vida: “eu nunca fui um preguiçoso; nunca fui um peso para ninguém; anunciei o Evangelho gratuitamente e não aceitei esmolas. «Vós sabeis… que trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós».

Depois de ter apresentado o exemplo da própria vida, Paulo cita aos Tessalonicenses um provérbio popular: «Quem não trabalhar, também não deve comer» e, mais uma vez, lembra aos cristãos “que trabalhem tranquilamente para ganharem o pão que comem”.

É, pois, na medida em que os cristãos assumem e se empenham nas realidades deste mundo, na medida em que realizam com qualidade o seu trabalho e cumprem na perfeição os seus deveres neste mundo, é que podemos edificar o “mundo novo” que Jesus veio inaugurar.

Por isso, quem não trabalha, quem não põe à disposição dos irmãos todas as suas capacidades, não colabora na construção do reino de Deus.

 

  1. É claro que este empenho pelas causas dos homens e mulheres do nosso mundo e do nosso tempo é, por vezes, uma tarefa ingrata. O próprio Jesus lembra-nos no Evangelho: «deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às prisões. Causarão a morte a alguns e todos vos odiarão por causa do meu nome…»

É, sem dúvida, uma caminhada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo e onde a semente do “Reino” irá germinando.

Aos crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o “Reino” está presente e que se esforcem, todos os dias, por tornar possível essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados a olhar para o céu, mas um compromisso sério e empenhado, de forma a que floresça o mundo novo da justiça, do amor e da paz.

Jesus afirma que o importante é a perseverança na fé: «Assim tereis ocasião de dar testemunho»; «pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».

 

Concluindo, podemos hoje perceber uma coisa: para Cristo o que importa não é o fim do mundo nem o modo como acontecerá. Importa, isso sim, que até ao fim devemos colaborar na salvação que o Senhor nos oferece, testemunhando a nossa fé e perseverando na nossa esperança de que o que importa mesmo é Deus. É que tudo acaba, tudo passa… só Deus permanece!

Check Also

14 abril de 2024 – 3º Domingo da Páscoa -Ano B

“Testemunhando a fé no nome de Jesus ressuscitado”. Hoje, no terceiro Domingo da Páscoa, encontramos …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.