5 de setembro de 2021 – 23º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Mais uma vez nos damos conta, ao ouvir esta passagem do Evangelho, de que, em Jesus, se cumprem as profecias do Antigo Testamento. Jesus vem trazer a libertação, e esta Sua missão manifesta-se em todos os planos. Ele liberta o homem das limitações físicas, para o libertar também do único mal que é o pecado.

Neste episódio que nos é descrito por São Marcos, Jesus está diante de um homem que não ouve e tem dificuldade em falar. Naturalmente quer ser curado, e Jesus sabe-o. E tem fé, acredita que aquele Galileu cuja fama se espalha, é capaz de fazer prodígios.

Jesus decide atuar naquele homem através de gestos e sinais sensíveis, quase uma espécie de ritual, numa atitude familiar e ao gesto dos homens daquele tempo. É através de gestos e sinais que quer transmitir-nos a Sua graça. Tal como acontece, aliás, nos Sacramentos; é através do símbolo que se toca, que recebemos a graça que Deus nos concede, que se realiza e manifesta em nós a força salvadora do Amor.

Jesus toca o surdo-mudo, como que a transmitir-lhe, através da Sua humanidade, a força divina que salva: os seus ouvidos abrem-se e a língua solta-se. Este milagre, um dos primeiros feitos em território pagão. Jesus quer provavelmente mostrar que a salvação está ao alcance de todos os homens, não apenas do povo eleito. Para a receber, basta que cada um se abra a ela pela fé, que se deixe “abraçar” pelo amor e não tenha medo das exigências que esse amor impõe.

Ao curar aquele homem dos seus males físicos, Jesus quer dizer-nos que também o cura da surdez interior. Permite que passe a escutar, não só as palavras dos homens, mas a Palavra de Deus; que possa, dali em diante, estabelecer diálogo com os seus semelhantes, mas sobretudo que seja capaz de “dialogar” com Deus, de falar com Ele, de coração aberto, feliz e confiante, como um filho fala com seu Pai.

Quantas vezes também nós precisamos que os nossos ouvidos se abram e a nossa língua se solte… Talvez tenhamos os ouvidos bem abertos às vozes deste mundo que oferecem o poder ou o dinheiro, que apelam ao egoísmo e à vaidade. Mas tê-los-emos igualmente abertos à Palavra de Deus? Conseguiremos ao menos ouvi-l’O quando nos fala através dos homens e dos acontecimentos? E usaremos sempre a nossa língua para O louvar e anunciar?

Para dar testemunho da Verdade, Jesus não precisa de surdos ou de mudos. Mas de homens e mulheres livres que saibam escutar com o coração e O anunciem sem medo, a uma geração que tantas vezes parece tê-l’O esquecido.

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