A devoção ao Imaculado Coração de Maria teve grande desenvolvimento no século passado, graças às aparições de Fátima. Ela encontra as suas raízes nas citações evangélicas e de modo especial no momento da anunciação em que Maria escuta a saudação do Anjo: Avé, cheia de graça… Nesta memória de Nossa Senhora – O Imaculado Coração de Maria – está presente a nossa vocação cristã no desejo de que o coração de cada um se afeiçoe cada vez mais ao Coração de Maria.
Um Coração em comunhão com Deus
O Coração de Maria, um coração singular, imaculado na Imaculada Conceição, pronto a seguir a própria vocação, todo entregue a Deus, na resposta da Anunciação, um coração que escuta e faz silêncio para poder conhecer melhor a vontade de Deus. Em Fátima a celestial aparição pede «reparação das injúrias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria». No Evangelho que acabamos de ouvir manifesta a preocupação na procura de Jesus que tinha ficado no templo: Teu pai e eu andávamos aflitos à Tua procura.
É a partir do Evangelho que podemos ver no Coração de Maria o modelo de vida em união com Deus, a capacidade de escuta para acolher a mensagem do céu, o alerta à juventude para orientar a vida na busca do encontro pessoal com Jesus. Quando o Anjo A saudou dirigia-se a um coração jovem entregue à oração, no encontro filial com Deus, preparado para a escuta, preocupado pela salvação da humanidade, pronto a servir, fiel às leis da autoridade, encantado com o mistério que viria a revelar-se em Belém. É também um coração que sofre na fuga apressada para o Egipto, na vida do exílio e nas dúvidas do regresso. Coração perseverante, disposto a vencer todos os obstáculos. Coração aberto ao mundo no início da vida pública do Filho Jesus. Coração amargurado na Paixão, glorioso na Ressurreição.
Coração maternal que acompanha os Apóstolos na vinda do Espírito Santo e está presente na vida nascente da Igreja.
Tudo isto foi Maria porque acolhe Jesus na fé quando acolhe o Verbo Encarnado no seu seio virginal. Templo e morada do Espírito Santo, é também sacrário do Filho de Deus feito homem.
Coração doado à humanidade
Só porque foi tão unido a Deus se podia fazer tão dedicado à humanidade.
Para nós, presentes nesta assembleia eucarística, é um forte modelo de fé. É estímulo de apostolado e caminho de salvação. Aproxima as almas, purifica o ambiente, é motivo permanente de evangelização, suscita a oração dos fiéis. O Coração de Maria é esperança da Igreja, fomenta as vocações ao sacerdócio e vida consagrada, estreita a unidade das famílias, é presença salutar em momentos de angústia e sofrimento.
O Coração de Cristo é fonte de santidade, o Coração de Maria conduz a Cristo para que n’Ele todos sejam santos. Maria deu Cristo ao mundo. Ela continua a conduzir o mundo a Cristo pela devoção ao seu Imaculado Coração.
No Coração de Cristo, abismo de todas as virtudes, está o Coração de Maria a interceder para os homens um coração puro, terno, justo, piedoso, magnânimo, caritativo. O Coração humano encerra o que de mais real e profundo existe em cada pessoa. Seja o Coração de Maria a modelar o coração dos homens para que sejam santos, pacíficos, em busca da humanidade renovada e feliz. A felicidade que o homem procura está neste tesouro de amor. Aqui se encontra a fonte das graças que em vão os poderosos do mundo procuram sem Deus, sem Maria.
O Papa num dos últimos documentos refere o Apocalipse: «um grande sinal no céu, a mulher revestida de sol», símbolo da Igreja, e acrescenta. «Maria, de facto presente na Igreja como Mãe do Redentor, participa maternalmente naquele duro combate contra o poder das trevas…». «Por isso toda a Igreja tem os olhos postos em Maria» – (A Igreja na Europa n. 123. 124).