31 de agosto de 2025 -22º Domingo do Tempo Comum – Ano C | É possível experimentar a alegria de Deus

Estamos numa casa de campo da alta burguesia de uma grande cidade do terceiro mundo, uma daquelas metrópoles onde a miséria é acompanhada pelo desperdício mais descarado.
No final da festa pelo vigésimo aniversário da filha – estudante universitária brilhante – os pais ordenam aos dois empregados domésticos que arrumem a sala.
Eis a surpresa: nas mesas está ainda uma enorme quantidade de carne, arroz, batatas fritas, pasteis de bacalhau, tortas, bolinhos.
Que fazemos com tudo isto? – pergunta embaraçado o marido. A esposa, que está a levar para a cozinha um tabuleiro cheio de copos para lavar, pára um instante, surpreendida, e depois, como quem se dá conta com atraso do erro cometido, diz: -Convidámos as pessoas erradas: gente que não tinha fome.
Temos medo de deixar que se aproxime de nós quem tem fome, tememos que nos possa empobrecer. E, no entanto, a festa da nossa vida poderia concluir-se com uma desilusão: encontramo-nos ainda com aqueles bens que o Senhor nos tinha dado para que com eles pudéssemos «matar a fome» aos seus pobres.
«Felizes os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro!» exclama o anjo do Apocalipse. Mas naquela festa só poderá participar quem se privou de tudo para o dar a quem tinha fome.
Quando as pessoas fazem um favor, pensam logo na contra-partida; quase por instinto calculam as vantagens que daí possam tirar. Esta lógica é bem ilustrada pela recomendação de Esíodo: «Convida para a tua mesa quem te ama e deixa estar o inimigo. Ama quem te ama; vai a quem vem ter contigo. Dá a quem te dá, não dês a quem não dá».
Jesus pede ao discípulo para amar gratuitamente, para fazer o bem. Recomenda que acolha em casa aquelas pessoas que não podem dar nada em troca. A recompensa será dada por Deus no céu.
Esta afirmação precisa de um esclarecimento. O convite a ajudar o pobre, pensando na riqueza que assim se acumula no céu, pode ainda ser um comportamento egoísta. É um servir-se do pobre para «transferir os próprios capitais para o Paraíso». Esta amor é antipático, e manhoso.
O pobre deve ser amado porque é amável, não por compaixão ou assumindo uma atitude de orgulhosa superioridade (talvez até mesmo só espiritual). Sem dúvida que não é fácil descobrir qualquer coisa de simpático, de atraente num inimigo, num malfeitor. Os olhos humanos nunca conseguiriam descobrir nada de amável nestas pessoas se a palavra do Senhor não purificasse os olhares, não curasse a cegueira. É Jesus que nos leva a entender que, Deus ama cada pessoa, isso significa que nela há sempre algo maravilhoso.
Qual será a recompensa?
Quem ama tendo apenas por objetivo o bem do irmão torna-se semelhante ao Pai que está nos céus, faz a experiência da sua mesma alegria.
A felicidade de Deus está toda aqui: em amar gratuitamente. Realiza-se a promessa de Jesus: «Será grande a vossa recompensa: sereis filhos do Altíssimo». Não se pode querer mais.

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