31 de janeiro de 2016 – 4º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A celebração da missa dominical é a expressão festiva de uma assembleia que exprime a sua fé em Cristo e na Igreja. Chegar a horas, ter consciência da presença de Deus, responder em voz alta ao diálogo do presidente, estar atento à Palavra de Deus proclamada nas leituras e na homilia, participar nos cânticos da assembleia, vibrar com o mistério, dar o gesto da paz com sentido religioso e compreensivo são componentes indispensáveis para que haja uma boa celebração. Vamos procurar ter isto bem presente.

A caridade não acaba nunca

Na segunda leitura temos um verdadeiro hino à caridade. Aí São Paulo canta a beleza e as características da caridade bem como a sua excelência no conjunto das virtudes teologais e morais. Ela é paciente, amável, compreensiva. Ela gera a paz para vencer a violência; o sorriso e o perdão para esquecer as injúrias; a paciência perante as incompreensões e os desvarios. A caridade transforma a vida.

A caridade é a maior das virtudes (I Cor. 13, 13). Ela faz os santos. A caridade para com o próximo é uma derivação da caridade para com Deus. O amor de Deus e do próximo são inseparáveis porque são manifestação da mesma caridade. Ela descobre no próximo um filho de Deus, um irmão de Jesus Cristo. Esta é a máxima norma e tudo deve tender para ela. Praticá-la é revelar aos homens o rosto de Deus.

Se não tiver caridade nada sou (I Cor. 13, 12). Sem ela as outras virtudes ficam mortas. O mais belo corpo sem alma será cadáver exânime; também se não praticarmos a caridade, se não formos fecundados pelo amor de Deus, a transbordar em amor aos homens, não passamos de cadáveres ambulantes.

A caridade não acaba nunca (I Cor. 13, 8). Permanece para sempre. A fé há-de converter-se em visão beatífica nos esplendores da luz perpétua. A esperança tornar-se-á em posse da vida eterna: estaremos sempre com o Senhor (I Tess. 6, 17). A caridade, essa não acaba nunca, é imortal, como a alma, como a própria Divindade. Deus é caridade (I Jo. 4, 16). O homem caridoso é homem divinizado, é santo.

Educar para o amor

Ninguém nasce ensinado, diz o ditado. Temos de nos educar, aprender tudo aquilo que é indispensável para viver em sociedade, para levar uma vida condigna. Também precisamos de ser educados para o amor, para a caridade, como aliás para as demais virtudes. E não apenas para a caridade visível, concretizada na prática das 14 obras de misericórdia, mas ainda para a invisível, aquela que se exerce pela oração, pela mortificação, pelo sofrimento, pelo silêncio. Isto implica esforço, trabalho da nossa parte cooperando fiel e generosamente com a graça que Deus nos oferece; e com a ajuda dos pais, dos catequistas, dos professores e demais educadores.

O fracasso das nossas relações interpessoais, o carácter fútil e passageiro dos nossos encontros, a multiplicação de divórcios e rupturas, tudo isso manifesta a falta de preparação das pessoas para viverem o essencial, o amor de que nos fala São Paulo, confundindo os instintos e as paixões espontâneas com a experiência do amor. A banalização do amor significa a sua perversão. Há que contrariar as falsas concepções do amor, a idolatria do sexo e as falsas concepções da felicidade. Claro que, para o homem carnal, o amor autêntico é uma loucura que ele não compreende.

Quando a Igreja lembra a verdade a este respeito não o faz, como alguns pensam, pela mania de se meter na vida das pessoas ou, pior ainda, pela sua tendência para ser desmancha-prazeres. O prazer também foi criado por Deus. Mas acima do prazer está o amor que lhe serve de base e lhe garante a plenitude. O que a Igreja condena é o prazer sem amor, porque isso redunda sempre em frustração, egoísmo, desencanto e muitos outros traumas que não deixam as pessoas serem verdadeiramente felizes.

É este o sentido da castidade. A castidade é a verdade do amor. É preciso afirmá-lo sem rodeios e buscar formas de educar o amor, sem demagogias nem cedências ilusórias.

Cristo nem sempre foi compreendido

Veio para o que era seu e os seus não o receberam (Jo. 1, 11). Quer dizer não O aceitaram, não O compreenderam. Os evangelistas não deixam de frisar isto mesmo até por parte de alguns conhecidos e familiares (Mc. 3, 21). O trecho que acabamos de ouvir o comprova. Jesus veio a Nazaré onde tinha sido criado, falou ao povo na sinagoga, mas a certa altura todos se encheram de ira contra Ele a ponto de o quererem linchar. Não O compreenderam. Mas Jesus, passando por meio deles, seguiu o seu caminho.

O mesmo acontece com a Igreja. Prolongamento de Cristo para levar a sua mensagem a todos os ambientes, depara com uma sociedade marcada pelo sucesso e pela busca do prazer. A mentalidade atual não compreende o discurso da Igreja. Vê-se tudo pelo prisma do dinheiro, do prazer e da promoção social. Assim é difícil apresentar os valores da moral cristã que vão contra o materialismo e o comodismo a que as pessoas se acomodam.

E nós? Por vezes, talvez nos sintamos entusiasmados com umas coisas que ouvimos, com uma palavra ou gesto do Papa, com uma homilia ou uma leitura que fizemos. Mas depois, com a rotina, a preguiça, o meio ambiente, o peso dos cuidados e dos prazeres da vida, esmorecemos. Esquecemos tudo e não fazemos qualquer esforço para as levar à prática. Como os discípulos de Emaús (Lc. 24, 29) peçamos ao Senhor que fique connosco e Ele dar-se-nos-á a conhecer na «fração do pão». Na Eucaristia Jesus será, para cada um de nós, fonte de caridade, de comunhão com Ele e com todos os homens.

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